Conheça a rotina dos cuidadores de idosos na quarentena

Categoria teve que redobrar as precauções para que os profissionais não sejam contaminados nem disseminem o coronavírus

por Alex Dinarte ter, 09/06/2020 - 16:36

A rotina dos profissionais da saúde é outra após o decreto de pandemia pelas autoridades do setor. Acostumados com a preocupação relacionada à higienização no seu cotidiano de trabalho, a categoria teve que redobrar os cuidados e se adaptar às recomendações que podem evitar a contaminação pelo novo coronavírus.

Entre as funções da área de saúde, está o trabalho dos cuidadores de pessoas idosas. Como os mais velhos foram classificados no chamado "grupo de risco" em relação ao contágio pela Covid-19, a responsabilidade dos profissionais que acompanham quem necessita de assistência diária para as práticas básicas aumentou, como relata a cuidadora Bianca Costa, 21 anos.

A cuidadora Bianca Costa redobrou os cuidados durante a pandemia. Foto: arquivo pessoal

"Assim que chego ao trabalho, vou fazer a higienização e troco as peças de roupa que usei no caminho por outras limpas", conta. Ainda de acordo com Bianca, o carinho demonstrado via contato físico com a dona Maria Sirilo, 93 anos, de quem ela cuida desde o início de 2020, também ficou no passado.

"Antes podíamos abraçar, conversar de pertinho, dar beijo no rosto sem precisar ter medo e agora adquirimos o hábito de não ficarmos muito próximas uma da outra mesmo com o uso da máscara", lamenta.

Em atividade na profissão desde o ano de 2013 e de modo oficial há dois anos, Bianca aponta o isolamento social como principal medida para não levar risco para o ambiente de trabalho. "Primeiro evito o meio de transporte público, depois faço o máximo para não ter contato com pessoas que não estejam ao meu redor no dia a dia", explica.

Com experiência na função de cuidadora há quase duas décadas, a técnica de estereometria Jane Rosário, 48 anos, teve que mudar de maneira radical o tratamento com os idosos da casa de repouso Terça da Serra. "Já tinha o hábito de lavar as mãos quando ia de um hóspede para o outro, mas não tínhamos tantas trocas de roupa", fala.

Trabalhando em uma casa de repouso, Jane Rosário recebeu treinamento e equipamentos para reduzir os riscos de infecção. Foto: arquivo pessoal

Segundo Jane, novos itens fazem parte do uniforme na empresa. "Além do jaleco e da máscara, agora temos avental descartável e propé (invólucro para calçados), pois todo o cuidado é pouco", enfatiza.

Para Jane, ações como a não utilização do transporte público em horário de pico e a manutenção da distância no convívio com outras pessoas têm sido as saídas para se proteger do contágio fora do local de trabalho. "Sei que se me proteger estarei protegendo todos os idosos que tenho contato", acrescenta.

Orientações

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) elaborou um material para que os cuidadores de idosos utilizem como referência no seu dia-a-dia. Com ilustrações e informações sucintas, a cartilha faz recomendações em relação à assepsia, ventilação do ambiente e orienta os profissionais na higienização dos pertences após o deslocamento casa-trabalho-casa. Para acessar a apostila, clique aqui.  

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