As mulheres ganham mais força no futebol pernambucano
Eduarda Gabrielle, de 22 anos, foi nomeada a primeira delegada de partida da FPF
O universo futebolístico que por muito tempo foi caracterizado como um espaço eminentemente masculino observou a entrada, em massa, da ala feminina. Números que só tendem a aumentar. As amantes do esporte por um bom tempo conquistaram vaga dentro e fora das quatro linhas. Conseguiram chutar o machismo para escanteio, seja torcendo, arbitrando ou jogando.
Nesta sexta-feira (8) é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Para marcar a data, a Federação Pernambucana de Futebol (FPF) preparou uma série de homenagens às mulheres que fazem parte do futebol pernambucano. No jogo entre Náutico x Belo Jardim, no próximo sábado (09), às 20h, nos Aflitos, Eduarda Gabrielle de apenas 22 anos, ex-jogadora da futsal, vai estrear como delegada do jogo. A primeira a ocupar o cargo, desde 1915 quando foi fundada a FPF. O portal LeiaJá conversou com a pernambucana.
LeiaJá – Como surgiu o convite para participar da Federação Pernambucana e qual a sua ligação com o futebol?
Eduarda Gabrielle – Estou na área de futebol há um bom tempo, fui atleta durante sete anos, na ocasião jogava no futsal do Sport. O convite então para fazer parte da comissão da FPF, surgiu com o presidente Evandro Carvalho e Jorge Burégio, me ligaram após ter me visto em campo. Em meu primeiro contato com ele, ele me fez um questionário, (risos) perguntou a se entendia de futebol,qual era o meu perfil, se eu tinha esse interesse de participar da comissão, aquelas perguntas que são necessárias. Estou em fase de teste, surgiu essa oportunidade e eu aceitei. Minha estreiamesmo será no próximo sábado (09), no jogo entre Náutico x Belo Jardim.
LeiaJá – Você foi nomeada como a primeira mulher delegada de partida de Pernambuco, o mais interessante, com apenas 22 anos. Como você prevê essa gestão?
EG - Essa é uma responsabilidade muito grande, o maior desafio é exatamente esse agregar bem a minha personalidade com o cargo. Eu fiz vários questionamentos sobre a Federação, perguntei principalmente como seria o meu trabalho por lá. Porque até então eu era apenas uma torcedora, ficava apenas nas arquibancadas. Não imaginava que existia uma organização que fazia esse trabalho. E hoje eu vejo o quanto é importante essa função, um delegado que chega antes da partida, para analisar, ver se está faltando algo. Uma função essencial. Não é um trabalho árduo, é tranquilo. Quanto menos você aparecer melhor. A primeira partida que eu acompanhei o trabalho de delegado de jogo foi Santa Cruz 0x1 Salgueiro (03). Na rodada seguinte fui para Sport 1x1 Pesqueira (06). Achei legal o trabalho, mas realmente percebi que temos que ser atenciosos, porque se acontecer qualquer coisa, a responsabilidade é toda nossa, da federação.
LeiaJá – Antes do convite para Federação, onde Eduarda Gabrielle atuava?
EG - Eu estudava publicidade, tranquei no ano passado, pois fui morar um tempo em Salvador. Nesse período eu estava trabalhando em uma empresa chamada WD, que movimenta estruturas de placas, mas infelizmente a empresa mudou de localidade, e eu optei por sair dela. Eu pretendo voltar a estudar no meio do ano, já está em meus planos. Mas não sei se voltarei fazendo publicidade. Estou pretendendo começar a estudar em um novo curso. Penso em fazer gastronomia.
LeiaJá - Dia Internacional da Mulher e o futebol Pernambucano, tudo haver?
EG - A voz feminina vem ganhando força, não só em Pernambuco. Você observa que hoje em dia as mulheres atuam em todas as áreas e no futebol, não poderia ser diferente. Hoje é maisum grande passo da Federação trazendo mulheres para atuar, eu estou sendo a primeira, mas com certeza não serei a última. Assim como Evandro Carvalho, presidente da FPF me falou, a ideia de trazer as mulheres é exatamente porque as mulheres são mais perceptivas. Elas observam muito. E este é exatamente o trabalho do delegado de partida, observar o andamento dentro e fora das quatro linhas.
LeiaJá - A quinta rodada do Pernambucano, além de você terá a presença de mais duas árbitras, é um tempero a mais?
EG - Com certeza é um adicional, normalmente a arbitragem recebe apenas uma mulher, na maioria dos casosuma bandeirinha, e mais mulheres para apitar seria ótimo. Os olhos estão cada vez mais voltados para nós mulheres.
Além da delegada, Náutico x Belo Jardim, neste sábado (09), contará com a participação da quarta árbitra Ana Karina. A outra representante das mulheres virá no jogo da segunda-feira (11), entre Santa Cruz x Centra, Karla Santana será a auxiliar.
Sinceramente estou muito feliz com o convite. Não pretendo aparecer externamente, apenas para ser delegada. “Quero mesmo é ficar escondidinha e fazer bem o meu trabalho” finalizou a delegada.