Como as redes sociais podem atingir e moldar a autoestima

Mídias devem ser usadas com moderação, pois podem causar problemas de relacionamentos, depressão e ansiedade

por Junior Coneglian qui, 29/10/2020 - 11:06
Kate Torline / Unsplash Kate Torline / Unsplash

Em um mundo regido pela era digital, as relações interpessoais sofrem influências diretas dos ambientes virtuais em que se desenvolvem, como acontece nas redes sociais. Algumas dessas interações podem ser consideradas superficiais, mas causam impactos na vida real. Assim, com o dia a dia sendo compartilhado, postado e curtido em ferramentas como Instagram, Twitter e Facebook, o que é exposto no mundo virtual faz uma ligação direta com a autoestima dos usuários.

"Antes da modernização da tecnologia, a população admirava as pessoas mais próximas, como parentes e amigos, ou famosos que apareciam na televisão e tinham sua vida publicada em revistas e jornais. Com a intensificação das redes sociais, não só os famosos, mas também a população anônima passou a aparecer nas mídias, o que gerou até novas formas de trabalhos e profissões", reflete a psicóloga Adah Cristine Silva Pracz. 

Como consequência, as interações nas redes geram comparações, admirações, desejos e mudanças, e por isso requerem consciência e preparo por parte do usuário, que pode ter a saúde mental afetada diante da construção virtual ao qual é exposto e que muitas vezes não condiz com a realidade. "Quando a pessoa começa a se desvalorizar, passa a querer ter o corpo do outro, viver a vida do outro e deixa de fazer suas tarefas diárias para ficar pesquisando a vida de alguém, isso já demonstra que a pessoa está adoecendo, pois está deixando de enxergar a si mesmo e passando a ter baixa autoestima, o que causa sofrimento. O que é visto por alguns como um super fã, na verdade, se trata de uma pessoa que precisa de tratamento para cuidar de seus problemas emocionais", diz Adah.

Ao carregar imagens pouco realistas, que ditam e moldam a forma que todos deveriam viver suas vidas, um estereótipo de beleza e estilo de vida que não é facilmente alcançável acaba por preencher feeds de plataformas digitais, como o Instagram. "Isso facilmente pode gerar mal-estar. Essa é uma parte do impacto das redes sociais na nossa autoestima", comenta a psicóloga.

A estudante de Pedagogia Thainá Santos, 24 anos, precisou se afastar das redes sociais. Ela relata que, diante dos feeds não se sentia bem, não se via representada e que não sabia de onde vinha esse sentimento que afetava sua autoestima. "Fui atrás de terapia, pois essa questão estava tão forte que não me reconhecia mais. O resultado foi o afastamento das redes, proposto por minha psicóloga. Relutei de início e depois entendi que, eu, uma mulher negra e gorda me rodeava virtualmente de outras que nada tinham a ver comigo", conta. "Fiquei alguns meses sem ver nada de ninguém e através de exercícios diários para controlar minha vontade de estar por dentro de tudo, ressignifiquei minhas relações com as redes sociais", complementa ela que, atualmente, usa as mídias sociais apenas três vezes por semana.

A estudante Thainá Santos, que mudou a interaçaõ com as redes sociais | Foto: Reprodução / Instagram

A orientação da psicóloga Adah é de que as redes sociais devem ser usadas com moderação, pois, caso a interação seja mal administrada, pode causar problemas de relacionamentos, depressão e ansiedade. "Essas ferramentas devem ser usadas para o fácil acesso de notícias, informações e culturas. Também devem ser usada para admirar ídolos ou procurar melhorias, por exemplo, tendo em mente que nenhuma daquelas pessoas possuem a vida perfeita", orienta. "Para problemas de autoestima, é recomendado que a pessoa procure um psicólogo e talvez seja necessário passar no psiquiatra, pois este pode prescrever o uso de medicamentos para auxiliar no tratamento do paciente", finaliza.

 

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