Família acusa Hospital da Mulher de violência obstétrica
Mesmo sem conseguir andar, mulher recebeu alta após nascimento da filha. Exames posteriores constataram um edema e uma fratura
Uma família denuncia violência obstétrica e negligência no Hospital da Mulher do Recife, localizado no Curado, Zona Oeste da capital. A paciente Karine Barbosa de Souza, de 26 anos, deu à luz a uma menina em 8 de agosto e, desde então, tem sentido fortes dores e dificuldade de locomoção, mesmo tendo recebido alta da unidade de saúde.
Exames detectaram um edema e uma fratura em Karine. Segundo o marido da jovem, o jornalista Jameson Ramos, a situação é decorrente dos procedimentos realizados no parto.
Como a criança não estava nascendo, a obstetra solicitou que o pai ajudasse a empurrar as pernas de Karine, para que a mulher fizesse mais força. Jameson suspeita que a força colocada tenha machucado a mulher.
Karine ainda chegou a ser levada para o centro cirúrgico do hospital onde passou por nova intervenção. Minutos depois, Yohanna nasceu. "Na segunda-feira (12), ela recebeu alta, mas não conseguia andar ainda. Ela teve alta mesmo reclamando de dor", relata Jameson.
Os dias seguintes, que deveriam ser de felicidade, foram de preocupação. Karine gritava de dor e só conseguia andar se arrastando, empurrando uma cadeira ou com ajuda do marido.
A jovem foi socorrida para a Maternidade Barros Lima, em Casa Amarela, Zona Norte do Recife, e transferida ao Hospital Getúlio Vargas, na Zona Oeste da cidade. Lá, um exame de raio-x não identificou a origem das dores e a mulher foi medicada e encaminhada para a casa.
"No dia 19 voltamos para o Hospital da Mulher. Ela passou por uma ultrassonografia que constatou o edema", lembra o jornalista. Segundo Ramos, o edema está localizado no meio da coluna e tem causado dores na perna direita de Karine.
A mulher passou a tomar anti-inflamatório, mas as dores intensas seguiram e, mais uma vez, ela retornou ao Hospital da Mulher. "Dessa vez, eles fizeram uma ressonância. Foi então que encontraram a fratura no osso sacro dela", resume Jameson Ramos.
Nesta quarta-feira (28), a mulher segue na unidade de saúde à espera de alguma resolução para o seu caso. Ela chegou a ser encaminhada ao Hospital da Restauração (HR), no centro do Recife, mas o médico não verificou necessidade de cirurgia e ela retornou. "É um descaso total de um hospital que diz ser referência. Como um hospital dá alta para uma mulher que não consegue se levantar? Minha mulher está sofrendo, chorando, acamada, esperando o que vão fazer com ela", desabafa o marido. Esta é a segunda criança do casal.
Por nota, o Hospital da Mulher do Recife informou que, até o momento, não é possível relacionar o quadro clínico da paciente com o parto. De acordo com a unidade, o parto natural ocorreu sem intercorrências e a mulher recebeu alta por ter sido avaliada com boas condições clínicas. O hospital salienta que a usuária está recebendo o atendimento médico necessário e realizando exames para o fechamento do diagnóstico e para verificiar se existe algum fator pré-existente que justifique o quadro.