Pandemia cancela casamentos no mês das noivas

Pesquisa da Lejour mostra que, até maio, 48% dos noivos adiaram datas das celebrações

por Alex Dinarte qui, 14/05/2020 - 16:13
Arquivo Pessoal Elisa Carvalho e André Garisto se casariam em maio, mas adiaram a cerimônia para novembro Arquivo Pessoal

De acordo com a tradição popular, maio é conhecido como o mês das noivas. Não se sabe ao certo a origem do título, mas alguns relatos remetem à herança cultural do Hemisfério Norte, no tempo em que o casamento era mais comum por lá no início da primavera. Outros usam como referência a doutrina católica do mês dedicado às mães e relacionam a feminilidade da época às noivas.

Entretanto, nenhuma das lendas reflete a atualidade. Os cartórios de São Paulo, por exemplo, registram dezembro e janeiro como recordistas de casamentos desde 2017. Já com a disseminação do novo coronavírus, os números despencaram em todo o Brasil. Dados da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen) mostram que o último mês de março emitiu 49.160 certidões de casamento. O indicador só é menor que a amostragem de fevereiro de 2015, quando o órgão expediu 53.783 declarações matrimoniais.

O casal Elisa Carvalho, 29 anos, e André Garisto, 32 anos, foi um dos que teve que adiar os planos de celebrar a união em maio. A autônoma e o consultor administrativo casariam no primeiro fim de semana do mês, mas tiveram que adiar para o início de novembro devido às incertezas do momento pandêmico. "Foi uma decisão difícil, faltava pouco menos de dois meses para o casamento quando adiamos", conta Elisa. Ambos vivem em São Paulo, mas a cerimônia vai ser realizada em Florianópolis (SC).

Apesar de considerar o processo de suspensão um pouco trabalhoso, a autônoma deixa claro que não teve nenhum prejuízo financeiro. "Todos os fornecedores foram muito compreensivos e alteraram os contratos sem custo", relata a noiva, que teve apoio irrestrito dos convidados e demais envolvidos na celebração. "Avisamos para que todos conseguissem remarcar suas viagens e ajudamos como podíamos, inclusive negociamos com o hotel a alteração da data das diárias sem custo", complementa.

Segundo Elisa, o adiamento foi a melhor saída para preservar, principalmente, a saúde dos convidados, pois grande parte pertence ao grupo de maior risco em relação à infecção pelo causador da Covid-19. "Planejamos esse momento com muito carinho e não queríamos que as pessoas amadas estivessem expostas ou com medo. Quando for a hora, queremos todos com a gente de coração completo", ressalta. Com a suspensão da cerimônia, alguns outros festejos do casal também ficaram para depois, como a lua de mel na Itália e a despedida de solteiro dos dois, mas ambos os eventos ainda não têm data para acontecer.

Ajuda no momento certo

A Lejour, startup da rede varejista Fast Shop, é uma das companhias que tomou a iniciativa de auxiliar, de maneira gratuita, os pares forçados a adiar a cerimônia de união matrimonial. "Identificamos com casais e fornecedores os principais desafios no período de quarentena e, a partir deles, desenvolvemos soluções para facilitar o processo de adiamento das festas, evitando cancelamentos e minimizando os impactos para todos os envolvidos", explica Rodrigo Mestres, CEO da Lejour.

A empresa utiliza a tecnologia por meio de atendimento a distância para ajudar casais a encontrar, agendar visita e negociar direto com os fornecedores certos, de acordo com o desejo dos noivos. Para tal, a própria empresa realizou uma pesquisa para avaliar os impactos da pandemia com as suspensões dos eventos.

O levantamento constatou que 48% dos noivos com casamento marcado até este mês de maio, já alterou a data da celebração. Já entre as empresas que atuam no segmento, as preocupações mais citadas foram a mensuração dos impactos financeiros do período pandêmico (54%) e a assimilação das datas para as quais os eventos foram adiados (36%).

"Há uma logística complexa e um calendário apertado que dificultam ainda mais os processos de adiamento. Muitos fornecedores têm as festas como principal fonte de renda, e não podemos deixá-los desamparados neste momento", reflete Mestres. Ainda de acordo com o CEO da Lejour, a expectativa do mercado é para a reviravolta nos dois próximos semestres. "Esperamos uma maior concentração de festas para o segundo semestre deste ano e aumento considerável da procura por datas para 2021", complementa.

 

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