Bancos digitais oferecem praticidade, mas são seguros?

Economistas chamam atenção para que os clientes fiquem atentos se a fintech oferece o Fundo Garantidor de Crédito

por Jameson Ramos ter, 04/09/2018 - 10:30

Como uma alternativa aos bancos tradicionais (físicos), há uma crescente no interesse dos consumidores nos últimos anos pelos bancos digitais, as fintechs (empresas de novas tecnologias do setor financeiro). Surgindo como um diferencial e oferecendo aos clientes baixo custo financeiro para a manutenção da conta e serviços de crédito mais prático, tudo isso frente às altas tarifas cobradas pelas instituições financeiras físicas tradicionais. No entanto, por conta dessa iminente crescente, os economistas chamam a atenção para que os clientes fiquem atentos se a fintech ao qual está conveniado oferece o Fundo Garantidor de Crédito (FGC). É ele que garante a seguridade do dinheiro, caso a empresa venha a ser liquidada pelo Banco Central.

Diferente do serviço internet banking, tradicionalmente oferecido pelos bancos físicos, os bancos digitais são plataformas 100% online, onde toda a movimentação financeira é feita, principalmente, pelo celular, por meio do aplicativo da fintech. Essas contas digitais, que podem ser oferecidas tanto pelos bancos tradicionais como por outras instituições de pagamentos estão cada vez mais atraindo clientes que querem fugir do relacionamento tradicional com o banco e procuram a agilidade da internet.

O economista e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Ecio Costa, confirma que esses bancos 100% digitais estão ganhando corpo por não sofrerem todas mesmas exigências de governança que atualmente são exigidos dos bancos físicos. “Até porque, se tivessem que passar por todas as mesmas exigências, eles provavelmente não conseguiriam operar devido às tamanhas condições que o Banco Central impõe para os bancos físicos tradicionais”, salienta Ecio.

Mas o alerta é necessário na hora em que as pessoas criam conta nessas plataformas. Algumas dessas fintechs não asseguram o dinheiro depositado nas contas, ficando o cliente suscetível à perda de seu dinheiro se por acaso a instituição seja liquidada pelo Banco Central; já que o Fundo Garantidor de Crédito, como forma de seguro, não vai poder ser acionado e tudo o que havia sido confiado na conta pode ser perdido. O economista Ecio Costa aponta que “é recomendado que não se coloque tanto dinheiro nessas contas virtuais. Se a pessoa já tiver uma conta tradicional, continue utilizando ela (podendo ser em paralelo às Fintechs)”, explica.

Claro que isso não é uma regra e existem fintechs ligadas ao Banco Central que asseguram todo o dinheiro que venha a ser depositado na conta de seu cliente, garantindo a ele a recuperação dos depósitos ou dos créditos de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, em caso de falência, insolvência ou liquidação extrajudicial de determinada fintech.

O Banco Central explica que qualquer instituição autorizada a funcionar pelo BC, independente de seus processos, sejam eles digitais ou não, deve seguir todo o regramento aplicável, inclusive regras prudenciais, de conduta, prevenção à lavagem de dinheiro, entre outras. A estrutura de atendimento ao cliente, se em meio digital ou por meio da presença física (agências), é de responsabilidade da própria instituição. No entanto, a Resolução nº 4.658 leva em conta a crescente utilização de meios eletrônicos e de inovações tecnológicas no setor financeiro, o que requer que as instituições tenham controles e sistemas cada vez mais robustos, especialmente quanto à resistência a ataques cibernéticos.

A Resolução prevê a obrigatoriedade de as instituições financeiras implementarem política de segurança cibernética e estabelece requisitos para a contratação de serviços de processamento e armazenamento de dados e de computação em nuvem, o que - em tese - garante uma maior segurança aos clientes contra possíveis ataques hackers.

Ecio Costa, que também é consultor financeiro de empresas, diz que hoje o maior papel desses bancos digitais não está sendo as movimentações bancárias e, sim, de ofertas de créditos como cartões com taxas de juros mais baixas e empréstimos também com as taxas de juros pequenas. “É uma modalidade que está atuando fortemente no mercado por conta do crédito operacional ser muito alto para os bancos tradicionais”, exclama o especialista.

As fintechs, além de oferecem novos produtos e alternativas aos clientes, acabam rompendo com as práticas mais tradicionais dos bancos e abrem novos horizontes de negócios, com a agilidade do digital, já que usar o smartphone para realizar transações financeiras é uma realidade pulsante no cenário brasileiro. Segundo última pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), cerca de 59 milhões de contas no Brasil estão habilitadas para o uso internet banking e esse mesmo número se repete para o uso mobile banking. 

"Com as Fintechs começando a atraír clientes, os bancos tradicionais possivelmente poderão começar a baixar o preço de suas tarifas, ou comprar esses players, ou ambas as coisas.  Mas um movimento no mercado vai acontecer", finaliza Écio Costa, professor da Universidade Federal de Pernambuco.

*Fotos: Julio Gomes/LeiaJáImagens

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