Sai na sexta (25) a sentença do assassino de George Floyd

A lei do estado de Minnesota estabelece uma sentença mínima de 12 anos e meio de prisão para o ex-policial

qui, 24/06/2021 - 16:04
Handout / Hennepin County Jail / AFP Derek Chauvin, o policial que matou George Floyd Handout / Hennepin County Jail / AFP

O ex-policial Derek Chauvin ouvirá sua sentença nesta sexta-feira (25) pelo assassinato de George Floyd, um homem negro cuja morte gerou as maiores manifestações em décadas nos EUA contra a brutalidade policial e reivindicando justiça racial.

A lei do estado de Minnesota estabelece uma sentença mínima de 12 anos e meio de prisão para o ex-policial branco de 45 anos, detido desde que foi condenado por assassinato há dois meses.

Mas o juiz Peter Cahill, que definirá a sentença em um tribunal de Minneapolis, identificou circunstâncias agravantes que podem indicar uma sentença muito mais severa.

O magistrado considerou que Chauvin "abusou da sua posição de confiança e autoridade", que tratou Floyd com "especial crueldade" frente a menores e que "cometeu o crime como grupo com a participação ativa de pelo menos outros três" policiais.

Em 25 de maio de 2020, Chauvin e três colegas prenderam Floyd, de 46 anos, sob suspeita de que ele havia usado uma nota falsa de US$ 20 em uma loja em Minneapolis, uma cidade ao norte dos Estados Unidos. Ele foi algemado e imobilizado na calçada no meio da rua.

Então Chauvin se ajoelhou no pescoço de Floyd por quase dez minutos, indiferente às reclamações de Floyd e dos transeuntes angustiados com a situação.

A cena, filmada com um telefone celular e colocada nas redes por uma jovem, rapidamente se tornou viral. Depois de semanas de confinamento domiciliar por causa da pandemia da covid-19, centenas de milhares de pessoas foram às ruas em todo o país e também em outros países, para exigir o fim do racismo e da brutalidade policial nos Estados Unidos.

As grandes manifestações foram acompanhadas pelo debate em torno dos problemas sociais urgentes que afetam os Estados Unidos, onde o presidente Joe Biden tenta realizar as reformas policiais que prometeu durante sua campanha.

- "Boa fé" -

Nesse contexto, o julgamento de Chauvin foi acompanhado de perto por milhões em todo o país.

O ex-policial se recusou a testemunhar. Seu advogado declarou que ele seguiu os procedimentos policiais em vigor na época e que a morte de Floyd aconteceu por causa de problemas de saúde agravados pelo consumo de drogas.

O júri não ficou convencido e demorou menos de dez horas para considerá-lo culpado. Sua decisão foi observada com alívio em todo o país, pois muitos temiam que uma absolvição levasse a manifestações piores com a liberação, mais uma vez, de um policial branco.

O advogado de Chauvin, Eric Nelson, disse que seu cliente cometeu "um erro de boa fé" e pediu uma sentença reduzida ao tempo já cumprido, o que permitiria que seu cliente fosse imediatamente libertado.

Por sua vez, o Ministério Público citou a conduta "particularmente cruel" do condenado e pediu a pena máxima de 30 anos de prisão.

Qualquer que seja a decisão do tribunal, a defesa entrará com recurso. Nelson antecipou sua intenção de pedir a anulação do veredicto, citando dúvidas sobre a imparcialidade de alguns jurados.

Mas o caso não termina com Chauvin: seus três ex-colegas serão julgados em março de 2022 sob a acusação de cumplicidade em assassinato.

Ao mesmo tempo, os quatro homens também enfrentam acusações federais por violar os direitos constitucionais do Floyd. Ainda não foi marcada uma data para esse julgamento.

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