Conheça as tradições do ‘Dia de Los Muertos’

Saiba mais sobre a celebração cultural de origem mexicana

por Maria Eduarda Veloso ter, 01/11/2022 - 18:10
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No dia 2 de novembro é celebrado o Dia de Finados no Brasil. Em outros países da América Latina é chamado de “Dia de Los Muertos” e, ao contrário do que o senso comum imagina, é uma data sobre a morte de um ponto de vista festivo e alegre, mesclando tradições da cultura indígena e Igreja Católica.

Na cultura indígena destes países existia a tradição de conservar os crânios dos cadáveres como troféus, os quais eram exibidos durante rituais que simbolizavam a morte e o renascimento. As festividades de outono homenageavam os mortos e os convidavam para o mundo dos vivos, alguns organizavam festas para guiar os mortos para o caminho de Mictlán, o submundo da mitologia mexicana.

Após a colonização espanhola, a tradição indigena coincidiu com a católica, o Dia de Finados e o Dia de Todos os Santos, em 1 e 2 de novembro, respectivamente. Atualmente, o Dia de Los Muertos é o resultado da combinação das duas culturas.

A celebração começa no dia 28 de outubro, a partir desta data, cada dia é dedicado a um tipo de morte, por exemplo; mortes por acidente ou de crianças que morreram antes de serem batizadas. Já o 1° de novembro é o Dia de Todos os Santos, em honra aqueles que levaram uma vida virtuosa, principalmente crianças. No Dia de Finados, em 2 novembro, é feita uma oração por todas as almas que ainda não receberam acesso ao “Paraíso”. Segundo a tradição, as almas podem voltar do “Além” por algumas horas e visitar seus familiares.

México 

No país, o Dia de Los Muertos é em 31 de outubro e o Dia dos Santos em 1 de novembro. Um dos rituais mais conhecidos do país é o desfile na capital, a Cidade do México. As tradições para honrar e lembrar dos entes queridos vão desde a confecção de altares até a exumação e lavagem de ossos. As lápides são cobertas com flores alaranjadas. Algumas famílias cantam para aqueles que não estão, espalham pétalas de flores, velas e oferendas desde casa até cemitério, para, de acordo com tradição, facilitar o retorno das almas à Terra.

Em outros lugares do país, como o estado de Morelos, as pessoas abrem a porta de suas casas para quem quiser ver o altar. Também oferecem aos visitantes a receita tradicional de  “Pan de Muerto”, um pão doce decorado; e “atole”, uma bebida quente de milho.

ALTAR DE MUERTOS

Entre 1 e 2 de novembro, acontece o ritual dos altares de mortos, com flores e alimentos. Eles podem ter dois, três ou sete níveis. O primeiro representa o céu e a terra, o segundo, o purgatório. No mais completo, a imagem de um santo; as almas do purgatório; pan de muerto; sal para purificar, fotos e as comidas favoritas do falecido; uma cruz feita de sementes ou fruta e uma toalha de mesa branca. Em algumas ocasiões, são colocados objetos pessoais do falecido, mesmo cigarros ou licor. Para as crianças, doces ou algum brinquedo. Além disso, objetos que representem o quatro elementos da natureza são fundamentais:

Água: A fonte da vida. Normalmente é representada com um vaso cheio. Segundo o ritual, ela é necessária para saciar a sede do defunto depois de sua longa viagem;

Terra: Frutos de comer. milho, abóbora, grão de bico e feijões;

Ar: É representado por papel picado, que quando se mexe anuncia a chegada dos mortos. Traz alegria e cor para a oferenda; 

Fogo: É representado pelas velas, que significam fé, esperança e iluminam o caminho das almas;

Flores: A mais comum é a “cempasúchil”, também chamada de calêndula mexicana ou “rojão”. Ela serve para mostrar o caminho até o altar, pela cor igual ao sol e o aroma forte. A flor de terciopelo ou “Celosia cristata” também é usada, sua cor vai desde o vermelho até o roxo. A flor branca é usada quando se trata da morte de uma criança;

Há outros objetos que vão de acordo com a tradição ou religião da família:

Caveiras: Podem ser de açúcar, chocolate, amaranto ou barro. Lembram que a morte é parte da vida e todos são mortais.

Arcos: São feitos com flores de cempasúchil ou frutas para representar a passagem entre o mundo dos mortos e o mundo dos vivos.

PAN DE MUERTO

Uma importante tradição mexicana da celebração do Dia de Los Muertos. O pan de muerto (pão de morto) é colocado no altar como oferenda, além de ser um dos alimentos consumidos durante o mês de outubro. É redondo, a massa é modelada na forma de ossos e um círculo. A textura é semelhante a um pão “chalá” ou trançado. Geralmente é polvilhado com açúcar ou outro tipo de cobertura. A origem do pan de muerto vem da cultura asteca - onde eram utilizados diferentes tipos de pães como oferenda.  

LA CATRINA

O personagem da caveira sorridente. É a figura da “dama da morte” no México e se converteu em um ícone da cultura do país. “La Catrina” apareceu pela primeira vez no mural “Sueño de una tarde dominical en la Alameda Central”,  do pintor mexicano Diego Rivera (1886 - 1957), o esqueleto veste trajes da era vitoriana, além de um chapéu e um cachecol de plumas.

De acordo com cartunista mexicano, José Guadalupe Posada (1852 - 1913), a personagem é uma caricatura dos vendedores de grão de bico, que adotaram um estilo de vida europeu e negavam suas raízes indígenas. 

CALAVERITAS LITERARIAS

É uma tradição mexicana de textos curtos, que retratam a realidade de uma situação, pessoa ou país com estilo irreverente. O objetivo é fazer uma caricatura da morte. A caveira literária é escrita em forma de versos e rimas, com tom de ironia e comédia, descrevendo as atitudes da pessoa na qual ela é dedicada. É comum que familiares e amigos compartilhem entre si. A principal característica é fazer referência de que a morte é inevitável com humor, amor, doçura ou carinho.

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