PE tem aumento de 469% nos casos de chikungunya

Estado alerta para importância das ações de vigilância individuais e pelos municípios. Segundo a gerente de Vigilância de Arboviroses, Claudenice Pontes, 'população também precisa estar atenta aos sintomas específicos'

por Kauana Portugal sex, 13/08/2021 - 12:01
AEN/ Fotos Públicas Mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya AEN/ Fotos Públicas

Segundo dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), em 2021 o estado de Pernambuco registrou 9.378 casos chikungunya, um aumento de 469% (1.648) em relação ao ano passado. A informação está presente no boletim de arboviroses correspondente a Semana Epidemiológica (SE) 30, no intervalo que corresponde aos dias 3 de janeiro até 31 de julho.

Além da chikungunya, o documento mapeou também os episódios de dengue e zika, todos transmitidos pela fêmea adulta do mosquito Aedes Aegypti. No total, foram 6.926 diagnósticos para dengue e 10 para zika. Sendo assim, em comparação ao mesmo período de 2020, há queda de 15,2% (8.174) para dengue e de 28,6% para zika (14 casos). 

Ademais, a SES notificou outros 31 casos que evoluíram para óbitos suspeitos de arboviroses, sendo um já confirmado para dengue e dois descartados. Os demais seguem em investigação.

A partir do balanço, considerado preocupante sobretudo face ao enfrentamento da Covid-19, a gerente de Vigilância de Arboviroses, Claudenice Pontes, alertou para a importância das ações de vigilância individuais e nos municípios.

“As chuvas constantes e temperaturas elevadas tornam-se os fatores perfeitos para reprodução do Aedes Aegypti e essa combinação se intensifica no verão. A principal forma de prevenção contra os arbovírus é não deixar o Aedes aegypti nascer. Para isso, é preciso a adoção de medidas para evitar a proliferação do mosquito, manter caixa d'água, baldes e demais recipientes para armazenamento de água bem vedados, e sempre vistoriá-los", frisou.

De acordo com a gestora, o contexto da pandemia do novo coronavírus foi um fator decisivo para que os municípios realizassem as já conhecidas ações de monitoramento. A SES-PE, no entanto, prossegue com as análises das notificações de casos suspeitos, prestando também apoio técnico aos gestores. 

“No caso da dengue, a existência de 4 sorotipos virais dificulta a imunização total da população exposta. Em relação a chikungunya e zika, mesmo com a introdução do vírus no Estado lá 2015, ainda é possível encontrar pessoas vulneráveis, ou seja, que não foram expostas ao vírus”, explicou Claudenice.

“Além disso, os sintomas de chikungunya são mais expressivos, o que facilita a identificação. Já no caso da zika é bem provável que estes números sejam bem maiores que o expressado no sistema de informação, pois existem aquelas pessoas assintomáticas, o que dificulta a identificação da circulação", acrescentou.

Arboviroses e Covid-19: como diferenciar?

A população também precisa estar atenta aos sintomas específicos das arboviroses, que em sua fase inicial podem ser confundidos com a sintomatologia da Covid-19.

“As doenças relacionadas às arboviroses e o novo coronavírus apresentam, em muitos casos, o quadro comum de febre, dor de cabeça e dores no corpo. O que difere à primeira vista é a presença de manchas e coceiras na pele, o que não ocorre com a Covid-19. Para Covid-19, destacamos a tosse e o desconforto respiratório progressivo”, pontua Claudenice Pontes.

Para Pontes, é preciso um cuidado especial com os possíveis casos de dengue, doença que pode evoluir rapidamente ao óbito caso não seja tratada corretamente.

“Após a fase febril, podem aparecer sinais de dores abdominais intensa, vômitos persistentes e pele pegajosa e fria. Esses sintomas precisam ser valorizados e o paciente levado para unidade de saúde. Não existe tratamento específico para as infecções ocasionadas pelas arboviroses. A orientação que podemos dar é que surgindo qualquer sintoma, a pessoa procure uma unidade de saúde mais próxima de sua residência, pois é lá que, após análise da sintomatologia, os profissionais vão indicar a conduta adequada. Além disso, o paciente deve manter repouso e ingerir bastante líquido durante os dias de manifestação desses sinais”, finalizou a gerente. 

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