Confira cuidados contra a mucosite oral

Professor associado de Estomatologia da Universidade de Brasília, Paulo Figueiredo elencou dicas para pacientes

por Jennifer Buarque sab, 03/07/2021 - 18:44

Pacientes com câncer sofrem com a mucosite oral, inflamação da mucosa bucal, com formação de pseudomembrana e fonte potencial de infecções com risco de morte. Ela aparece frequentemente em 80% dos pacientes que recebem quimioterapia em altas doses e em até 100% dos que passam por tratamento de radioterapia para tumores de cabeça e pescoço.

Para o médico Paulo Figueiredo, professor associado de Estomatologia da Universidade de Brasília e coordenador da Residência Multiprofissional em Odontologia e Atenção Oncológica do Hospital Universitário de Brasília, a toxicidade causada pela aplicação dos tratamentos e a chamada mielossupressão, quando a atividade da medula óssea é diminuída, são fatores que aumentam a decorrência dessas inflamações e/ou lesões na região. “Tanto a quimio como a radioterapia comprometem a renovação da célula nas camadas mais profundas do epitélio, o que facilita a descamação da pele”, explica, conforme sua assessoria de comunicação.

De acordo com o médico, a mucosite oral também acomete aproximadamente de 20 a 40% dos casos de quimioterapia convencional. Paulo Figueiredo aponta: “Tais complicações podem prolongar a hospitalização e diminuir a qualidade de vida do paciente. Em alguns casos pode haver até a interrupção completa do tratamento”.

Constantemente se apresentando em forma de eritema (vermelhidão), ardência bucal e lesões ulcerativas, às vezes com sangramento, afetando principalmente as regiões dos lábios, língua, mucosas, gengivas e garganta, a mucosite oral faz o paciente começar a se queixar de interferência na qualidade da saliva e da voz, causando dor, dificuldade em deglutir (disfagia) e incapacidade de se alimentar. Segundo a Associação Multinacional de Cuidados de Suporte ao Câncer e a Sociedade Internacional de Oncologia Oral, há sete métodos que os pacientes podem adotar para amenizar a situação: cuidados bucais básicos; Fatores de crescimento e citocinas; Agentes anti-inflamatórios; Antimicrobianos, agentes de revestimento, anestésicos e analgésicos; laser e outra terapia de luz; crioterapia; e agentes naturais e diversos. A prevenção, porém, ainda é o mais indicado. Podem ser usados, por exemplo, lascas de gelo, gelo picado, picolé, além da realização de bochechos com água gelada na cavidade oral durante a administração dos quimioterápicos.

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