Grupo que abriu caixão para salvar mulher pode ser preso

Delegado disse que vai indiciar os envolvidos por violação de urna funerária, mas acredita que a Justiça decidirá pela absolvição

seg, 19/02/2018 - 08:05
Reprodução A família acreditava que Rosângela Almeida dos Santos estava viva e vizinhos do cemitério disseram ter ouvido gritos vindos do local em que ela estava enterrada Reprodução

As pessoas que abriram o túmulo de uma mulher enterrada a mais de dez dias devem responder por violação de urna funerária, crime previsto no artigo 210 do Código Penal com pena de reclusão de um a três anos. A família acreditava que Rosângela Almeida dos Santos estava viva e vizinhos do cemitério disseram ter ouvido gritos vindos do local em que ela estava enterrada. O caso foi em Riachão das Naves, na Bahia.

“Ela [a mãe] pode não ter violado, mas autorizou e é meu dever relatar isso no inquérito. Mas provavelmente o juiz deve absolvê-la por ela ser a mãe e agir pela emoção”, relatou o delegado Arnaldo Monte ao jornal Correio 24 Horas. O delegado contou ao G1 que as informações que levaram os familiares a violarem o túmulo não passaram de "boatos". Outro delegado, Antistenes Benvindo, que fez o registro do caso, também afirmou que a situação relatada pelos familiares não se sustenta.

Conforme Benvindo, a mãe de Rosângela estava sonhando há dias que a filha estava viva. Apesar da informação de parentes de que o corpo estava revirado e com ferimentos nas mãos e na testa, o delegado disse: "Ela estava do mesmo jeito, intacta. O irmão dela mesmo disse". Antistenes também acrescentou que as informações sobre ferimentos não são verídicas.

Sobre o relato de que o corpo da vítima estava conservado, a polícia disse ao G1 que informações médicas relatam que o uso de antibióticos durante o internamento e o tempo chuvoso favoreceram uma decomposição lenta.

Uma perícia foi feita no túmulo. A polícia espera concluir o caso em duas semanas.

Rosângela Almeida dos Santos, de 37 anos, estava internada no Hospital do Oeste, em Barreiras, com infecção respiratória. No dia 28 de janeiro, ela sofreu um choque séptico e faleceu. Um médico da unidade ouvido pelo G1 contou que nas últimas 24 horas antes da morte da mulher ela já apresentava quadro grave e irreversível.

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