Geladeira solidária recebe alimentos para moradores de rua

Eletrodoméstico foi instalado na calçada da Rua Siqueira Campos, no bairro de Santo Antônio, centro do Recife

por Jorge Cosme sex, 05/04/2019 - 11:14

Um grupo que prefere se manter no anonimato comprou e instalou uma geladeira para pessoas em situação de rua no Recife. A ação é inspirada em um projeto semelhante realizado em Goiânia, no Estado de Goiás.

Desde a última segunda-feira (1º) o eletrodoméstico está instalado na calçada da Rua Siqueira Campos, próximo à Rua do Sol, no bairro de Santo Antônio, área central do Recife. A geladeira está ligada no prédio da Procuradoria Geral do Estado (PGE).  A assessoria da PGE afirmou que a ação não é da instituição, que apenas permitiu a energização da geladeira no local.

Nesta manhã, havia garrafas de água, caixa de leite, pão e bolacha na geladeira. Um comerciante próximo e uma pessoa em situação de rua lamentaram o fato de que a geladeira estava cheia no dia anterior, mas, segundo eles, as doações foram retiradas e vendidas na rua por usuários de drogas.

Desde os 18 anos Emerson Mendes mora na rua – eventualmente morando em alguma casa quando consegue emprego. Aos 41 anos, Emerson se disse surpreso com a ação. “É algo que não é esperado, é inacreditável. É difícil alguém fazer algo por morador de rua”, disse.

Mendes costuma dormir bem ao lado de onde a geladeira foi instalada, em um colchão sob uma estrutura de madeira. Justamente nesta madrugada, ele conta, a prefeitura recolheu esses itens, além das roupas, lençol e sandálias dele. “Agora é correr atrás de alguma coisa para dormir”, resumiu. O homem, que faz bicos como eletricista e pedreiro, também faz um clamor por uma vida mais digna. “Uma casa de recuperação ajuda, mas não é o ideal. Sei também que muitos moradores de rua se dedicam às drogas. Mas isso já veio de casa, foi de lá que ele se viciou. Se em casa ele não conseguiu sair, como na rua vai conseguir? Agora está sem mãe, sem pai, sem apoio de ninguém, é mais complicado”.

A geladeira atiça a curiosidade das pessoas que passam pela rua. Uma senhora se animou com a ideia. “Era importante que avisassem para as pessoas pegarem apenas aquilo que estava necessitando naquela hora, para não levarem tudo”, ela sugeriu.

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