Artistas celebram o brega em homenagem do Galo
Através da figura de Reginaldo Rossi, homenageado do Galo da Madrugada em 2024, cantores pernambucanos exaltam o atual momento do brega e sua mistura a outras linguagens
Nesta terça (11), a diretoria do Galo da Madrugada anunciou seu grande homenageado de 2024: Reginaldo Rossi. Através da figura do rei, a homenagem se estende ao gênero musical que ele tanto ajudou a crescer e valorizar, o brega. Emocionados com a honraria, alguns súditos de Rossi, cantoras e cantores pernambucanos que levam à frente o seu legado, falaram ao LeiaJá sobre o atual momento do brega. Segundo eles, o melhor de todos.
Coroada pelo próprio Reginaldo, Michelle Melo, a rainha do brega, se mostrou extremamente feliz com a homenagem. A cantora, que já tem uma longa história com o Carnaval do Galo, prevê um desfile único. "Vai ser difícil conter as lágrimas. O Galo faz parte da vida de todo pernambucano, acho que é nossa maior influência. Misturar com nosso brega, um movimento tão rico, e ainda ter como homenageado Reginaldo Rossi, pra nós do brega é uma vitória que a gente não pode nem mensurar”, disse.
No Carnaval de 2023, Michelle desfilou no Galo liderando o primeiro trio dedicado ao brega na história do bloco, dois anos após o gênero ter sido declarado como patrimônio cultural imaterial do Recife. Com ela, a cantora levou para a folia grandes nomes do gênero como Conde Só Brega e Dedesso, da Banda Vício Louco, entre outros. Para a ‘Galega’, como os fãs chamam, esse é o melhor momento do brega. “O Galo abriu esse espaço pra que a gente botasse o trio totalmente brega e foi emocionante, e no próximo ano não vai ser diferente. Na hora que começou a falar ali (na coletiva de imprensa do bloco) eu já me imaginei fazendo uma bela homenagem a Reginaldo Rossi. Vocês podem esperar muitas músicas de Reginaldo misturadas com frevo e uma produção surreal, se preparem”, prometeu a artista.
Esperando subir novamente em um trio do Galo, outro ícone do gênero, Conde Só Brega, também se emocionou com a homenagem da agremiação. Para o artista, a reverência mostra a força do estilo. “O brega tá vivendo o melhor momento não só aqui em pernambuco mas a nível nacional. Isso é muito bom. Principalmente depois que eu fiz uma participação com João Gomes e a gente tá aí explorando isso até hoje”, disse.
Conde Só Brega e João Gomes. Foto: Reprodução/Instagram
Referência
Além dos artistas do brega, outros nomes da música pernambucana também têm como referência o legado de Reginaldo Rossi. Líder da banda Sir Rossi, que leva aos palcos a obra do rei do brega, e dono de uma carreira extensa, o cantor e compositor Silvério Pessoa vai participar ativamente do próximo desfile do Galo. Ele integra uma equipe de pesquisa sobre a vida do rei e tem se impressionado com algumas descobertas. “Para além de entender a obra de Reginaldo Rossi, o colegiado (pesquisa) como pode ser feita a transposição (dessa obra) para o desfile do Galo. Sem perder a essência do Carnaval e do frevo, E percebemos que é possível sim. Porque além da sonoridade, tem toda uma questão de estética, o que ele vestia, as letras, os textos. Vai ser um desfile que vai colocar o Galo pra uma época carnavalesca mas ao mesmo tempo psicodélica e divertida”.
Feliz com a colaboração no evento carnavalesco, Silvério exalta as descobertas que tem feito a respeito de Rossi, sobretudo as de ordem musical. “Ele passou pela jovem guarda, foi pelo rock’n’roll, foi pelo samba, ele foi para todos os gêneros. Ele tinha uma pluralidade genial. Inclusive com vários arranjos de orquestra de metais, com sonoridades ultra modernas para a época. A versatilidade dele é que deixou uma sensação de algo marcante pra música pernambucana e brasileira”.
Silvério Pessoa e Reginaldo Rossi. Foto: Reprodução/Instagram
Outro nome que entende tudo de arranjos e sonoridades, o Maestro Forró, também falou sobre a importância em reverenciar o rei. O artista, que inclusive ganhou o Prêmio nda Mùsica Brasileira com o disco ‘Cabeça do Mundo’, no qual gravou uma versão de ‘Tô Doidão’, música feita por Reginaldo a partir de uma canção francesa por Reginaldo, conhece bem a feliz mistura do frevo com o brega.“O nosso Carnaval, a riqueza cultural do nosso estado e do Brasil, eu sempre digo que é uma colcha de retalhos. É uma série de diversidades que se transforma numa grande e forte unidade. Reginaldo Rossi faz parte dessas misturas e ele merece todas as homenagens, ainda são poucas para o nosso querido rei”.
Presença confirmada no desfile de 2024, como sempre, o maestro já prevê um desfile muito animado e com um setlist pra ninguém botar defeito. “A gente já tá com repertório 70% montado, vamos acrescentar releituras homenageando ele (Reginaldo), mas claro, executando as músicas dele com nossa própria interpretação”.