Líderes religiosos mudam celebrações da Semana Santa

Igrejas católica e evangélica programam missas e cultos on-line até o domingo de Páscoa. Em Belém, procissões e reuniões estão canceladas.

por Brenna Pardal qui, 09/04/2020 - 13:27

Com o avanço do novo coronavírus e a renovação de mais 15 dias da quarentena, as celebrações da Semana Santa nas igrejas serão diferentes. Líderes religiosos mudaram as programações para evitar aglomerações e a movimentação de pessoas nas ruas, igrejas e templos.

Para a igreja católica, a celebração começa no Domingo de Ramos, uma semana antes da Páscoa. A festa comemora a entrada de Jesus em Jerusalém. Este ano não houve a Procissão de Ramos, como de costume.

Segundo o padre e coordenador arquidiocesano da Pascom Belém, Nilton Cezar, foi pedido para que os fiéis colocassem um ramo na porta ou no portão de suas casas. Um carro da Paróquia Cristo Peregrino, da qual o padre faz parte, realizou uma bênção das casas dos devotos. 

“Frente a esta pandemia do coronavírus, na qual devemos ficar em quarentena, a igreja orienta para que todos assumam essa consciência e postura de ficar em casa. Todas as celebrações têm sido transmitidas nesses dias para que os fiéis que se encontram em casa tenham a oportunidade de participar das santas missas”, informou o padre Nilton. Segundo ele, transmissões mais criativas possibilitam a participação dos fiés dentro de suas próprias casas.

De acordo com o padre Nilton, as recomendações do arcebispo de Belém, dom Alberto Taveira, são para que, nesta quinta-feira, os católicos coloquem uma vasilha e jarra com água na porta, janela ou em um lugar de destaque na frente da casa para que as pessoas entendam isso como uma disposição para o serviço e também para a celebração da comunhão. “A celebração não contará com o ato do lava-pés, exatamente por causa desta situação do coronavírus e pela ausência do povo na celebração. Na sexta-feira não contará com o beijo na cruz, embora tenhamos pessoas que fazem parte deste rito celebrativo, a equipe de liturgia”, explicou.

“Na sexta-feira existe um sinal recomendado pela igreja de colocarmos no portão ou na porta uma cruz, sinal da nossa pertença à igreja de Cristo e da nossa comunhão com a arquidiocese. No sábado, convidamos à celebração do Sábado Santo, a acender uma vela na hora da celebração da vigília com uma bíblia. Você coloca uma bíblia e a vela do lado e acende com um gesto de participação dessa celebração e renovação do batismo. No domingo, o nosso gesto é de colocarmos uma toalha branca no portão ou na porta simbolizando a ressurreição do Senhor”, explicou o padre.

A igreja evangélica não é diferente. Os líderes farão seus cultos on-line. A pastora da igreja evangélica Labaredas de Fogo, Ray Tavares, disse que os cultos da igreja já têm transmissão on-line desde o decreto do governo e que durante a Semana Santa vão continuar.

 “Como não estamos podendo fazer os cultos presenciais, nós vamos fazer os cultos on-line. Vamos fazer a Sexta-feira Santa ao pé da cruz normalmente como fazemos na igreja, montar a cruz e o manto. Vamos fazer uma manhã ao pé da cruz só que on-line, todo mundo nas suas casas. Domingo vamos fazer o culto da ressureição de Cristo que fazemos todos os domingos da ressureição, todos de branco. O culto da manhã será às 9 horas e à noite, às 18 horas. No decorrer da Semana Santa vai ser como estamos fazendo, dias de terça-feira, quarta e quinta-feiras, às 19 horas”, explicou a pastora.

De acordo com os líderes religiosos da igreja católica e da igreja evangélica, assim como em estabelecimentos e outra profissões, a igreja tem passado por momentos difíceis financeiramente, pois sem as suas celebrações religiosas não há arrecadação de ofertas e dízimos e a igreja sobrevive disso para poder honrar com os seus compromissos.

“A ausência do seu povo, que não pode participar dos eventos paroquias, não pode participar das nossas santas missas, e também a dimensão administrativa, financeira, que tem prejudicado bastante, por conta de muitas pessoas também não estarem recebendo, têm dificuldtado. Mas a igreja tem se reinventado nessa questão e disponibilizado vários cartões dinâmicos do dízimo para facilitar a vida dos seus paroquianos, assim também aumentando a equipe para ir de em casa em casa receber o dízimo, o que tem ajudado com os compromissos de honrar com os funcionários, pagar as contas, as despesas da paróquia e assim por diante”, explicou o padre Nilton.

“Perda da receita para manter as suas despesas mensais, isso é fato. Não é diferente como em qualquer um outro estabelecimento, porque a igreja se mantém dos dízimos e das ofertas. Quando você não tem culto, automaticamente você não tem arrecadação. Muita gente não sabe e não trabalha com transferência, não tem contas bancárias, então isso tem gerado um prejuízo, também essa questão da unidade, de estar se encontrando, conversando, aconselhando um ao outro. A gente trabalha muito com o aconselhamento pastoral e nós estamos impossibilitados de estar fazendo isso presencialmente. Estamos fazendo muito por telefone, mas não é a mesma coisa, então isso é um prejuízo porque essas pessoas estão se sentindo sem essa cobertura espiritual”, comentou a pastora Ray sobre as dificuldades.

 

 

 

 

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