Depois de levar 5 tiros, vítima beija réu em julgamento

Durante julgamento, a vítima disse que foi ela quem provocou o rapaz e ele já tinha pago pelo erro que cometeu

por Jameson Ramos qua, 29/01/2020 - 16:16
Alvaro Pegoraro/Folha do Mate Julgamento aconteceu na manhã desta última terça-feira (28) Alvaro Pegoraro/Folha do Mate

Um homem identificado como Lisandro Rafael Posselt, de 28 anos, que estava sendo julgado pela tentativa de feminicídio contra Micheli Schlosser, 25 anos, foi beijado pela própria vítima durante o julgamento que aconteceu no Foro de Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul. O acusado está preso na Penitenciária Estadual do município depois de ter desferido sete tiros contra a mulher - cinco disparos acertaram na vítima, que sobreviveu.

A tentativa de feminicídio aconteceu em agosto do ano passado. Na época, os dois mantinham um relacionamento e teriam se desentendido em plena Rua Osvaldo Aranha, na cidade de São Leopoldo. Descontrolado, o acusado teria se pego a arma que levava consigo e efetuado os disparos. 

Segundo o Correio do Povo, durante o julgamento que aconteceu nesta última terça-feira (28), a vítima levantou da cadeira onde estava e pediu para abraçar e beijar o réu - o que foi consentido pelo juiz. Depois disso, a vítima disse que os disparos feitos pelo acusado aconteceram porque ela provocou o namorado. "Ele sempre foi muito bom para mim e já pagou pelo erro que cometeu", disse a mulher. 

Mesmo com o beijo de compaixão da vítima, o acusado foi condenado a sete anos de detenção em regime semiaberto cinco pela tentativa de feminicídio e dois por porte ilegal de arma. Ele poderá recorrer em liberdade. 

O promotor Pedro Rui da Fontoura Porto recorreu da decisão dos jurados. Em entrevista ao programa Terra em Meia Hora, da rádio Terra FM, Pedro Porto disse que a reação da vítima, de pedir a absolvição do réu, não é totalmente surpreendente, já que algumas vítimas de violência doméstica tendem a voltar atrás, perdoar e até lutar pela impunidade dos seus agressores.

“Mas não é comum em um caso tão grave como este, onde a vítima levou cinco tiros pelas costas”, observou o promotor. Pedro avalia como incomum o comportamento da vítima e destacou que o fato dela perdoar, no sentido de querer esquecer o episódio, seria aceitável, aponta o site local Folha do Mate.

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