Mulher é queimada viva por denunciar abuso sexual

A jovem morreu com 80% de seu corpo queimado em Bangladesh

por Jameson Ramos sex, 19/04/2019 - 13:52
SAZZAD HOSSAIN / AFP Mulheres protestam contra crime bárbaro SAZZAD HOSSAIN / AFP

Depois de denunciar o diretor de sua escola por assédio sexual, a estudante Nusrat Jahan Rafi, de 19 anos, foi queimada viva na instituição de ensino pelos próprios colegas. O caso aconteceu em Bangladesh, país conservador do sul da Ásia.

Nusrat teve a coragem que poucas mulheres que são vítimas de abusos sexuais no país tiveram, já que em Bangladesh elas escolhem manter os casos em segredo, por medo de serem humilhadas pela sociedade ou por suas próprias famílias.

Rafi procurou a polícia para denunciar o abuso. Em depoimento, ao invés de ter garantido o ambiente de segurança, a vítima foi filmada pelos policiais enquanto fazia a denúncia. Ela era de uma família conservadora e frequentava uma escola religiosa. Por isso, para uma garota em sua situação, relatar o assédio sexual pode trazer consequências.

Mesmo diante de tudo isso, a mulher foi adiante com a denúncia e o diretor de sua escola foi preso. De acordo com  a BBC, as coisas pioraram para a jovem com a prisão do abusador. As pessoas começaram a culpar Rafi e a sua família, que começou a se preocupar com a segurança.

No dia 6 de abril, a vítima precisou ir à escola para fazer as provas finais do semestre. Lá, uma estudante levou Rafi para o último andar da unidade de ensino. No local estavam cinco pessoas usando burcas e começaram a pressionar para que a vítima retirasse as acusações contra o diretor.

Na negativa da Rafi, os suspeitos atearam fogo contra ela, que conseguiu fugir e, no caminho para o socorro, gravou um depoimento sobre o fato. Com 80% do corpo queimado, a vítima não conseguiu sobreviver e morreu no dia 10 de abril.

Notícias sobre o caso dominaram Bangladesh, o que acabou mobilizando muitas pessoas a iniciarem um protesto contra os abusos sexuais cometidos no país. Desde então, a polícia prendeu 15 pessoas, sendo sete que estariam envolvidas com o assassinato de Rafi. Mensagens como "Burcas não param os estupradores" estão viralizando no local.  

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