Pesquisadores brasileiros podem mudar a teoria da evolução
Estudo financiado pela Fapesp descobriu ferramentas de pedra lascada de 2,4 milhões de anos
Financiada em sua maior parte pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), uma pesquisa pode mudar o rumo da história da evolução humana. A equipe composta por arqueólogos e cientistas brasileiros, italianos, americanos e alemães descobriu, em um sítio arqueológico no norte da Jordânia, ferramentas de pedra lascada de 2,4 milhões de anos. O encontro destes objetos deve confirmar que espécies de ancestrais humanos migraram do continente africano para o Oriente Médio cerca de 500 mil anos antes do que se tem registrado até o momento. Os materiais encontrados pelos pesquisadores são os mais antigos fora do continente africano.
Durante as escavações realizadas no vale do Rio Zarqa, a equipe localizou tipos de pedras afiadas que chamaram a atenção por apresentarem diferenças do que poderia ou não ser feito pelas forças da natureza. O pesquisador do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fábio Parenti, que integra a missão, afirma que há indícios de que o material foi manipulado por hominídeos. "Se vocês observarem a superfície de lascamento, vão reconhecer.
A descoberta da missão também se volta à teoria da evolução. Para o biólogo, arqueólogo e antropólogo evolutivo do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP (Universidade de São Paulo) e também participante da missão, Walter Neves, o estudo pode apontar que o homo habilis deu origem à exploração do planeta muito antes do homo erectus, o qual se imaginava ter iniciado o desbravamento do restante do mundo há 1,9 milhões de anos.
Pesquisas anteriores duvidavam que o homo habilis tivesse chegado antes do homo erectus à região do Cáucaso, na Geórgia. Ao localizarem cinco crânios parecidos com as duas espécies naquela localidade, estudiosos apenas consideraram que habilis e erectus conviveram na mesma época. Agora é possível perceber que ambas as espécies transitavam pela área há 2,4 milhões de anos e não há 1,9 milhões de anos, como os livros explicavam até hoje.
O estudo será publicado neste sábado (6) pela revista científica Quaternary Science Reviews.