Sem público, clubes paraenses buscam saídas para a crise

Ingressos virtuais, venda de produtos oficiais personalizados, shows musicais on-line e cofrinho simbólico para doações via PIX estão entre as iniciativas de Remo e Paysandu para compensar perda da arrecadação

qua, 24/03/2021 - 14:58

Há um ano, Paysandu e Castanhal faziam o último jogo com público no futebol paraense. A partida era válida pela oitava rodada do Parazão 2020. O Papão venceu o jogo por 1 a 0, com gol de Deivid Souza, diante de 5.778 torcedores, na Curuzu. Três dias depois foi confirmado o primeiro caso de covid-19 no Pará e o Campeonato Paraense foi suspenso, voltando apenas em agosto, terminando com o Paysandu campeão.

Sem público nos estádios, Remo e Paysandu buscaram soluções para arrecadar dinheiro para manutenção dos clubes. Dentre as alternativas estão ingressos virtuais, vendas de produtos oficiais e doações por PIX.

A primeira campanha do Clube do Remo foi o “Show do Leão”, com venda de ingressos virtuais e sorteio de prêmios para quem adquirisse o bilhete. Em outra ação do ingresso virtual, quem comprava um no valor de R$ 50,00 ganhava uma camisa do clube com a frase “Lembra que jurei nunca te abandonar!”. Com o acesso à Série B, o clube começou a vender um pôster junto com o bilhete virtual.

Em outubro, o Leão realizou o “Outlet azulino”, com a oferta de descontos nos produtos da temporada de 2019. O dinheiro arrecadado foi para o futebol feminino do Remo.

No final de 2020 os azulinos promoveram o “Remo Live Fest”, show on-line do grupo I Love Pagode. Durante o evento foram arrecadadas doações para pagamento de salários.

Na volta dos jogos, o Remo comercializou totens. Os torcedores que adquirissem os produtos tinham sua foto impressa e colocada na arquibancada no Baenão.

Com a reformulação do sócio-torcedor, o Leão lançou a campanha “Toma tua forra”. Torcedores que se associassem ganhavam o terceiro uniforme do clube, inspirado na Cabanagem. Também foi lançado um plano exclusivo para mulheres com 20% de desconto.

Para conseguir os R$ 50 mil necessários para a contratação do meia Felipe Gedoz, que pertencia ao Nacional do Uruguai, o Remo lançou a campanha “PIX do Leão” e alcançou a meta.

Nas redes sociais surgiu a “fake news”, como forma de piada, de que um torcedor do Paysandu teria doado um cofrinho em formato de porco para o clube para fazer uma rifa. A repercussão foi tanta que internautas deram o nome de Julinho ao porco e criaram um PIX falso. 

O Paysandu se aproveitou da repercussão e criou o “PIX do Papão”. Nas redes, afirmou que “a rifa não existiu, mas ficamos comovidos com o carinho pelo Julinho”.

Em fevereiro deste ano o Paysandu lançou o “Pra cima Papão”, no qual o torcedor paga R$ 60,00, podendo dividir no cartão, e tem descontos nas Lojas Lobo, além de concorrer a camisas e brindes. “Com esse novo programa, a gente espera arrecadar recursos para ajudar a pagar a folha do clube pelos próximos três meses”, afirmou o presidente bicolor Mauricio Ettinger.

Em três semanas, o clube obteve cerca de 300 adesões. Junto com as doações feitas por PIX para o porco Julinho, arrecadou mais de R$ 50 mil.

Assim como o Remo, o Paysandu também vendeu ingressos virtuais com sorteios para quem os comprasse. Dentre os prêmios estava uma camisa oficial do clube.

Após a conquista do Parazão 2020, o Paysandu vendeu medalhas oficiais do título estadual. Também foi comercializado um quadro intitulado “Em Nome da Payxão”, onde estava emoldurada uma camisa com nome do torcedor e autógrafos dos jogadores.

Em novembro, o Paysandu lançou o “Chip do Papão”, com planos de R$ 25,00 a R$ 75,00. A ação é em parceria com a empresa Dry Company, a mesma que fez os chips do Palmeiras, Cruzeiro, São Paulo Vasco.

“Paysandu Go!” foi uma outra ação em meio à pandemia. Nela o clube criou o seu próprio aplicativo de transporte. Ao utilizar, o torcedor concorre a camisas, ingressos e convites para eventos do clube.

Após o período de paralisação do Campeonato Paraense 2020, foi criado o “Jogue Junto”, no qual torcedores poderiam fazer doações para os clubes através de QR Code que apareciam nas transmissões dos jogos pela TV Cultura.

A ação que trouxe mais dinheiro aos caixas dos clubes foi a venda do nome dos estádios Baenão e Curuzu ao Banpará. Cada clube recebeu R$ 1,5 milhão para a inclusão da marca do banco nos nomes dos estádios, que passaram a se chamar Estádio Banpará Baenão e Estádio Banpará Curuzu. O contrato é válido até o fim de 2022.

Em 2021, o Parazão foi suspenso após o Governo do Pará decretar lockdown para toda a Região Metropolitana de Belém. A suspensão do campeonato, que foi paralisado na terceira rodada, dura enquanto valer o decreto estadual, até o dia 29 de março.

Por Bruno Chaves.

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