Botulismo: PE tem três casos confirmados de rara doença

Pacientes continuam internados e em observação

por Jameson Ramos ter, 30/01/2018 - 16:53
Jameson Ramos/ Leiajáimagens Ronaldo Alves encontra-se na UTI do Oswaldo Cruz Jameson Ramos/ Leiajáimagens

Três anos depois, o Hospital Universitário Oswaldo Cruz recebeu o segundo caso de botulismo, uma intoxicação que se desenvolve, segundo afirmado pelo infectologista, Demétrius Montenegro, por uma bactéria que se encontra nas comidas enlatadas, vencidas, mal esterelizadas, assim como carnes e embutidos culinários. Ronaldo Alves, 48 anos, deu entrada no Oswaldo Cruz na última quinta-feira (25), porque acabou consumindo uma comida que tinha alto teor dessa toxina, que acabou causando uma paralisia na face e nos nervos da deglutição da vítima. 

Tanto ele, como os seus pais, Maria Lucia Barbosa, 65 anos e o José Ronaldo, 69, foram encaminhados para as unidades de saúde, em situação de alerta, já que essa doença acaba dificultando a respiração das vítimas. Os pais de Ronaldo estão sob os cuidados de um hospital da rede privada. Em todos esses casos, a suspeita, segundo os médicos, é de que a família tenha consumido um empadão de frango no almoço e acabou sendo devastada pela bactéria Clostridium botulinum. "Essa bactéria forma o que chamamos de espóro, o que dá mais vida a bacteria sem o meio externo atingir e matar esses organismos. É uma doença não tão comum de acontecer", afirmou Demétrius Montenegro.

Segundo aponta o médico, as pessoas que consomem uma grande quantidade de alimentos que tem essa bactéria "geradora" da toxina que causa o botulismo, tem suas terminações nervosas comprometidas, já que a doença faz com que os nervos sejam impedidos de trabalharem normalmente. "Pra neutralizar essas toxinas é preciso cozinhar bem. Só assim elas serão exterminadas daquele alimento", pondera o infectologista. 

No caso dessa família, todos com o botulismo confirmados, a Secretaria de Saúde do Estado está fazendo as investigações nos alimentos recolhidos para fazer uma análise. Ronaldo Alves tem evoluído bem, podendo já nas proximas 48 horas sair da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). "Ele não evoluiu com complicações, mesmo estando num lugar suscetível (o hospital). Ele não está fazendo uso de antibióticos, está muito bem", responde o doutor Demétrius. 

Estado acompanha casos de perto

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) reiterou, através de nota oficial, que os três pacientes continuam internados em UTI. "Nesta terça-feira (30), o paciente de 48 anos, internado em uma unidade hospitalar pública, apresenta quadro estável e com evolução positiva. A mulher de 65 anos está estável e apresentou melhora no movimento dos membros. Já o homem de 69 anos está com quadro estável. Os dois últimos estão em um hospital privado".

Segundo o órgão, "técnicos da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), juntamente com a Vigilância Sanitária do município de Olinda e técnicos da Vigilância Epidemiológica da SES, estiveram na casa dos pacientes suspeitos de botulismo na manhã da última segunda-feira (29)", onde foi coletadas as amostras de alimentos que já foram encaminhadas para análise no Instituto Adolfo Lutz para averiguar se há a presença da toxina botulínica. 

A Secretaria Estadual ressaltou que são raras as ocorrências de botulismo em Pernambuco. Foram confirmados um caso em 2007 e três em 2016. Em todos, os pacientes evoluíram bem, sem sequelas.

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