Conheça a primeira delegação de refugiados da Paralimpíada

Um nadador sírio e um iraniano do arremesso de disco irão disputar sob a bandeira paralímpica

por Renato Torres qua, 14/09/2016 - 12:06
Reprodução/Achilleas Zavallis/UNCHR/Acnur Ibrahim achou que não voltaria nadar e, garantido nos jogos, conta que chora de tanta felicidade Reprodução/Achilleas Zavallis/UNCHR/Acnur

A primeira edição da Paralimpíada realizada na América Latina será também a estreia de um time formado por refugiados de guerra, à exemplo das olimpíadas. O nadador sírio Ibrahim Al- Hussein e o atleta do arremesso de disco iraniano Shahrad Nasajpour disputam os jogos sob a bandeira paralímpica.

Nascido em Deir ez -Zor, na Síria, Ibrahim Al- Hussein começou a vida nadando tendo em seu pai, um treinador exigente. Talentosos, Ibrahim e alguns de seus treze irmãos conquistaram várias competições locais e ganharam destaque no esporte. Com a guerra destruindo seu país, não demorou para o jovem de 19 anos se tornar uma das vítimas. Em 2013, ao tentar ajudar um amigo, atingido por uma bomba, Ibrahim sofreu um ferimento grave, por um morteiro, e perdeu parte de sua perna direita.

O sírio se viu sem alternativas, a não ser fugir e foi o que fez. Passou um ano se recuperando na Turquia e depois foi para Grécia, onde vive até hoje. Para quem não tinha esperança sequer de voltar a nadar, conseguir estar nos jogos paralímpicos é mais do que uma grande conquista. "Depois de 22 anos de treinamento, eu finalmente consegui. Meu sonho se realizou. Às vezes eu vou para cama para dormir e, por estar tão feliz, eu choro. Agora, tudo que penso é fazer o meu melhor e atingir a minha meta", contou.

Ibrahim irá competir na classe S10 dos 50m, e dos 100m, nado livre. O atleta sírio chega ao Rio de Janeiro com um ano de preparação, após passar cinco anos sem competir.

Livro fechado

O outro integrante do time dos refugiados é o iraniano Shahrad Nasajpour, atleta do arremesso de disco. Por ter paralisia cerebral, Sharad irá disputar na classe F37 do arremesso de disco. Com refúgio concedido pelos Estados Unidos, onde vive, Shahrad escolheu não compartilhar sua história por razões pessoais e disse estar focado em aperfeiçoar sua técnica para os jogos.

Panorama

Segundo a ACNUR, Agência da ONU para refugiados, cerca de 65 milhões de pessoas estão refugiadas ou deslocadas em todo o planeta. A ideia de inserir os atletas 'sem nação' nos jogos olímpicos, e paralímpicos, é passar uma mensagem de esperança para quem precisou fugir de seus países por conta de guerras.

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