Putin: exclusão da Rússia da Paralimpíada é 'desumana'
O líder russo ressaltou que a "decisão de desqualificar os nossos atletas paralímpicos está fora dos limites da lei, da moral e da humanidade", em declarações dadas diante de atletas olímpicos no Kremlin, sede do governo do país
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira que o veto ao seu país dos Jogos Paralímpicos do Rio, marcados para começar no próximo dia 7 de setembro, é uma punição que ele descreveu como "imoral e desumana".
Putin se manifestou sobre o assunto um dia após a Rússia ser definitivamente banida da Paralimpíada como sanção por um programa de uso de substâncias proibidas que contou com apoio estatal, depois de fracassar em seu recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), que anunciou seu veredicto sobre a apelação contra a exclusão do evento. A audiência do caso foi realizada na última segunda, no Rio.
O líder russo ressaltou que a "decisão de desqualificar os nossos atletas paralímpicos está fora dos limites da lei, da moral e da humanidade", em declarações dadas diante de atletas olímpicos no Kremlin, sede do governo do país. Para completar, ele disse que o veto aos atletas é uma punição "cínica" e que ainda "humilha aqueles que tomam tais decisões".
Antes de fracassar em seu recurso na CAS, a Rússia foi suspensa no dia último 7, durante o período inicial de disputas da Olimpíada do Rio, quando o Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) anunciou que a entidade decidiu, por unanimidade, banir toda a delegação da Rússia da Paralimpíada.
Segundo Philip Craven, presidente do IPC, a análise feita pelos membros do conselho da entidade sobre o Relatório McLaren, somada a investigações adicionais, demonstrou que os fatos apurados pelo advogado canadense Richard McLaren a pedido da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) também ocorreram no esporte paraolímpico.
O relatório, publicado pela Wada no último dia 18, revelou que o governo russo fraudou testes de laboratório para beneficiar seus atletas em dezenas de competições, incluindo os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi, na Rússia. "O relatório McLaren marcou um dos dias mais escuros da história de todo o esporte", disse Craven, em entrevista coletiva no Rio.
Segundo o presidente do IPC, o relatório identificou 35 amostras de exames antidoping relacionados a atletas paraolímpicos. A investigação ainda está em curso e a entidade foi informada pela equipe de McLaren de que há mais dez amostras envolvidas. Do total de 45 amostras, 28 são de esportes que estão no programa dos Jogos Paralímpicos. Ainda segundo Craven, testes de DNA mostraram que amostras de uma mesma pessoa foram usadas em mais de um teste.
E, ao comentar a decisão da CAS em relação ao recurso apresentado pela Rússia, o dirigente afirmou que "a decisão sublinha a nossa forte crença de que o doping absolutamente não tem lugar no esporte paralímpico, e melhora ainda mais a nossa capacidade de garantir a justa competição em igualdade de condições para todos os atletas em todo o mundo".
Indignada com a decisão da CAS, a Rússia confirmou que irá organizar competições especiais para os atletas paralímpicos vetados dos Jogos, sendo que os vencedores das mesmas receberão os mesmos prêmios que ganhariam por possíveis vitórias no Rio. O governo russo faz premiações em dinheiro a medalhistas olímpicos e paralímpicos.
Com a Rússia excluída da Paralimpíada, o IPC afirmou que agora vai "redistribuir as 267 vagas que haviam sido garantidas para os atletas russos competir".