Semana Santa: peixeiros insatisfeitos com a baixa procura

Os comerciantes do Mercado de São José, no Centro do Recife, revelam insatisfação com a baixa demanda por pescados

por Victor Gouveia qui, 18/04/2019 - 13:35

Além dos ovos de chocolate, o período da Semana Santa também é caracterizado por uma culinária à base de frutos do mar. Os dias que antecedem a quaresma enchem o Mercado de São José, no Centro do Recife, com interessados em encontrar pescados frescos por um preço atraente. Porém, com os refrigeradores cheios na véspera da Sexta-feira da Paixão (19), a maioria dos comerciantes reclama das vendas deste ano.

Os peixeiros confirmam que a Corvina sempre é o que mais sai. Junto da Cioba, a procura geralmente anima o comércio, mas em 2019 parece ser diferente. Marisco e camarão, estão atraindo mais os compradores. "Realmente tá devagar", afirmou a peixeira Regiares da Silva, junto com o vendedor de camarão e marisco Djalma Gomes, que assegurou a baixa procura, "esse ano tá fraco mesmo". Entretanto, o comerciante não se abate, "o que vale mesmo é ter saúde".

Já na peixaria de Edvaldo Gomes, que assumiu o espaço do pai, a quaresma está rendendo. "Tá tranquilo, com toda certeza vamos bater a meta. Já vendi mais de duas toneladas e a meta é zerar o freezer". Devido a demanda, as idas ao frigorifico estão sendo recorrentes, "se for juntar as notas, já peguei mais de quatro toneladas de peixe. Quero que na sexta eu diga: agora vou passar um mês em casa", brincou.

Fora do mercado, barracas se amontoam na esperança de atender primeiro os clientes com preços mais acessíveis. Entretanto, Misael Fernandes confirmou a insatisfação dos colegas do mercado, "tá meio devagar. Hoje fiz 20 kg de mercadoria". Próximo a sua balança, Maria do Carmo, vendedora de bredo e jerimum -ingredientes populares na mesa do pernambucano nesse período- revelou que tinha outra expectativa, "eu imaginava que essa quaresma ia ser melhor, mas pelo que tô vendo, vai ser pior que ano passado".

Embaixo do sol, com uma sacola cheia de azeites, Cláudio Vieira também mostra descontentamento, “pra não dizer que não vendi, hoje já foram seis. Mas cheguei quase agora”, afirmou esperançoso. Dessa forma, o comércio na quaresma tenta se sustentar e atrair clientes. Na base do grito, os vendedores tentam chamar atenção de quem passa para mudar o panorama.

 

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