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De origem pagã, quando o Deus Sol era celebrado no solstício de inverno, o Natal foi ressignificado no séc. III pelo imperador cristão Constantino e se tornou uma das comemorações mais populares do mundo. Embora seja natural para nós, as tradições de armar o presépio e encher a árvore com enfeites não é unanimidade no mundo.

A diversidade religiosa explica por que a festa do nascimento de Jesus não é comemorada em vários países. As tradições natalinas não costumam ser incentivadas onde o cristianismo não é adotado como religião principal, sendo restrita em hotéis ou nas casas de estrangeiros estrangeiros.

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Em Israel, berço do judaísmo, a principal comemoração de fim de ano é o Hanukah, equivalente à festa das luzes do povo hebraico. A data lembra o calvário dos judeus pelo direito ao credo monoteísta e a vitória sobre os gregos há mais de dois mil anos. Apesar de reconhecer a existência de Jesus, não há nenhuma relação de divindade.

Em países como Tailândia, Vietnã, China, Tibet, Camboja, Coreia do Sul, Butão, Burma, Hong Kong, Japão, Mongólia, Cingapura, Sri Lanka, o Budismo é a religião principal e Jesus é considerado um “Bodhisattva”. A definição é dada aos seres espiritualizados, de elevada sabedoria e que se sacrificaram em prol dos demais seres. Para os budistas, a festa mais importante é a Visakha Bucha, celebrada normalmente em maio, quando é exaltado o nascimento, a iluminação e a morte de Buda.

Nos países de origem Islâmica, Jesus é respeitado, mas perde protagonismo para Maomé. Apesar de ser reconhecido como um dos cinco profetas enviados por Deus, ele não possui data especial. No Irã, Indonésia, Paquistão, Bangladesh, Turquia, Egito, Somália, Nigéria, Líbia e Brunei, as principais festas religiosas são o Eid wl-Fitr, logo após o jejum do Ramadã, e o Eid al-Adha, também conhecido como a Grande Festa ou Festa do Sacrifício, que sucede a peregrinação à Meca, onde os adeptos visitam o templo em homenagem à obediência do Profeta Abraão a Deus.

A cultura Hindu, que reúne a maioria dos fiéis na Índia, tem as festas relacionadas à energia Divina e mudam conforme a região do país. As principais são Durga Puja, o Dasara, o Ganesh Puja, o Rama Navami, o Krishna Janmashtami, o Diwali, o Holi e o Baishakhi. No Japão, berço do Xintoísmo, o 25 de dezembro não vai muito além de uma data comercial, semelhante ao Dia dos Namorados.

A religião taoísta, natural da China, tem inúmeras datas em que se comemoram o nascimento de grandes mestres ou seus feitos. Sem se prender ao 25 de dezembro, os chineses também possuem um Ano Novo diferente do mundo ocidental. A data regida pela Lula Nova é a mais celebrada do país e ocorre entre o fim de janeiro e o fim de fevereiro.

Fora do aspecto religioso, na Coreia do Norte é proibido comemorar o Natal por determinação do líder supremo Kim Jong-un. Qualquer ajuntamento que envolva entretenimento ou bebida alcoólica é barrado no país. Em 2011 ocorreu mais um episódio do conflito diplomático com a Coreia do Sul porque os vizinhos colocaram uma árvore de Natal na fronteira. 

 

Atual ministro da Justiça, Flávio Dino conta os dias para ser oficialmente nomeado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Após a semana agitada com sabatina no Senado, marcada pela votação apertada que lhe garantiu a vaga de Rosa Weber, ele se apoiou na fé para agradecer pela aprovação na Corte.

Com a segundo placar mais apertado da história, atrás apenas do indicado de Jair Bolsonaro, o ministro André Mendonça, Dino obteve 31 votos contrários e 47 favoráveis do Senado. Ele desabafou em seu perfil nas redes sociais em um publicação ao lado de líderes religiosos, dentre eles, o padre Júlio Lancellotti.

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"Nesta semana tão intensa, difícil e vitoriosa, quero agradecer aos meus irmãos e irmãs de #Fé. Suas orações fraternas me trouxeram ânimo, coragem e proteção", agradeceu o segundo ministro do STF indicado pelo presidente Lula em 2023.

A cerimônia de posse deve ocorrer no fim de fevereiro.

A segunda edição do Encontro de Juremeiros e Juremeiras, evento que promove o respeito à religião e à cultura popular, acontece neste domingo (19), em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife (RMR). O evento também fará arrecadação de alimentos não-perecíveis, que serão doados aos povos de terreiro. 

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Encontro celebra a cultura dos povos de terreiro. Foto: Divulgação/Ascom 

Segundo Mãe Nane Camará, uma das pessoas à frente da organização do encontro, o evento, criado em 2021, é coordenado pelo Grupo Umbandista Pena Branca, junto com o coletivo Jurema Pernambuco, e conta com a participação de zeladores da cultura de terreiro. “Queremos abrir portas de entendimento e conhecimento sobre o culto à Jurema Sagrada para todos, bem como construir alicerces, com vez e voz para nossa comunidade”, destacou. 

Foto: Divulgação/Ascom

A agenda do encontro se estende pela tarde, com atrações culturais, gira de Jurema, feira cultural, sorteios e palestras. Também haverá homenagens a nomes importantes da Jurema Sagrada. Para participar, basta levar consigo 1 kg de alimento não-perecível. A arrecadação será convertida para ajudar famílias em situação de vulnerabilidade social. A organização do evento tem como objetivo doar mais de 100 kg de alimentos. 

SERVIÇO 

II Encontro de Juremeiros e Juremeiras  

Data: 19 de novembro de 2023 (domingo)  

Horário: 14 horas  

Entrada: 1kg de alimento não perecível  

Local: Flamengo Atlético Clube, Av. Dr. Pedro Augusto Correia de Araújo, 282, São Lourenço da Mata, Pernambuco  

Mais informações: (81) 9 8773-6417 (Mãe Nane Camará) 

 

O Dia Nacional da Umbanda será comemorado neste 15 de novembro, mas existe uma questão forte a enfrentar. A intolerância religiosa é uma preocupação entre seus seguidores. O pai Fernando D’Oxum, da Tenda Espírita São Lázaro, do bairro Pita, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, disse que nos anos 1980 houve uma expansão da religião no Brasil, mas a partir daí ocorreu um "grande processo negativo por parte de integrantes de algumas igrejas pentecostais, que começaram a demonizar esta religião".

Segundo o babalorixá, dos anos 2000 para cá, a religião afro-brasileira vem ressurgindo. “Até por causa de uma escola muito poderosa, que é a escola paulista que nos ajudou muito na divulgação do culto no Brasil, e hoje está espalhada no país todo, com grande força em São Paulo, Rio de Janeiro e não posso tirar a grande força também que é a do Rio Grande do Sul”, afirmou.

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A preocupação é dividida com o pai Wilker Jorge Leite Filho, do Templo Umbandista Estrela do Amanhã (Tueda), de Bangu, na zona oeste do Rio, para quem a intolerância atualmente não ocorre mais de uma forma velada. “Isso existe, e acho que vai existir sempre. Se estamos em um planeta de prova e expiação, se estamos ainda crescendo aqui no planeta Terra, ainda tem uma mistura muito grande de espíritos com entendimento, espíritos sem entendimento, então, essa ignorância ainda vai existir por muito tempo”, ressaltou.

Ocorrências

Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro indicam que, em 2021, houve 33 ocorrências de ultraje a culto religioso em todo o estado do Rio de Janeiro. Em relação a 2020, representa um aumento de 10 casos.

Naquele ano, as delegacias da Secretaria de Estado de Polícia Civil fizeram 1.564 registros de ocorrência de crimes que podem estar relacionados à intolerância religiosa, o que significa mais de quatro casos por dia. No total, estão incluídos os casos de injúria por preconceito (1.365 vítimas); e preconceito de raça, cor, religião, etnia e procedência nacional (166).

De acordo com o instituto, a injúria por preconceito “é o ato de discriminar um indivíduo em razão da raça, cor, etnia, religião ou origem. Já o preconceito de raça, cor, religião, etnia e procedência nacional tem por objetivo a inferiorização de todo um grupo étnico-racial e atinge a dignidade humana”.

“A tipificação criminal é determinada pela ridicularização pública, impedimento ou perturbação de cerimônia religiosa”, destacou o ISP, que tem o objetivo de mostrar para a sociedade que intolerância religiosa é crime e tem que ser denunciada.

Tendas

Outra dificuldade desta religião é saber quantas tendas e casas de santo existem no Brasil. Pai Fernando D’Oxum disse que não tem a informação de quantas estão instaladas no país, mas, atualmente, em São Gonçalo são cerca de 400. O líder espiritual defendeu a realização de uma pesquisa que possa identificar a localização das casas de santo e qual é a população de povos de terreiros de umbanda no país

“Seria maravilhoso se a gente conseguisse mapear, mas por conta da violência, alguns terreiros escolhem ficar absolutamente escondidos, porque têm medo de que, uma vez expostos, esses grupos neopentecostais agressivos possam ir lá e depredar o patrimônio. Tem uma discussão sobre violência a ser feita ainda”, ressaltou.

Segundo Fernando D’Oxum, é difícil verificar o número de umbandistas no Brasil. “As pessoas, em um censo, por exemplo, não dizem que são umbandistas, elas se dizem espíritas, e aí já começa uma grande confusão. Esta tem sido uma batalha nossa para que o umbandista se reconheça como umbandista e não como espírita. Fora os que no censo se dizem católicos, porque têm um acesso mais facilitado.

Para o pai Fernando D’Oxum, a Umbanda é uma religião que nasceu na cidade de São Gonçalo e foi anunciada pelo médium Zélio Fernandino de Moraes, no dia 16 de novembro de 1908, embora, na véspera, o médium tenha feito uma manifestação na cidade vizinha Niterói, data que acabou sendo marcada como Dia da Umbanda.

“É uma religião brasileira que a gente entende como 100% brasileira, com influências do povo indígena, dos hindus e de várias vertentes da religiosidade brasileira e, logicamente, do catolicismo. É uma religião que se predispõe à caridade, à prática de ajuda ao outro e que hoje está presente em quase todos os continentes. Uma religião que avançou mundo à fora”, disse pai Fernando.

Sincretismo

Na visão do babalorixá, a umbanda toma um pouco a vertente da matriz africana do candomblé quando começa a reconhecer e adaptar os orixás, que são os guias, e que chegaram com os negros do povo da áfrica no Brasil.

Além disso, tem o sincretismo, que surgiu da necessidade das pessoas escravizadas associarem um orixá a um santo da igreja católica. Foi assim que São Sebastião é Oxossi, São Jorge é Ogum, Nossa Senhora dos Navegantes e Iemanjá, Nossa Senhora da Conceição é Oxum e Santa Bárbara é Iansã, entre outros. Assim, os escravizados podiam professar a sua fé nas fazendas onde viviam.

De acordo com pai Fernando, o sincretismo vem se modificando ao longo dos anos e, atualmente, algumas casas não fazem mais altares com santos católicos. “Algumas casas de Umbanda não fazem mais sincretismo nos altares, ou seja, os santos católicos em algumas casas já não estão mais presentes nos altares.”

Por considerar São Gonçalo como o berço da umbanda, que é muito poderosa na cidade, diante dos desafios desta religião, o babalorixá propõe a criação de uma lei municipal que determine a inclusão dela no calendário oficial da cidade.

Preservação

Pensando em preservar o patrimônio histórico, a tenda espírita criou o projeto do Museu da Umbanda, que ainda não tem uma sede física, mas vem avançando desde 2009. Pai Fernando destacou que uma peça importante desse patrimônio foi perdida com a demolição da casa do médium Zélio Fernandino de Moraes, em Neves, bairro de São Gonçalo, onde a Umbanda foi anunciada em 1908. A prefeitura da época não realizou a desapropriação do imóvel.

Renovação

A Tenda Espírita São Lázaro não faz iniciação de crianças e adolescentes. Lá, somente aos 18 anos podem ser iniciados, mas antes disso, a partir dos 13 anos podem participar do grupo jovem Bala e Pimenta onde recebem informações sobre a Umbanda e a doutrina espírita.

“A missão do grupo é sempre difundir a nossa doutrina. O que a Umbanda é realmente com seus preceitos tudo que realmente prega até mesmo para nós, jovens, espalharmos no nosso meio o que é a Umbanda realmente e tirar um pouco do preconceito. O grupo é para expandir a nossa doutrina entre os jovens do nosso terreiro”, afirmou o estudante Samuel Salustiano da Costa, 17 anos, o coordenador do grupo.

“Nesse momento, de descobrir o que eu quero ser, qual o caminho que vou seguir na minha vida, a umbanda me ajuda muito nessa fase de jovem, O que a religião passa e mais me representa é a inclusão, o estender a mão a todos, o amor incondicional e a caridade”, revelou Samuel.

O contato do pai Wilker com a umbanda foi com a própria família que seguia esta religião. Com 16 anos ele começou a desenvolver a mediunidade e com 19 anos fez a coroação para babalorixá. “Sempre foi permitido a mim olhar, ter contato com outras crenças religiosas, mas eu já nasci umbandista. Sempre gostei desde pequenininho. Não me lembro com interesse em outras. Pela minha criação e o que meus pais me passaram sempre respeitei, visitei Igreja Católica, protestante por convite, mas a minha convicção sempre foi umbandista”.

Celebrações

A umbanda tem também muito a celebrar pelos seus 115 anos. Para isso, foi elaborada uma longa programação para comemorar sua participação entre as representações religiosas no Brasil.

Em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, a prefeitura, por meio da Comissão da Semana da Umbanda, criada para organizar as celebrações, preparou uma agenda que começou na segunda-feira (13) com o debate Legalização e Justiça - um caminho possível para o fim das violências contra os povos de terreiro. O evento foi realizado na Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), naquele município.

A programação tem ainda a exposição Pelos Caminhos da Umbanda, no hall principal da Câmara Municipal de São Gonçalo, promovida pelo Instituto Carta Magna da Umbanda. A ideia da mostra, que vai até amanhã (16), foi apresentar a construção da religião brasileira de matrizes africanas e indígenas, a partir de suas práticas, ritos, territórios e historicidade.

Também amanhã, às 17h, durante uma sessão solene em homenagem às lideranças da umbanda na Câmara Municipal de São Gonçalo, os homenageados receberão a medalha Zélio Fernandino de Moraes.

Na sexta-feira (17), haverá um show do cantor e compositor gonçalense Altay Veloso, no Teatro Municipal de São Gonçalo, às 19h. A apresentação vai terminar com a bateria da escola de samba Porto da Pedra. Os shows serão gratuitos e sujeitos à lotação.

Encerrando a programação da semana, no sábado (25), será o momento do Encontro dos Povos de Terreiros de São Gonçalo, das 14h às 20h, na Praça Zélio Fernandino de Moraes, Marco Zero da Umbanda, no bairro de Neves. Lá, as homenagens serão dirigidas a lideranças religiosas, com o Banda com Banda, cerimônia de hasteamento da bandeira da umbanda e uma feira de artesanato e gastronomia.

As ruas do Recife foram ocupadas, nesta quarta-feira (1º), por nações e terreiros de religiões de matriz africana para a celebração sagrada da 17ª Caminha de Terreiros de Pernambuco. O evento, que acontece em todo início de novembro, marca a abertura do mês da consciência negra, e levanta como tema principal a luta contra a discriminação religiosa e o racismo. A concentração acontece na Avenida Alfredo Lisboa, no Marco Zero, localizado no bairro do Recife, e a caminhada segue até o Pátio de São Pedro, no bairro de São José, também no centro da cidade, onde é celebrada a Jurema, tradição religiosa que faz parte de várias religiões afroameríndias do nordeste brasileiro. 

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A caminhada chega na sua 17ª edição contando com o apoio dos poderes executivo e legislativo, e levando uma multidão de fiéis às ruas, como explica o coordenador de cerimonial, Demir da Hora. “[A celebração serve para] abrir o mês da consciência negra, e sempre naquela luta contra o racismo, contra a intolerância religiosa, e dando mais atenção à cultura afro em geral, à religiosidade afro. A gente vive em um país laico onde a cultura negra é a mais escanteada, por causa de preconceito, discriminação, e a caminha de terreiro veio justamente pra isso, para abrir espaço com a cultura afro, com a religiosidade afro. Você vê um mar de gente de branco passeando pela cidade do Recife, essa é a marca principal da caminhada de terreiros, para mostrar a força que tem a religião afro-brasileira", comenta da Hora. 

Demir da Hora. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

O trajeto tradicional da caminhada perpassa ruas importantes do centro da cidade, mesmo havendo alguns bloqueios atuais determinados pela Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), devido às obras na ponte 12 de setembro, conhecida como Ponte Giratória. A caminhada, no entanto, deverá passar pelas avenidas Guararapes e Dantas Barreto, no bairro de Santo Antônio, para terminar no Pátio de São Pedro. 

Dedicação e fé na caminhada 

Há 17 anos que a Caminhada de Terreiros de Pernambuco é coordenada por Mãe Elza de Yemanjá, que é a responsável pela articulação e realização das celebrações no Recife, concentrando terreiros e nações de maracatu de todo o estado. “Nós vamos hoje comemorar as datas votivas exatamente a questão antirracista. A caminha é isso, é combater racismo, é trazer cultura de paz, é falar com outros credos. Muita gente envolvida, os budistas, os batistas, os Fé Bahá'í, os espíritas, candomblé, Jurema e Umbanda, as religiões estão todas muito ‘linkadas’ a esse combate. Existe um fórum, chamado Diálogos, que traz esse recorte de viabilizar políticas públicas que combatam realmente o racismo, que tragam recortes pra população negra e de terreiro. A caminha é esse misto de emoção”, comentou. 

Mãe Elza de Yeamanjá. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

Ela contou a origem da caminhada, e de onde veio a necessidade de reafirmar as religiões de matriz africana na cidade. “A prefeitura [do Recife] tinha esse movimento com a igualdade racial, os governos tinham, e falaram aos terreiros da necessidade de celebrar religiosamente a questão da abertura do mês da consciência negra. E aí, nós estávamos na reunião, e eles perguntaram ‘como a gente faria isso?’, e eu disse ‘por que não ir às ruas? Por que não fazer uma caminhada?’. E aí a ideia pegou todo mundo, congelou todo mundo. Hoje nós temos um decreto, uma lei, que diz que a gente celebra o mês da consciência negra, ou seja, os terreiros celebram, sempre com um tema primordial, que é contra o racismo e contra a discriminação religiosa”, relatou a Ialorixá. 

Conquistas das religiões 

Mãe Elza ainda falou das conquistas alcançadas pelas religiões de matrizes africanas por meio de leis e estatutos criados e sancionados pelo governo do estado. “Estamos esperando essa política começar a compreender todo o entorno. Muito importante que agora temos o estatuto de igualdade racial no estado, sancionado por Raquel Lyra (PSDB). E é isso, é batalhar, correr atrás das políticas voltadas à população de terreiro”, afirmou. 

Caminhada tomou as ruas do Recife. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

A caminhada concentra cerca de 40 a 45 mil pessoas, com a participação de milhares de terreiros de todo o estado. “A cada ano se compreende melhor o processo. É importante frisar que estamos falando de racismo, e os terreiros desacreditaram no governo. Então esses terreiros se fecharam em copas, até compreender que de fato é preciso estar na rua, reclamando seus direitos, para poderem ser ouvidos pelos governos. Agora eles estão chegando mais, se aproximando mais”, disse Mãe Elza. 

A passeata reúne representações de terreiros de Caruaru, Petrolina, Gravatá, Goiana, Limoeiro, Carpina, Catende, além dos municípios da Região Metropolitana do Recife. 

Homenageados 

A cerimônia de início da caminhada contou ainda com homenagens feitas a personalidades de terreiros e de outros poderes, como o judiciário, além de políticos que estão à frente dos debates pela causa racial no legislativo. Estiveram presentes na celebração as deputadas estaduais Dani Portela (PSOL), Rosa Amorim (PT), e o deputado estadual João Paulo (PT). 

Dani Portela (PSOL). Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

São 11 pessoas homenageadas, entre elas três pessoas de terreiro que foram escolhidos no momento da cerimônia. Ainda foram nomeados: o advogado Évio Silva Junior; o senador Humberto Costa (PT-PE); duas juízas, entre elas Luciana Maranhão; o deputado federal Carlos Veras (PT-PE); o professor da Universidade Federal de Pernambuco, Carlos Tomas; Fábio Sotero, da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (AMANPE); entre outros. 

 

As mulheres iranianas poderão assistir aos jogos de futebol masculino, após uma proibição de 40 anos, anunciou o presidente da Federação Iraniana de Futebol neste domingo.

"Uma das principais características desta temporada é que as mulheres poderão entrar nos estádios", declarou Mehdi Taj durante uma cerimônia de sorteio de jogos transmitida ao vivo. O campeonato masculino, do qual 16 equipes participam, deve começar em agosto.

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A república islâmica proíbe o acesso de mulheres aos jogos de futebol masculino há mais de 40 anos, com algumas exceções. Os religiosos, que têm um papel-chave nas decisões tomadas no Irã, consideram que as mulheres devem evitar estar em um ambiente masculino e ver homens usando roupas esportivas, como shorts.

Taj especificou que alguns estádios nas cidades de Isfahan, Kerman (centro) e Ahvaz (oeste) estão "prontos" para receber mulheres durante os jogos. Nenhum estádio em Teerã, capital do país, foi mencionado.

Em agosto de 2022, as mulheres foram autorizadas, excepcionalmente, a assistir a um jogo do campeonato de futebol em Teerã. E em outubro de 2019, cerca de 4.000 mulheres iranianas puderam assistir ao jogo de classificação do Irã para a Copa do Mundo de 2022, contra o Camboja, no Estádio Azadi, em Teerã, pela primeira vez desde a revolução de 1979.

O Irã enfrenta uma pressão crescente para permitir a entrada de mulheres nos jogos, após a morte, em 2019, da torcedora Sahar Khodayari, que se imolou por medo de ser presa depois de tentar assistir a um jogo disfarçada de homem.

As escolas são a base educacional da sociedade, desde as fases iniciais aos últimos anos do ensino médio. Além dos conteúdos concretos, as instituições de ensino básico também incentivam o pensamento crítico e a reflexão sobre a realidade.

Em alguns momentos, essa reflexão é feita por uma perspectiva religiosa, por meio da disciplina de ensino religioso.

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O tema faz parte da grade escolar da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como uma matéria facultativa, apesar de estar presente em boa parte das instituições de ensino. A forma de lecionar a disciplina pode ser feita de duas maneiras: através de um viés laico ou focado em uma única crença.

O Brasil, um país majoritariamente religioso e cristão, possui milhares de escolas confessionais, ou seja, aquelas que têm uma religião declarada e desenvolvem seus fundamentos durante suas aulas.

Segundo a Prospecta Educacional, em uma pesquisa de agosto de 2020, o país tem  mais de mil unidades escolares que são evangélicas. Já na página de associados da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC), estão presentes 901 mil escolas e 117 instituições de ensino superior católicas em 900 municípios brasileiros.

Desde 1890, o Brasil é declarado um país laico e tomou a responsabilidade de separar o Estado da religião para garantir que toda fé tenha direito de existir no país. Ao trazer o conceito religioso para dentro de salas de aulas, para crianças em diferentes fases de crescimento, um questionamento pode surgir: qual deve ser a metodologia utilizada?

Ensino religioso na história

Colonizados por um país católico, nativos e escravizados trazidos para o Brasil tiveram que enfrentar uma catequização para apresentar a religião cristã e seus fundamentos. Durante muito tempo na história do Brasil, a religião e o ensino religioso esteveram presentes com um único objetivo: catequizar e proferir ideais de uma religião específica, neste caso, a cristã.

A proposta de Estado Laico surgiu pela Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (1891), mas foi oficialmente estabelecida na Constituição Federal de 1988 que tornou o ensino religioso uma matéria facultativa nas escolas, ou seja, opcional, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

Confessional x interconfessional

O ensino confessional é voltado para os ensinamentos de uma determinada religião, realidade mais presente nas escolas particulares. Já o ensino interconfessional visa passar informações de mais de um grupo religioso, englobando maiores diferenças e crenças em seu ensino.

A LDB vigente até os dias atuais é a de 1997, que proíbe qualquer tentativa de converter estudantes dentro de sala de aula. Ela foi base para a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em que o ensino religioso aparece como uma área específica do conhecimento, com determinações de ensino e formação.

Hoje, o ensino religioso já é reconhecido como uma das cinco áreas de conhecimento do ensino fundamental de nove anos, segundo a Resolução CNE/CEB n.º 04/2010 e Resolução CNE/CEB n.º 07/2010. A disciplina, em teoria, visa transmitir a variedade de fundamentos e valores de diferentes religiões de maneira interdisciplinar e mais subjetiva que outros conteúdos.

O conteúdo segundo a teoria

A BNCC menciona que o ensino religioso tem um caráter científico e integrante das Ciências Humanas. A sua introdução no ensino fundamental I trabalha a escola como uma instituição social que mexe com a imanência e transcendência do ser humano.

“O ser humano se constrói a partir de um conjunto de relações tecidas em determinado contexto histórico-social, em um movimento ininterrupto de apropriação e produção cultural. Nesse processo, o sujeito se constitui enquanto ser de imanência (dimensão concreta, biológica) e de transcendência (dimensão subjetiva, simbólica)”, cita a BNCC.

Seguindo este pensamento, a criança começa a trabalhar e conhecer as diferentes identidades, o igual e o diferente dele. A unidade temática “Identidades e Alteridades” aparece no primeiro ao terceiro ano do fundamental e procura trabalhar as diferenças de cada pessoa, enquanto se aprende e valoriza cada uma delas.

O entendimento de símbolos, ritos, rituais, tradições, espaços e territórios sagrados é trabalhado na unidade temática “Manifestações religiosas”, no primeiro ao quarto ano e retomado no sétimo ano do fundamental. É aqui que as crenças começam a ser apresentadas com seus símbolos e significados para compreender e respeitar as várias religiões.

As “Crenças religiosas e filosofias de vida” estão presentes do quarto ao nono ano do ensino fundamental e trabalham o mito, a divindade, as doutrinas e a fé. O mito procura dar explicações para o que não se tinha explicação, e nele se encontram as divindades que juntas trabalham as doutrinas e as crenças existentes no país.

“No conjunto das crenças e doutrinas religiosas encontram-se ideias de imortalidade (ancestralidade, reencarnação, ressurreição, transmigração, entre outras), que são norteadoras do sentido da vida dos seus seguidores. Essas informações oferecem aos sujeitos referenciais tanto para a vida terrena quanto para o pós-morte, cuja finalidade é direcionar condutas individuais e sociais, por meio de códigos éticos e morais. Tais códigos, em geral, definem o que é certo ou errado, permitido ou proibido. Esses princípios éticos e morais atuam como balizadores de comportamento, tanto nos ritos como na vida social”, declara o texto da BNCC.

É assim que os alunos são apresentados à filosofia da vida e como se desenvolvem os códigos éticos de um povo, nem sempre presas a uma religião. A BNCC diz que “pessoas sem religião adotam princípios éticos e morais cuja origem decorre de fundamentos racionais, filosóficos, científicos”, que se unem à moral comum daquela sociedade.

Interessados podem conferir e ler a Base Nacional Comum Curricular referente ao ensino religioso e qual arranjo definido para as unidade temáticas e aprendizados ao longo dos nove anos de ensino fundamental clicando aqui.

O conteúdo colocado na prática

Todo conteúdo definido pela BNCC é apenas um modelo sugerido e não obrigatório. É verdade que o Brasil é um estado laico em que nenhum aluno pode sofrer proselitismo religioso, mas é difícil fugir das descendências históricas. Só no âmbito do catolicismo, existiam 2 mil escolas católicas com cerca de 2 milhões de alunos em 2018, um número que cresce cada vez mais.

A Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE-PE) declara que oferece o ensino religioso nas unidades escolares da Rede Estadual como não confessional e facultativo. Cerca de 83 professores atuam no estado lecionando a disciplina.

A SEE-PE também informou ao LeiaJá que o ensino é “baseado no respeito à diversidade cultural e religiosa do Brasil, como determina o art. 33 da LDB. As escolas são orientadas a consultar o responsável pelo estudante menor de idade, no ato de efetivação da matrícula, sobre a opção ou não pelo componente em pauta.”

A maior parte das escolas que vão além do ensino religioso e trabalham com uma educação religiosa declarada são instituições privadas e muito procuradas pelos pais.

A pedagoga Érica Viana entende que o ensino é muito polêmico por causa da diversidade étnica da população brasileira.

“O docente deve ter formação pedagógica assegurada na área de Ciências da Religião. A aula consiste em reflexões sobre os fundamentos e costumes das religiões presentes na sociedade brasileira, além de poder estender a outros territórios como religiões orientais e demais que permeiam o mundo”, defende Érica.

No entanto, a possibilidade de ensino confessional e interconfessional diferencia a abordagem de uma escola com educação religiosa e uma escola ‘laica’.

“A diferença da escola laica é que baseia-se no plano de ensino de uma corrente pedagógica. A escola confessional é uma corrente teológica, embora ambas não devem tratar da conversão de seus alunos. Os conteúdos devem explorar, de maneira interdisciplinar, com atividades de estímulo ao diálogo e respeito, e pontuar a solidariedade, amor, paciência, perdão, honestidade e justiça”, explica a pedagoga.

Érica reforça que, de modo algum, a escola pode utilizar seu papel de ensino para catequizar seus estudantes, mesmo no caso da abordagem confessional. Porém, ainda reconhece a preferência dos pais por colocar os alunos em instituições que sigam suas identidades pessoais.

“Proliferou em bairro, em escolas fundamentais, principalmente o fundamental I, que é até o quinto ano, as escolas confessionais, ou seja, que proferem uma fé. Mas termina sendo algo mais engessado que fere um pouquinho a ideia da BNCC”, afirma Viana.

“A BNCC, no fundamental II, cita o ensino religioso como uma matéria obrigatória, então ela já é mais tênue nesta questão. As escolas são mais abertas porque o Estado comporta esse nível de ensino, então elas são mais reguladas, já é mais organizado, digamos assim”, continua.

Érica finaliza seu pensamento ao citar que a responsabilidade que todas as unidades escolares precisam seguir ao ministrar o ensino religioso para seus jovens. Ir de acordo com o que é definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação e na Base Nacional Comum Curricular é de total importância pois “no mundo globalizado, se faz necessário essa abertura de entender a diversidade dos povos, de suas crenças e de sua fé.”

O ensino religioso como profissão

Wellington José da Silva é professor de ciências humanas e ministra aulas de ensino religioso há mais de 14 anos. Formado em história e pós-graduado em história da religião, o professor de 40 anos é um grande defensor da valorização do ensino religioso nas escolas.

Wellington José da Silva ministra aulas de ensino reliogoso (Foto: Mariana Ramos/LeiaJá)

“As pessoas acabam confundindo o ensino religioso com uma escola dominical, ou como se fosse uma catequese ou um crisma, né? Na verdade, as aulas de ensino religioso não trilham esses caminhos da doutrina dos ensinamentos mais específicos, mais dogmáticos, mais eclesiásticos das instituições religiosas”, relata o docente.

O professor explica que as aulas de ensino religioso são sobre a “análise do sagrado na sociedade” ao longo da história como um fenômeno social que "está presente há tempos, desde o meio paleolítico, em todas as sociedades".

“O sagrado tem uma relação intrínseca com o ser humano. Então quando a gente tá na escola e vai estudar a cultura religiosa, ensino religioso, a gente vai entender essa relação do ser humano com o sagrado na sociedade, como ele se manifesta. O sagrado é uma questão social, é uma questão que envolve uma relação do ser humano com como ele entende sua vida, como entende a pós-morte”, explica o historiador.

Ao LeiaJá, Wellington José deu maiores detalhes sobre o conteúdo que ministra em sala. Do sexto ano ao terceiro ano, o aluno experimenta o conhecimento diverso da história das religiões, seja judaísmo, islamismo, candomblé, umbanda, cristianismo, etc. São passados o surgimento de cada religião, os princípios delas, quem são seus principais líderes, como elas aparecem na sociedade, em que países predominam, entre outras informações.

“Nós vamos sempre por esse contexto histórico, social e filosófico. Nunca por um caminho doutrinário. O Colégio Maria Auxiliadora [escola em que trabalha] é uma instituição confessional, mas nós temos estudantes das mais variadas religiões possíveis, e também aqueles que não têm religião. São famílias bem plurais”, garante o professor.

Além dos valores, Wellington relembra que os conteúdos de ensino religioso também caem no vestibular. No Sistema Seriado de Avaliação (SSA) 1, 2 e 3, da Universidade de Pernambuco (UPE), há questões sobre sistema religioso, matrizes religiosas e cultura afro em Pernambuco. O Exame do Ensino Médio (Enem) também contempla o assunto desde a história antiga, idade média, a reforma e contrarreforma da idade moderna, as revoluções gloriosas.

Para ele, o ensino religioso deve estar presente em todas as escolas, como forma de conhecer e compreender a sociedade brasileira, que está tão envolvida com a religião em toda a sua história. É a partir deste conhecimento que a sociedade pode trabalhar na empatia e no respeito às diferenças culturais e religiosas.

“O ensino religioso vai, sobretudo, conduzir o estudante a entender que a religião dele não é a verdadeira, não é a mais importante, a religião dele não é que vai se sobrepor. Por isso, a disciplina de ensino religioso é muito importante no combate à descriminação religiosa, à intolerância religiosa que é muito forte no Brasil. A disciplina de ensino religioso conduz o estudante a entender que a gente vive uma pluralidade no mundo”, ressalta.

“Educação é um complexo de setores: Ciências Humanas, Linguagens, Ciências da Natureza e Ciências Exatas. A nossa disciplina também compõe um elemento, ela também compõe um currículo do conhecimento. Então, não é uma disciplina que deve ser vista com preconceito, é uma disciplina que tem que ser vista como um conteúdo essencial ao desenvolvimento humano, assim como é sociologia, história e filosofia”, assegura o docente de ensino religioso.

Instituições confessionais

Com 77 anos de casa, o Instituto Profissional Maria Auxiliadora Recife é referência em escola católica em Pernambuco. A unidade faz parte da Rede Salesiana de Escolas que possui mais de 100 unidades educativas espalhadas pelo Brasil, todas com a missão de “educar e evangelizar os jovens”.

O Instituto Profissional Maria Auxiliadora Recife possui cerca de 280 alunos, sendo duas irmãs trabalhando diretamente na casa, além dos 93 funcionários, que estão fora da missão Salesiana cristã mas ajudam na escola e são nomeados como “leigos” pela Rede, que são os professores, coordenadores, colaboradores de vários setores.

A diretora da escola Maria Auxiliadora, Irmã Robelvânia, de 54 anos, explica que o ensino religioso é “primordial na formação da pessoa” e que ele aparece nas salas de aula do instituto assim como em todas as outras escolas, por ser exigido pelo Ministério da Educação.

Além da discplina, também são apresentados diferentes projetos envolvendo a pastoral do colégio, como confissões com padre, catequese e crisma, acolhidas na capela, grupo de jovens, entre outros.

“A pastoral é a alma da nossa escola, é o que dá vida. O ensino religioso é uma disciplina que é apenas a cultura, a cultura religiosa. Mas a pastoral, o restante, é a gente que faz através de projetos. (...) Para sua vida, é esse conjunto: as disciplinas com a pastoral, a gente não pode imaginar uma escola católica, salesiana, sem essa identificação. Aí está nossa força e nossa resposta como missão”, defende a Irmã Francisca Dias, de 82 anos, apoio geral da escola.

Porém, apesar de se colocar como uma escola de ensino religioso confessional católico e com uma ligação direta com a pastoral, o colégio garante que recebe qualquer estudante de braços abertos para qualquer crença. 

A instituição salienta, ainda, que há uma variedade de credos entre seus alunos, mas que os pais sempre estão cientes que estão optando por uma escola católica.

“Nós temos uma variedade muito grande aqui de escolhas de opções formativas de vida. Como uma religião, a qual a pessoa escolhe. Então, nós não excluímos, jamais. Quando o pai procura a escola ele já vem ciente que aqui é uma escola católica e que a gente tem uma missão específica, mas que não fazemos discriminação nestas questões. Há um respeito muito grande às crenças e aos valores de outras famílias de outros tipos de crença, mas respeitam também a escolha que eles fizeram enquanto escola [católica]”, declara a diretora.

A Rede Salesiana possui mais de 100 unidades educativas e mais de 60 mil alunos. Estes números significativos apontam uma intensa procura dos pais por essa educação religiosa. As irmãs fazem parte da escola Maria Auxiliadora Recife acreditam que os responsáveis escolhem por um ensino confessional não só pelas aulas, mas também pelos valores que são ensinados no ambiente escolar.

“É comum os pais procurarem nossas escolas [Salesianas] por causa dos valores que a gente transmite, valores educativos, valores humanos, valores éticos, isso pesa muito também. A gente tem princípios, então isso também é uma busca, além dos valores cristãos”, afirma Irmã Francisca.

“Por isso, trabalhamos tanto os valores. Não adianta a gente pegar um jovem e somente passar conhecimento cognitivamente e ele se sentir a pessoa mais preparada para lidar com o mundo, mas ele ter a consciência que esse mundo passa primeiro por ele. O que a gente traz é formar um bom cristão e um honesto cidadão, que passa pelo viés desses grandes aspectos que são os valores que a gente trabalha quanto escola”, finaliza Irmã Robelvânia.

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O Primeiro Congresso Internacional da Devoção Mariana e Círios de Nazaré teve sua programação iniciada na quarta-feira (14), com missa celebrada pela manhã na Basílica Santuário de Nazaré e abertura solene, à noite, no Hangar – Centro de Convenções da Amazônia, em Belém do Pará. Organizado pela Diretoria da Festa de Nazaré (DFN), o evento reuniu católicos dos tradicionais centros de devoção mariana do mundo.

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Com o objetivo de fortalecer a fé cristã a partir de Maria como exemplo de amor e integração entre os povos, participam do congresso representantes católicos de reconhecida devoção mariana: Fátima e Nazaré (Portugal), Lurdes (França), Guadalupe (México), Aparecida e Nossa Senhora de Nazaré (Brasil). Destaca-se a procissão do Círio de Nazaré, que ocorre em outubro na capital paraense.

Na Basílica Santuário, os devotos participaram da missa presidida pelo padre barnabita reitor Francisco de Assis Felintro e concelebrada pelos clérigos convidados, entre esses o padre Carlos Pedrosa Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima em Portugal, pela primeira vez em Belém do Pará. “Encontrar essa expressão mariana tão viva em Belém é reviver a fé que temos em Fátima”, disse o reitor português.

Após a celebração, os inscritos no congresso foram à Casa de Plácido, localizada no Centro Social de Nazaré, para realizar o credenciamento, o qual teve continuidade no Hangar, até o momento da programação da noite, quando o Primeiro Congresso Internacional da Devoção Mariana e Círios de Nazaré foi declarado oficialmente aberto.

O público, composto de religiosos, consagrados, leigos, autoridades eclesiásticas e seculares, acompanhou a chegada das imagens e ícones marianos cada um representando as aparições ou achados da Virgem Maria, em solos português, francês, mexicano e brasileiro. Representantes sacerdotais entregaram os símbolos marianos aos convidados que compunham a abertura, entre ao quais padre Diego Antônio da Silva, prefeito de Igreja do Santuário Nacional de Aparecida (Brasil); Luis Felipe García Álvarez, coordenador de Pastoral Litúrgica e teólogo magistral guadalupano (México); padre Michel Daubanes, reitor do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes (França) e o doutor Nuno Batalha, presidente da Mesa Administrativa de Nossa Senhora da Nazaré (Portugal).

Padre Paulo Falcão, da Arquidiocese de Belém e apresentador do podcast Cristo Mais, manifestou sua emoção por esse encontro considerado ímpar, o qual marca o centenário da Basílica de Nazaré. “Nosso Santuário aqui na Amazônia acolhe as pessoas que vieram participar do Congresso Mariano. Essa comunhão nos motiva ainda mais a seguir Jesus”, afirmou o sacerdote.

O arcebispo de Belém, dom Alberto Taveira, em seu pronunciamento, relembrou a ocasião em que entregou a imagem de Nossa Senhora de Nazaré ao Papa Francisco, quando o Sumo Pontífice esteve no Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, em 2013. “Essa imagem ficou na capela do auditório onde aconteceu o Sínodo e todos a contemplavam. Na ocasião, o Papa Francisco compartilhou vários sonhos, e nós estamos hoje a realizar uma parte desses sonhos ao evangelizar inspirados em  Maria, aquela que por excelência é revestida da Palavra de Deus”, afirmou dom Alberto. “O Círio de Nazaré consegue catalizar todas essas realidades de devoção mariana, por isso a Arquidiocese de Belém e a Diretoria da Festa de Nazaré tomaram a iniciativa de promover um intercâmbio dessas experiências vividas mundo afora.”

A programação segue até esta sexta-feira (16), concentrada pela manhã no Hangar, onde haverá o pronunciamento do secretário estadual de Turismo, Eduardo Costa, e da secretária de Cultura, Úrsula Vidal. Serão nomeadas as comissões técnicas e  prosseguirão as palestras, debates, além do testemunho da Guarda de Nazaré. À tarde, os congressistas fazem visitas guiadas à Basílica Santuário de Nazaré e Museu Memória de Nazaré.

Na manhã do encerramento, o Cura da Catedral Metropolitana de Belém, padre Agostinho, fará a oração inicial e o mestre de cerimônia Marcelo Pinheiro anunciará  o ciclo das atividades até o horário da missa das 18 horas, que será realizada na Sé, dando-se por concluído o I Congresso Internacional da Devoção Mariana e Círios de Nazaré.

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Alma mariana

Católica e devota da Virgem Maria, a escritora Ruth Farias frequenta assiduamente o Santuário de Fátima, localizado em Belém, no bairro de mesm, e participa do congresso. “Estive na celebração na Basílica Santuário de Nazaré e agora estou aqui na abertura solene”, disse. “O paraense tem a alma mariana e essa é uma oportunidade única que não quero perder de jeito nenhum.”

Outra devota que elogiou a programação foi a pedagoga Maria de Lourdes da Silva Souza, 71 anos, engajada no movimento “Mães que oram pelos filhos” e na pastoral da Liturgia da Basílica Santuário. “Aprendi com minha mãe a caminhar com Maria e ensinei a meus filhos esse amor mariano que nos fortalece”, enfatizou a congressista.

O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e o governador do Pará, Helder Barbalho, pontuaram o fato de o Primeiro Congresso Internacional da Devoção Mariana e Círios de Nazaré ocorrer em Belém, o que faz essa parte da Amazônia ser protagonista do olhar mundial da fé cristã. “Estaremos em breve recebendo novamente o público internacional por ocasião da Conferência Climática. Nos firmamos como um Estado em potencial desenvolvimento e, por isso, parabenizamos a Igreja Católica pelo evento que fortalece ainda mais esse perfil”, declarou Helder Barbalho.

Antônio Salame, coordenador do Congresso Internacional, ressaltou que as devoções marianas, particularmente as de línguas latinas, são o centro desse encontro.  “Pretendemos a partir dele definir diretrizes para  crescermos em nossa fé", ressaltou o diretor da Festa de Nazaré.

A noite de abertura no Hangar foi contemplada com a apresentação do canto lírico de Patrícia Oliveira, que interpretou a célebre “Ave Maria”. A vasta programação  do congresso conta ainda com opcionais de passeio fluvial ou city tour e visita à Feira Internacional do Turismo, no dia 17 de junho. Além de missa e concerto de música sacra na Basílica Santuário, a partir das 17 horas.

No dia 18 de junho, ocorre a Caminhada guiada no trajeto do Círio de Nazaré, saindo da Catedral Metropolitana de Belém (Cidade Velha), às 7h30 da manhã,  até chegar à Basílica Santuário de Nazaré.

Por Rosângela Machado (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

Imagens de vídeo: Fernando Sette (TV UNAMA).

Pela segunda vez consecutiva, a UNAMA - Universidade da Amazônia recebe a peregrinação do Glorioso São Sebastião, da cidade de Cachoeira do Arari, localizada no arquipélago do Marajó. A recepção é na próxima sexta-feira (12), às 16 horas, no campus Alcindo Cacela. O encontro cultural e religioso é aberto ao público.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconhece a festividade como um Patrimônio Imaterial do Brasil. Dentro da UNAMA, por cerca de uma hora, o público poderá cantar e rezar ao lado de uma comissão de foliões do Glorioso São Sebastião. Ao final do encontro, será servido um lanche aos peregrinos.

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A reitora da UNAMA, Betânia Fidalgo Arroyo, disse que o encontro é carregado de fé, devoção e cultura. "É um presente para a UNAMA receber os rezadores de ladainhas e mestres dos saberes. Para além do encontro, que é religioso, esse é um importante momento da cultura popular, pois agrega ao saber de uma história que é bicentenária", afirmou.

O evento foi proposto pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura (PPGCLC), que já realiza trabalhos de extensão por Cachoeira do Arari. "Após articulação local, entre prefeitura, pesquisadores e comunidade, chegamos até essa irmandade. Desde quando começamos a ir para lá, com palestras, oficinas e trilhas literárias, passamos a convidá-los para a UNAMA. Ano passado foi muito bonito e rico em experiências e, esta semana, vamos vivenciá-las outra vez", comenta o coordenador do PPGCLC, Edgar Chagas.

Os foliões do Glorioso São Sebastião realizam peregrinações até a festividade do padroeiro do Marajó. Em Belém, as visitas ocorrem sempre em maio.

Da Ascom UNAMA.

Uma denúncia anônima levou o Ministério Púbico do Ceará abrir uma investigação contra uma empresa de formação de coach por intolerância religiosa. Na acusação, a companhia é indiciada por admitir que não contrataria “petistas, comunistas ou pessoas que fazem parte de religiões como candomblé e etc”.

A denúncia, feita ao Ministério Público do Trabalho, veio de um amigo de uma das funcionárias da empresa. A mulher fotografou uma das reuniões, mas, temendo represaria, autorizou que a denúncia fosse feita pelo colega.

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“Passando aqui para denunciar o que está acontecendo em uma instituição de ensino e de “coaching” aqui de Fortaleza. Uma amiga trabalha lá, mas tem medo de denunciar porque pode ser demitida, mas me autorizou a formalizar denúncia. Em uma reunião em 27 de outubro de 2022 ela tirou essa foto. A reunião é sobre como contratar alguém com a “Cultura Febracis” e pasmem! Nesse slide, é dito que não se deve contratar “petistas, comunistas ou pessoas que fazem parte de religiões como candomblé e etc”.", disse o jovem que realizou a denúncia, nas redes sociais.

"Sei que se trata de uma empresa privada, mas isso é um absurdo, pessoal. Um preconceito sem tamanho, em especial contra pessoas que são de religiões com matrizes africanas. Peço que se possível investiguem isso. Muita gente saiu de lá por conta disso (e tantas pessoas devem não ter entrado por se enquadrarem nessas categorias sem noção)”, completou o rapaz. 

O caso está sendo investigado pela 95ª Promotoria de Justiça de Fortaleza.

O Brasil é um país multicultural, que tem na sua formação influências de diversas origens. Nossa construção identitária levou à miscigenação e ao sincretismo religioso, em que diversas correntes ideológicas acabaram se misturando, por vários motivos. A vivência de fé é algo muito pessoal e privado, não cabendo a ninguém mais tecer algum juízo de valor, diminuindo essa ou aquela religião. No entanto, em pleno século 21, a intolerância religiosa ainda traz máculas à sociedade.

Chega a ser um contrassenso que um país tão diverso em seu(s) rosto(s) seja tão intolerante em seu pensamento. Segundo os dados mais recentes, do então Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, apenas em 2021, foram registradas mais de 800 denúncias de intolerância religiosa no país – isso contando somente as que foram oficializadas; o número real, no entanto, sabemos que é bem maior. As religiões de matriz africana são os maiores alvos: agressões, depredação de espaços de culto, demonização das práticas. Todas essas ações, repetidas por décadas, ou séculos, relegaram a fé de herança africana a um espaço de medo. Falar de Candomblé, Umbanda ou práticas semelhantes gera medo em muitas pessoas, por puro desconhecimento. Não, nenhuma dessas religiões prega o mal ou inclui práticas “sombrias”. Nesse ponto, o conhecimento é a melhor arma para quebrar preconceitos e paradigmas.

Na TV, dois exemplos recentes do tratamento dessa questão. No “Big Brother Brasil”, o participante Fred Nicácio, adepto ao Ifá, culto tradicional Iorubá, sofreu intolerância por parte de outros competidores, que afirmaram ter medo de suas orações e práticas religiosas. Voltamos ao ponto: a ignorância leva ao preconceito. Claramente, quem desrespeita outra fé, atribuindo a ela um status negativo, desconhece aquela prática e seus princípios. Por outro lado, a novela “Vai na fé”, também na Globo, tem abordado as religiões com olhar positivo: de evangélicos a candomblecistas, os personagens ajudam a trama a expor a beleza de cada sistema religioso. E esse é o caminho: educar para combater o preconceito.

Religião é um tema muito sensível. Ninguém gosta de ter sua crença desrespeitada. Da mesma forma, faz-se necessário saber conviver e valorizar. A palavra religião vem do latim religare, que significa religar; ou seja, é a prática que nos reconecta a algo maior. Sendo assim, precisa ter seu lugar garantido. Especialmente em um país tão diverso, não há mais espaço para a intolerância. O ponto que conecta, em suma, todas as religiões, é muito simples: o amor.

Há quem escute falar da quaresma, mas não sabe o que é ou o que significa. Começando na Quarta-Feira de Cinzas e terminando no Sábado Santo, o período marca a preparação para a Páscoa e é tradição para os cristãos.

O Padre Eliano Queiroz, diretor do Colégio Salesiano Recife, explica como funciona a quaresma. “Este período é dividido em algumas práticas para chegar em um aprofundamento espiritual, sendo elas: a oração (minha relação com Deus), o jejum (minha relação comigo) e a caridade (minha relação com o próximo). É um longo retiro, um treino em que a Igreja nos exercita para a prática de uma vida cristã mais perfeita, de reflexão e conexão com o divino”, afirma o padre.

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Durante o período de jejum, é comum deixar de comer algo de que você gosta, como doces, parar de fumar e de ingerir bebidas alcoólicas. O Padre Eliano também chama atenção para o exercício do “jejum de maus hábitos”, como falar mal dos outros e o costume de reclamar, como pontos de partida para o crescimento pessoal e espiritual.

Para estimular a caridade e a solidariedade entre as pessoas, a Campanha da Fraternidade deste ano tem como tema “Fraternidade e Fome”.

Segundo o Padre Eliano, a campanha anual tem três objetivos: “despertar o espírito comunitário e cristão; educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor; e renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização, na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária”.

Arrecadação

Durante a quaresma, o Colégio Salesiano Recife estará arrecadando alimentos e materiais de higiene pessoal. A instituição tem um trabalho comunitário que atende, mensalmente, 120 famílias carentes. A doação é aberta ao público e deve ser entregue na portaria ou na igreja do colégio, que está localizado na Rua Dom Bosco, 551, Boa Vista, Recife. Além disso, neste período também serão promovidos momentos oracionais e de celebração com os estudantes.

Da assessoria

Nesta segunda-feira, dia 20, Cristian Vanelli, Gustavo Benedeti e Key Alves ganharam espaço na web ao criticarem a religião de Fred Nicácio. Os participantes do BBB23 estavam conversando sobre a crença do médico e chegaram a confessar que ficaram com medo da prece que Fred fez antes de dormir.

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Por conta dessas atitudes, a equipe do médico decidiu se pronunciar sobre o ocorrido. Para isso, eles publicaram o vídeo da conversa dos três participantes e deixaram bem claro que irão acionar a Justiça.

- Eu sei que acordei e ele estava parado na frente da cama de vocês, disse Cristian.

- Eu não sei [o que ele estava fazendo], estou com medo, comentou Key.

Além do comunicado, a equipe de Fred Nicácio também publicou uma nota de repúdio:

A equipe do participante Fred Nicácio vem a público externar indgnação contra falas e comportamentos, principalmente nesta segunda-feira, dia 20, de alguns integrantes do programa Big Brother Brasil 23, relacionados à religião do Fred. Os administradores repudiam veemente a intolerância religiosa praticada contra ele. [...] Medidas cabíveis serão tomadas contra todos os atos de intolerância que Fred Nicácio vem sofrendo dentro e fora do programa.

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No Rio de Janeiro, uma creche foi denunciada ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) por discriminação religiosa. De acordo com a denúncia feita pelo deputado estadual Átila Nunes (MDB) e o vereador Átila Alexandre Nunes (PSD), um dos requisitos para contratar uma nova educadora era que ela professasse a fé cristã. A queixa foi apresentada na última quinta-feira (19).

O documento tem como base o fato de que a diretora da instituição de ensino anunciou, em seu perfil no Facebook, vagas para professora de ballet e professora de educação física, listando a religião cristã como um dos requisitos para o trabalho.

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“Tem-se que a conduta dos diretores da instituição de ensino Creche e Escola Dunamis não pode ser considerada como exercício da liberdade de expressão, na medida em que fere o sentimento religioso de todos os candidatos das religiões de matriz africana que se colocaram à disposição para disputar a vaga em aberta”, declara o parlamentar na representação ao MPRJ.

Em nota, a creche pontuou que o requisito não se tratava de preconceito, destacando o requisito colocado como um erro material de digitação.

“A Creche Escola Dunamis vem por meio deste comunicado informar que a última vaga divulgada em nossas redes sociais teve um erro material de digitação, onde estava como requisito ‘ser cristã’. Devido não ser a política do colégio, esclarecemos que temos funcionários de diversas religiões e jamais compactuaríamos com qualquer tipo de discriminação”.

 

A política é o principal aspecto que movimenta os comentários sobre religião na internet brasileira neste ano. A ampla maioria (62,2%) de todas as mensagens publicadas nas redes que envolvem a fé também estão dentro da discussão político-partidária nacional. Foram analisadas 16 mil publicações ao longo do mês de janeiro e um documento foi produzido para marcar o Dia do Combate à Intolerância Religiosa, celebrado neste sábado.

A discussão abre caminho para a intolerância. Sete em cada dez (67,2%) menções à religião no Brasil têm conotação negativa, em especial para as religiões de matriz africana, aponta relatório da empresa Torabit, parceira do jornal O Estado de S. Paulo no Monitor de Redes Sociais. As citações positivas representam cerca de 1/3 (32,8%).

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São considerados comentários negativos desabafos, discussões, relatos de intolerância religiosa, notícias sobre violência, comentários ofensivos, xingamentos, entre outros. Já publicações como campanhas de conscientização religiosa, relatos de superação e mensagens de respeito e de apoio são consideradas positivas.

Diferença

Enquanto o índice de menções é mais equilibrado entre termos positivos e negativos no grupo cristão (50,3% ante 49,7%, respectivamente), o mesmo não é observado entre as religiões de matriz africana - 71,4% dos comentários são negativos e 28,6%, positivos.

Os dados do relatório mostram ainda que a ala considerada "conservadora" associa a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com "macumba" e "Exu", tática usada para causar medo no eleitorado cristão. O novo governo sancionou uma lei que cria o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, a ser comemorado no dia 21 de março.

O cristianismo lidera o índice de citações às religiões, com 65,2% do total. As religiões de matriz africana, por sua vez, correspondem a 26,9%. Espiritismo (2,6%), ateísmo (1,6%), islamismo (1,6%), judaísmo (1,3%) e budismo (0,7%) são as outras fés mais mencionadas.

A base de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro sustenta o segmento cristão nas redes sociais, que tem denunciado, segundo o estudo, atos de violência e intolerância religiosa por parte da esquerda, como os comentários ofensivos contra a religiosidade das atrizes Regina Duarte e Cássia Kis.

O compilado do relatório indica também que o grupo bolsonarista ainda domina na internet a discussão sobre intolerância religiosa, tema pautado por seus influenciadores. Do total dos 62,2% de menções sobre intolerância religiosa dentro do tema político, a maior parte não é de publicações originais feitas por usuários, mas de compartilhamentos de posts conservadores.

'Ameaça'

Para o professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Samuel Barros, o bolsonarismo não consegue pautar o debate sobre intolerância religiosa porque há uma questão específica tratada nesse assunto.

"Para eles, há uma intolerância contra os evangélicos, e não contra o cristianismo de forma geral", afirmou Barros, que é pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD). "Há, aqui, uma série de medos que são ativados e identificam nos políticos de esquerda uma ameaça neste sentido."

Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, pastores e líderes religiosos com mais de 50 milhões de seguidores no Instagram, no Facebook e no Twitter deram palanque virtual a Bolsonaro durante a eleição presidencial no ano passado, quando ele disputou um novo mandato.

No aspecto político, Lula e Bolsonaro estão praticamente empatados no volume de menções relacionadas aos seus nomes com o tema combate à intolerância religiosa. O ex-presidente tem 50,8%, ante 49,2% do atual mandatário.

De acordo com o relatório, apoiadores de Lula denunciaram, em especial, a remoção do quadro Orixás, da artista Djanira da Motta e Silva, retirado do Palácio do Planalto durante o governo Bolsonaro.

Atos

A maior parte das citações de bolsonaristas aos atos de radicais na Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, entra na defesa de que os ataques não podem se enquadrar como terrorismo porque não houve xenofobia ou preconceito de raça, cor, etnia e religião.

A discussão sobre intolerância religiosa, de acordo com o professor Samuel Barros, precisa ter um caráter mais "universalista", que defenda a liberdade de se exercer qualquer ou nenhuma religião. "É necessário que entendamos essas questões para que possamos avançar nas próximas décadas da nossa República. Precisamos ter um combinado do que significa a defesa da liberdade religiosa e como isso se materializa na sociedade e quais instituições do Estado devem agir para defender essa garantia."

Campanha

Em agosto do ano passado, o primeiro dia oficial de campanha eleitoral foi marcado pela disputa entre Bolsonaro e Lula em torno de temas religiosos. O então presidente chamou a eleição de "luta do bem contra o mal", reforçando a pauta religiosa de sua campanha.

Já o então candidato petista acusou o adversário de tentar manipular a boa-fé de eleitores evangélicos e afirmou que Bolsonaro é "possuído pelo demônio".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O dia 21 de janeiro marca o combate à intolerância religiosa no Brasil. A data é uma forma de reforçar o diálogo inter-religioso e a troca intercultural como eixos fundamentais para solucionar os maiores desafios do mundo atual.

A data foi instituída em 2007 e homenageia a Iyalorixá Mãe Gilda. A ativista e líder candomblecista foi vítima de um infarto fulminante depois que o terreiro Abassá de Ogum, na Bahia, foi invadido duas vezes por membros de uma igreja cristã na virada dos anos 2000.

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A religião católica chegou ao Brasil com a coroa portuguesa como a oficial do império e acabou marginalizando as práticas negras e originárias. Nessa realidade, índios e escravos precisaram recorrer ao sincretismo para que suas culturas sobrevivessem em meio à imposição da cultura dominante. 

"Foi-se gerando dentro do cristianismo uma certa dificuldade de respeitar e permitir que outras culturas vivessem a sua própria experiência religiosa. A ideia da conversão significa tirar o outro da sua religião, inserindo o cristianismo como sendo a única religião verdadeira", analisou o doutor e coordenador do curso de Teologia da Universidade Católica de Pernambuco, Sérgio Vasconcelos.

De acordo com o especialista, os maiores conflitos religiosos do mundo são provenientes do fundamentalismo. Apesar das diferenças naturais, o cristianismo, o judaísmo e o islamismo nasceram das raízes do patriarca Abraão. As três alimentam seus fieis com a ideia de missão e estão presentes na maioria desses conflitos. O cristianismo fala em anunciar a "verdade" ao mundo. O judaísmo defende a ideia do povo escolhido. Enquanto o islamismo cita a guerra santa.

Vasconcelos explica que apesar dos aspectos que podem culpabilizar essas religiões, a realidade dos ataques parte de dois pontos. O primeiro é a interpretação distorcida dos valores de cada religião e de suas escrituras. O segundo é a insegurança causada pelas revoluções que aceleraram o processo de globalização. 

O pesquisador define a religião como uma construção de estrutura de sentido para a existência humana. Antes, cada cultura construía seu sentido com a ilusão de que ele era único e universal. Entretanto, o mundo moderno fez com que a imensa pluralidade de ofertas de sentido tivesse contato.

"Uns vivem essa pluralidade com certa facilidade, mas outras pessoas, de outras culturas, dependendo dos seus contextos, vivem isso com muita insegurança. Quanto mais psicologicamente inseguro é uma pessoa ou um grupo, mais uma tendência fundamentalista ela tem. Por trás de todo fundamentalista há uma pessoal tipicamente insegura", observou o teólogo.

Nesse contexto, a religião acabou se distanciando da própria finalidade e expôs a necessidade de um diálogo comum na busca por respostas ao sofrimento humano. Mesmo com as estruturas diferentes, há temas que convergem na atual agenda mundial, como a luta por justiça social, a preservação da natureza e a paz. 

Esses assuntos são a válvula para mitigar os prejuízos da intolerância religiosa. Ao mesmo tempo, uma relação mais próxima vai promover um intercâmbio entre as riquezas éticas e simbólicas de cada crença.

"A maturidade psíquica convive com a pluralidade, o que não significa que eu aceito, mas eu sou capaz de respeitar que o caminho dele é outro", complementou Vasconcelos, que parafraseou o teólogo pós-moderno Hans Küng: "sem paz entre as religiões não haverá paz no mundo”.

Uma jovem de 17 anos denunciou, em suas redes sociais, um caso de intolerância religiosa que vivenciou durante uma entrevista de emprego em Bertioga, em São Paulo. O dono de uma barraca de pipocas, ao entrevistá-la para a vaga de emprego, questionou qual seria a sua religião. De acordo com a jovem, o homem informou que não queria “macumbeiro” trabalhando em seu estabelecimento.

Nos prints, o homem afirma que a religião é o fator principal para ele na escolha de um funcionário. Indignada, a jovem desistiu de pleitear a vaga pois, mesmo sendo cristã, afirmou não concordar com o fato da religião ser usada como um medidor de profissionalismo.

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“Isso me indica o tipo de pessoa que ele é. Se para ele a religião da pessoa é mais importante do que o caráter e o profissionalismo, me recuso a trabalhar em um ambiente que não exista o respeito. Me senti indignada, pois embora a religião que ele ofendeu não seja a minha, acho que devemos ter o mínimo de respeito com o próximo, seja por religião ou opção sexual. Isso não define quem somos como profissionais”, disse, em entrevista ao G1.

Confira os prints na íntegra:

No dia 2 de novembro é celebrado o Dia de Finados no Brasil. Em outros países da América Latina é chamado de “Dia de Los Muertos” e, ao contrário do que o senso comum imagina, é uma data sobre a morte de um ponto de vista festivo e alegre, mesclando tradições da cultura indígena e Igreja Católica.

Na cultura indígena destes países existia a tradição de conservar os crânios dos cadáveres como troféus, os quais eram exibidos durante rituais que simbolizavam a morte e o renascimento. As festividades de outono homenageavam os mortos e os convidavam para o mundo dos vivos, alguns organizavam festas para guiar os mortos para o caminho de Mictlán, o submundo da mitologia mexicana.

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Após a colonização espanhola, a tradição indigena coincidiu com a católica, o Dia de Finados e o Dia de Todos os Santos, em 1 e 2 de novembro, respectivamente. Atualmente, o Dia de Los Muertos é o resultado da combinação das duas culturas.

A celebração começa no dia 28 de outubro, a partir desta data, cada dia é dedicado a um tipo de morte, por exemplo; mortes por acidente ou de crianças que morreram antes de serem batizadas. Já o 1° de novembro é o Dia de Todos os Santos, em honra aqueles que levaram uma vida virtuosa, principalmente crianças. No Dia de Finados, em 2 novembro, é feita uma oração por todas as almas que ainda não receberam acesso ao “Paraíso”. Segundo a tradição, as almas podem voltar do “Além” por algumas horas e visitar seus familiares.

México 

No país, o Dia de Los Muertos é em 31 de outubro e o Dia dos Santos em 1 de novembro. Um dos rituais mais conhecidos do país é o desfile na capital, a Cidade do México. As tradições para honrar e lembrar dos entes queridos vão desde a confecção de altares até a exumação e lavagem de ossos. As lápides são cobertas com flores alaranjadas. Algumas famílias cantam para aqueles que não estão, espalham pétalas de flores, velas e oferendas desde casa até cemitério, para, de acordo com tradição, facilitar o retorno das almas à Terra.

Em outros lugares do país, como o estado de Morelos, as pessoas abrem a porta de suas casas para quem quiser ver o altar. Também oferecem aos visitantes a receita tradicional de  “Pan de Muerto”, um pão doce decorado; e “atole”, uma bebida quente de milho.

ALTAR DE MUERTOS

Entre 1 e 2 de novembro, acontece o ritual dos altares de mortos, com flores e alimentos. Eles podem ter dois, três ou sete níveis. O primeiro representa o céu e a terra, o segundo, o purgatório. No mais completo, a imagem de um santo; as almas do purgatório; pan de muerto; sal para purificar, fotos e as comidas favoritas do falecido; uma cruz feita de sementes ou fruta e uma toalha de mesa branca. Em algumas ocasiões, são colocados objetos pessoais do falecido, mesmo cigarros ou licor. Para as crianças, doces ou algum brinquedo. Além disso, objetos que representem o quatro elementos da natureza são fundamentais:

Água: A fonte da vida. Normalmente é representada com um vaso cheio. Segundo o ritual, ela é necessária para saciar a sede do defunto depois de sua longa viagem;

Terra: Frutos de comer. milho, abóbora, grão de bico e feijões;

Ar: É representado por papel picado, que quando se mexe anuncia a chegada dos mortos. Traz alegria e cor para a oferenda; 

Fogo: É representado pelas velas, que significam fé, esperança e iluminam o caminho das almas;

Flores: A mais comum é a “cempasúchil”, também chamada de calêndula mexicana ou “rojão”. Ela serve para mostrar o caminho até o altar, pela cor igual ao sol e o aroma forte. A flor de terciopelo ou “Celosia cristata” também é usada, sua cor vai desde o vermelho até o roxo. A flor branca é usada quando se trata da morte de uma criança;

Há outros objetos que vão de acordo com a tradição ou religião da família:

Caveiras: Podem ser de açúcar, chocolate, amaranto ou barro. Lembram que a morte é parte da vida e todos são mortais.

Arcos: São feitos com flores de cempasúchil ou frutas para representar a passagem entre o mundo dos mortos e o mundo dos vivos.

PAN DE MUERTO

Uma importante tradição mexicana da celebração do Dia de Los Muertos. O pan de muerto (pão de morto) é colocado no altar como oferenda, além de ser um dos alimentos consumidos durante o mês de outubro. É redondo, a massa é modelada na forma de ossos e um círculo. A textura é semelhante a um pão “chalá” ou trançado. Geralmente é polvilhado com açúcar ou outro tipo de cobertura. A origem do pan de muerto vem da cultura asteca - onde eram utilizados diferentes tipos de pães como oferenda.  

LA CATRINA

O personagem da caveira sorridente. É a figura da “dama da morte” no México e se converteu em um ícone da cultura do país. “La Catrina” apareceu pela primeira vez no mural “Sueño de una tarde dominical en la Alameda Central”,  do pintor mexicano Diego Rivera (1886 - 1957), o esqueleto veste trajes da era vitoriana, além de um chapéu e um cachecol de plumas.

De acordo com cartunista mexicano, José Guadalupe Posada (1852 - 1913), a personagem é uma caricatura dos vendedores de grão de bico, que adotaram um estilo de vida europeu e negavam suas raízes indígenas. 

CALAVERITAS LITERARIAS

É uma tradição mexicana de textos curtos, que retratam a realidade de uma situação, pessoa ou país com estilo irreverente. O objetivo é fazer uma caricatura da morte. A caveira literária é escrita em forma de versos e rimas, com tom de ironia e comédia, descrevendo as atitudes da pessoa na qual ela é dedicada. É comum que familiares e amigos compartilhem entre si. A principal característica é fazer referência de que a morte é inevitável com humor, amor, doçura ou carinho.

Pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira, 19, mostra que o presidente Jair Bolsonaro (PL) ampliou a vantagem para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segmento evangélico. No novo levantamento, o candidato à reeleição tem 66% dos votos desse eleitorado contra 65% no anterior, publicado no dia 14. Já o petista caiu de 31% para 28% nesse grupo. A diferença entre ambos é de 38 pontos porcentuais.

Em aceno ao segmento, Lula divulgou nesta quarta, 19, uma "carta aos evangélicos" em que defendeu liberdade religiosa e separação entre Igreja e Estado. A ação é um contraponto ao adversário, que tem reforçado a campanha junto a essa parcela do eleitorado.

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Entre os católicos, no entanto, o petista lidera e oscilou positivamente um ponto porcentual, de 57% para 58%. Nesse grupo, Bolsonaro segue estável, com 37%.

Mais pobres

Lula segue liderando com folga entre os eleitores mais pobres, com renda familiar de até dois salários mínimos mensais. O petista tem 57% dos votos contra 37% de Bolsonaro no segmento. No grupo, porém, o ex-presidente oscilou um ponto para baixo em relação à pesquisa anterior. O candidato á reeleição oscilou um ponto para cima.

Nas demais faixas de renda, a vantagem é de Bolsonaro. Ele tem 53% a 41% entre os que têm renda de dois a cinco salários; 54% a 41% na faixa de cinco a dez salários; e 55% a 41% entre os mais ricos, com mais de dez salários.

Uma comunicação clara e focada no concreto, segundo analistas, torna-se um trunfo neste segundo turno para que as campanhas consigam falar à classe C. Além disso, a religião, identificada como algo relevante para esse grupo, também já tem aparecido como protagonista na disputa nas redes socais e deve continuar em evidência.

Especialistas apontaram erros do PT em ter se utilizado, por exemplo, de artistas e intelectuais para buscar voto para Lula no primeiro turno. Maurício de Almeida Prado, que faz pesquisas qualitativas com esse grupo na consultoria Plano CDE, diz que a classe C enxerga "um discurso de lacração, de esquerda arrogante progressista ou de um vitimismo, de grupos como os gays".

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Ele cita o movimento nas redes sociais que estimulava eleitores do PT a fotografar 13 livros de cor vermelha. "Muitos pensam: nunca li nem 13 livros, quanto mais vermelhos", diz o antropólogo. O partido tirou os artistas e passou a veicular vídeos com pastores evangélicos logo nos primeiros dias da campanha do segundo turno.

O desafio da comunicação também aparece no discurso de não violência, contra as armas, diz Prado, já que a população se vê entre facções criminosas e tráfico. A evidência de que o aumento no número de armas leva a mais violência, demonstrada em pesquisas, é mais difícil de explicar do que o discurso de que a arma serve para a pessoa se defender.

A religião surge, de acordo com analistas, muito atrelada aos valores morais na classe C. "Uma parte da narrativa desses segmentos de direita é de natureza dos costumes, há uma recuperação de um sentimento conservador, colado na fé religiosa, que existe na sociedade e foi trazido para o centro do debate", diz o professor da USP José Álvaro Moisés. A polêmica em torno da visita de Jair Bolsonaro a Aparecida foi um dos temas que se destacaram nas redes sociais na semana passada.

Apesar de as últimas pesquisas mostrarem que 30% da população é evangélica, como o último Censo demográfico foi feito em 2010 (e deveria ter sido repetido em 2020) os números podem estar defasados. Outros 50% se declaram católicos.

'Fé'

"Como cristã, valorizo a família, a vida, sou contra o aborto, contra corrupção", diz Andreia Bassan, de 47 anos, que é evangélica. Ela e o marido têm uma microempresa de cursos online de artesanato. Seu voto é convicto em Bolsonaro. "Ele veio para mostrar as coisas que a gente não enxergava, fomos muito enganados pela política. Se ele não tivesse esse jeito de falar, o sistema já teria engolido ele."

Andreia mora na zona norte da capital e reclama de não poder trabalhar durante a pandemia e de ser obrigada a "entrar como bandida em seu escritório". O casal não se vacinou contra a covid por não acreditar no imunizante "feito às pressas". "Meu marido pegou covid no começo da pandemia, foi terrível, estávamos sem plano de saúde, mas sou uma mulher de fé."

A carioca Cleonice Vieira, professora de Inglês aposentada, de 59 anos, que é católica, diz que também se apega à fé, mas vota em Lula. "Se Bolsonaro fosse cristão, ele não deixaria as pessoas morrerem, não atrasaria a vacina", afirma. "A pobreza voltou, as pessoas estão morrendo de fome, de frio, sem casa." A professora e o marido, mecânico aposentado, vivem na Ilha do Governador, no Rio. Ela diz que seu voto é "por uma vida mais justa" para todos. "Nossa vida é política, não vivemos sozinhos."

Para Moisés, o resultado do primeiro turno mostra que as lideranças políticas precisam fazer uma autocrítica e reaprender a engajar a população. "Com as mudanças tecnológicas, o modo pelo qual esses novos segmentos sociais se expressam não é mais analógico, não mais através de lideranças de partidos. Há acesso imediato à informação na internet, é possível compartilhar narrativas próprias."

Segundo ele, é essencial uma escola mais crítica para crianças. "Nossa educação trata a coisa pública como se ela não tivesse nada a ver com os direitos do jovem. Se quisermos avançar para unificar igualdade e liberdade precisamos mudar o ensino."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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