De olho no mercado externo

Empresas de pequeno porte se beneficiam com a isenção de impostos sobre produtos exportados e expandem os negócios para outros países

| qui, 15/12/2011 - 08:22
Compartilhar:

Quem diria que jogos eletrônicos para crianças e adolescentes criados em Pernambuco inovaria o sistema de educação e chamaria a atenção de países desenvolvidos? Pois é. Essa é a realidade da Joy Street, empresa especializada na produção de jogos interativos, que se organiza para exportar os produtos para onze países.

Tudo começou em 2008, quando a Olimpíada de Jogos Digitais e Educação (OJE), promovida pela Secretaria Estadual de Educação, funcionou em caráter experimental com 20 escolas do Estado. Na época, o projeto contou com a parceria do Governo de Pernambuco, do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R.), do Porto Digital, da Universidade Federal de Pernambuco e da empresa Joy Street, responsável pelo desenvolvimento da plataforma de competição. Em 2009, o evento cresceu e atingiu todo o Estado.

A proposta deu tão certo – a participação dos estudantes foi efetiva – que atraiu a atenção do Governo do Rio de Janeiro, que contratou os serviços da Joy Street, para realizar a OJE em 2010. Neste ano, foi a vez do Acre promover o evento em caráter experimental. Mais uma prova de que uma pequena empresa pode expandir os negócios desde que saiba aliar inovação e capacidade de satisfazer o cliente. “O grande desafio é que estamos trabalhando com educação, apresentando um produto inovador. Isso aumenta a nossa escala de responsabilidade e da necessidade de dar um retorno aos clientes”, avalia o CEO da empresa, Fred Vasconcelos.

O empresário, que comanda uma equipe de mais de 20 pessoas, prepara-se para exportar o produto para o Reino Unido (Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales), Alemanha, Estados Unidos, Chile, Peru, Uruguai, Paraguai e Angola. A ação passa, inicialmente, por um planejamento. “Primeiro, queremos compreender como funciona o governo de cada país e quais são as expectativas, para fazer as adaptações necessárias nos jogos”, explica o executivo. Segundo ele, os games foram criados já pensando nas possibilidades de tradução de conteúdo. A contratação de funcionários também foi realizada na expectativa de expansão para o exterior. “O pré-requisito é que eles fossem bilíngues, porque no futuro queremos instalar escritórios de negócios em vários países”, adianta.

Essa cautela antes de iniciar a exportação é importante, até porque as microempresas e empresas de pequeno porte competem com as grandes corporações multinacionais. Já que a primeira impressão do produto foi boa, o mais indicado é manter a qualidade de atendimento, preparando-se para a negociação. “A empresa tem mesmo que montar um plano de trabalho para a internacionalização, porque não é o mesmo que competir com as empresas locais”, salienta a gestora do programa de internacionalização do Sebrae-PE, Margarida Collier.

Quanto ao pagamento de impostos, as MPEs saem na frente porque foram beneficiadas com a isenção do pagamento do PIS, Cofins, ICMS e IPI encima dos produtos enviados para o exterior. Esses impostos já são pagos através do Simples Nacional. “Pagar duas vezes – para a comercialização no mercado interno e para o mercado externo - não motivava o empreendedor a pensar em exportação. Esse foi mais um benefício conquistado pelos pequenos empresários”, informa.

A Lei Geral também separa as receitas relativas à exportação da renda advinda do mercado nacional. “O teto de R$ 3,6 milhões – coberto pelo Simples Nacional para a pequena empresa- é muito pouco para ser dividido entre os dois mercados [interno e externo]. Agora o pequeno empresário têm R$ 3,6 milhões para cada um”, explica. De acordo com o economista Djalma Guimarães, a isenção às MPEs faz muita diferença para a desenvolvimento de cada empreendimento, mas não interfere na economia do Brasil como um todo. “O volume de exportação das micro e pequenas empresas é muito pequeno. Não dá para comparar com as vendas em todo o País”, explica.

Segundo Margarida Collier, no planejamento, o empresário deve sistematizar o processo de exportação, para “que se torne uma cultura da empresa”. “Mesmo que se esteja numa posição confortável no mercado nacional, é preciso ter alternativas, que incluam o comércio estrangeiro”, recomenda.

| () Comentários Link:
Compartilhar: