Especialista fala sobre riscos de realizar Copa América

Médico explica que seguidos com rigor todos os protocolos da OMS, os riscos da realização de um evento esportivo de grande porte diminuem

por Rafael Sales qui, 10/06/2021 - 20:13
Flick/Palácio do Planalto - Carolina Antunes Maracanã lotado na última Copa América no Brasil Flick/Palácio do Planalto - Carolina Antunes

No próximo domingo (13) começam a ser disputados os primeiros jogos da Copa América no Brasil. Inicialmente, o torneio estava programado para acontecer na Colômbia e Argentina, mas por motivos políticos e sanitários, em virtude da Covid-19, ambos abriram mão de sediar o evento. A pedido da Conmebol, o governo brasileiro aceitou o convite para receber o evento, mesmo com os números altos de infecções e mortes pelo novo coronavírus.

Com a definição do país sede, a página oficial da Copa América divulgou que Brasília, Cuiabá, Goiânia e Rio de Janeiro serão as regiões brasileiras responsáveis por receber as partidas de futebol. Em resposta na publicação, um dos comentários de maior repercussão, foi de um brasileiro que disse: “Não queremos Copa América”. Entre outras reações, até mesmo estrangeiros se expressaram: “Pobres brasileiros. Milhares morrendo por dia e agora vão sediar a Copa América”.

Apesar da repercussão negativa que a realização da  Copa América neste momento tem gerado, segundo Marco Antonio Pedroni,  especialista em medicina esportiva e professor da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), é possível realizar competições esportivas de grande escala, desde que todos os protocolos de saúde contra o vírus sejam seguidos com rigor por todos os profissionais envolvidos, desde atletas, treinadores e membros das delegações esportivas.

Dentre os protocolos recomendáveis  é a testagem destes participantes, para identificar se os indivíduos têm o vírus. A partir das qorientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), Pedroni aponta que diante da suspeita ou no diagnóstico da doença, é necessário realizar o afastamento do indivíduo dentro de um período que varia entre 10 a 14 dias. “Nós não temos uma casuística de aumento de casos quando se seguem todos os protocolos de gerenciamento de risco e cuidado”. Já quando se trata da possibilidade de torcedores e plateia nos estádios, é necessário entender o que as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde orientam.

Apesar da possibilidade em se realizar os eventos esportivos, na visão do especialista, existem chances de novas variantes do coronavírus chegarem ao Brasil, não apenas por conta de eventos esportivos, mas também quando se trata de viagens, caso os protocolos não sejam seguidos. “Temos pacientes chegando nos nossos aeroportos internacionais onde não é realizado nenhum tipo de teste. Então, da mesma forma que os atletas podem trazer novas variantes, nossos viajantes também podem”, afirma.

Este foi o caso de um homem de 32 anos, morador do município de Campos de Goytacazes no Rio de Janeiro, que estava na Índia e desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, no dia 22 de maio deste ano. Após o diagnóstico de sua testagem, foi identificado que o indivíduo carregava consigo a variante indiana do vírus: B.1.617. Entretanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alertou o caso quando o homem já estava no Rio de Janeiro.  

Algumas regiões do planeta estão realizando eventos esportivos, como as Olimpíadas no Japão e podem servir de exemplo sobre como lidar com a organização de uma competição que abrange dezenas de pessoas envolvidas. Segundo o especialista, este é um caso em que os cuidados estão sendo tomados com todo o rigor possível. “Fazendo esse controle, não acredito ser um fator preocupante na vinda de novas variantes com os participantes dessas atividades. Mas, novamente:desde que sejam respeitados os critérios e cuidados de averiguação, se as pessoas têm ou não alguma suspeita de contaminação”, finaliza.

 

 

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