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O governador de Minas Gerais (MG), Romeu Zema, decretou situação de emergência em saúde pública no Estado devido à alta incidência de casos de dengue e chikungunya. O decreto, publicado no Diário Oficial de Minas Gerais, já está em vigor e tem prazo de 180 dias.

O texto, entre outros pontos, autoriza "a adoção de todas as medidas administrativas e assistenciais necessárias à contenção do aumento da incidência de casos de Arboviroses, em especial a aquisição pública de insumos e materiais, doação e cessão de equipamentos e bens e a contratação de serviços estritamente necessários ao atendimento da situação emergencial."

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A decisão estabelece ainda que a dispensa de licitação devido à situação emergencial somente será permitida enquanto esta perdurar, respeitada a vigência do decreto.

Um estudo realizado pela Secretaria de Saúde do município do Paulista, na Região Metropolitana do Recife, está avaliando o nível de infestação na cidade do mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, zika e chikungunya. O levantamento, que será realizado até a próxima sexta-feira (5), tem como objetivo possibilitar a implementação de ações de prevenção e controle mais eficazes contra as doenças.

O trabalho, que vem sendo realizado em todos os bairros do município, é executado por 103 Agentes de Combate às Endemias (ACEs). Para alcançar as metas do Levantamento de Índice Rápido para o Aedes aegypti (LIRAa), a prefeitura pede que os moradores recebam os profissionais em suas casas. Aproximadamente 6.200 imóveis, provenientes de sorteio, devem ser visitados pelas equipes.

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"A participação ativa das comunidades recebendo os nossos Agentes de Combate às Endemias é fundamental para o processo. A prevenção e a eliminação dos criadouros dependem de iniciativas individuais e coletivas", afirma a médica veterinária e diretora de Vigilância Ambiental, Sílvia Vasco.

De acordo com a gestão municipal, as atividades do LIRAa, que acontecem bimestralmente, envolvem a coleta de dados em um período de tempo relativamente curto, “permitindo uma análise rápida da situação”.

 

Desde quinta-feira, 9, o mundo tem uma vacina contra a chikungunya. O imunizante, chamado Ixchiq, foi desenvolvido em parceria pelo Instituto Butantan, órgão vinculado à Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, e a empresa de biotecnologia franco-austríaca Valneva e aprovado para ser ministrado em maiores de 18 anos nos Estados Unidos.

A decisão foi da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora responsável por autorizar o uso de medicamentos naquele país, que concedeu a aprovação à Valneva Austria GmbH. A avaliação levou em conta os dados americanos do ensaio clínico de fase 3 publicados em junho na revista The Lancet, que mostraram que a vacina é segura para adultos e induziu anticorpos em 98,9% dos participantes da pesquisa. A chikungunya não tem tratamento específico.

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No Brasil a vacina ainda não está liberada. O Butantan deve encaminhar o pedido de aprovação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no primeiro semestre de 2024. O Butantan também está conduzindo estudo de fase 3 no Brasil, região onde há transmissão do vírus, desta vez em adolescentes. O resultado deve sair nos próximos meses e pode fundamentar a indicação da vacina também para este grupo etário.

"É uma ótima notícia para todos. Estamos cada vez mais próximos de oferecer uma vacina contra chikungunya para a população. O Butantan tem muito orgulho de participar ativamente deste processo de desenvolvimento", afirma o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás.

"A infecção pelo vírus chikungunya pode causar problemas de saúde prolongados, especialmente em adultos mais velhos e indivíduos com condições médicas subjacentes", disse Peter Marks, diretor do Centro de Avaliação e Pesquisa Biológica da FDA. "A aprovação atende a uma necessidade médica e é um avanço importante na prevenção de uma doença potencialmente debilitante e com opções de tratamento limitadas."

Segundo a FDA, a vacina é ministrada em dose única por injeção no músculo. Ela contém uma versão viva e enfraquecida do vírus chikungunya e pode causar sintomas semelhantes aos sentidos por pessoas com a doença.

A eficácia do Ixchiq baseia-se em estudo clínico realizado nos Estados Unidos em indivíduos com 18 anos de idade ou mais. A resposta imunitária de 266 participantes que receberam a vacina foi comparada com a resposta imunitária de 96 participantes que receberam placebo. O imunizante induziu produção de anticorpos neutralizantes em 98,9% dos participantes. Seis meses após a vacinação, a proteção ainda foi mantida em 96,3% dos voluntários.

A segurança da Ixchiq foi avaliada em dois estudos clínicos realizados na América do Norte, nos quais cerca de 3.500 participantes com 18 anos ou mais receberam uma dose da vacina; outros cerca de 1.000 participantes receberam um placebo.

Os efeitos colaterais mais frequentes foram dor de cabeça, fadiga, dores musculares, dores nas articulações, febre, náusea e sensibilidade no local da injeção. Reações adversas graves semelhantes à chikungunya, que impediram a atividade diária e/ou exigiram intervenção médica, ocorreram em 1,6% dos que receberam Ixchiq. Duas pessoas vacinadas precisaram ser hospitalizadas.

Alguns receptores tiveram reações adversas por mais de 30 dias. As informações de prescrição incluem um aviso para informar que a vacina pode causar reações adversas graves ou prolongadas semelhantes às da chikungunya.

A FDA determinou que os fabricantes conduzam um estudo pós-comercialização para avaliar o risco de reações adversas graves semelhantes à chikungunya entre os vacinados.

No Brasil

A vacina está sendo testada no Brasil em 750 adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos que residem em áreas endêmicas nas cidades de São Paulo, São José do Rio Preto, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Recife, Manaus, Campo Grande, Boa Vista e Laranjeiras-SE.

A chikungunya é uma doença viral transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Alguns casos podem ser assintomáticos e outros podem causar febre acima de 38,5°C e dores intensas nas articulações de pés e mãos, além de dor de cabeça, dor muscular e manchas vermelhas na pele.

As sequelas deixadas pela chikungunya - principalmente as fortes dores articulares - podem se tornar crônicas e durar anos. "Muitos desses casos ocorrem em pessoas jovens, que não conseguem mais trabalhar. Então, essa arbovirose acaba tendo consequências não só na saúde, mas na economia", aponta a diretora médica do Butantan, Fernanda Boulos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o vírus chikungunya já foi identificado em 110 países na Ásia, África, Europa e nas Américas. No Brasil, os casos aumentaram 78% de 2021 para 2022.

A principal forma de prevenção atualmente é o combate ao mosquito transmissor, assim como no caso da dengue. Isso inclui esvaziar e limpar frequentemente recipientes com água parada, como vasos de plantas, baldes, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e descartar adequadamente o lixo.

Um grande teste da primeira vacina contra o vírus chikungunya, transmitido por mosquito, teve resultados positivos, anunciou a farmacêutica francesa Valneva nesta terça-feira (13).

Os resultados foram elogiados por especialistas, embora o tenha sido realizado com pacientes nos Estados Unidos, onde o vírus não é endêmico.

Detectado em 115 países desde a sua descoberta na Tanzânia, em 1952, o vírus causa febre e dores nas articulações, e raramente é fatal. É transmitido aos seres humanos por meio do mosquito do tipo Aedes.

A doença, para a qual ainda não existe medicamento, cresceu exponencialmente nas Américas. Entre janeiro e abril, foram detectados 135 mil casos no continente, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Nos primeiros seis meses de 2022, foram registrados 50 mil casos na região.

A Valneva testa a vacina em adolescentes no Brasil, onde o vírus é endêmico. Os resultados podem ser decisivos para o futuro do medicamento.

A vacina desenvolvida pela Valneva é conhecida como VLA1553. Segundo a empresa, autoridades americanas podem dar a sua aprovação em agosto.

O novo teste, de fase três (última fase antes de solicitar o exame do medicamento perante autoridades) envolveu mais de 4.100 adultos saudáveis nos Estados Unidos, onde o chikungunya não é endêmico. Um total de 99% dos pacientes geraram anticorpos capazes de neutralizar o vírus, segundo estudo publicado na revista "The Lancet".

A vacina, que requer uma injeção única, gerou efeitos colaterais semelhantes aos de outros fármacos. Os resultados são promissores, destacou Martina Schneider, chefe de estratégia clínica da Valneva e principal autora do estudo. "Ela poderia representar a primeira vacina contra o chikungunya para quem vive em regiões endêmicas, bem como para viajantes."

A OMS alertou em abril que doenças transmitidas por mosquitos, como dengue e chikungunya, poderiam se espalhar devido às mudanças climáticas. Outro medicamento contra o vírus é desenvolvido pela farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic.

Por falta de estoque, o Ministério da Saúde tem atrasado o envio de inseticidas contra o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, da chikungunya e da zika - o produto é utilizado na nebulização espacial (conhecida popularmente como fumacê). Há escassez do insumo e atraso no repasse a Estados desde o ano passado e a alta de casos em vários pontos do País preocupa.

Ao Estadão, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do ministério, Ethel Maciel, disse que a atual gestão assumiu "sem nenhum estoque". "Já refizemos os contratos, mas, como são compras internacionais, que chegam de navio, a previsão de entrega é demorada. Um dos (itens) que precisávamos foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no fim de fevereiro." Segundo ela, a situação de quatro Estados, onde há condições climáticas mais favoráveis à reprodução do mosquito, preocupa mais: Espírito Santo, Minas, Tocantins e Santa Catarina.

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Até o fim de fevereiro, segundo o ministério, o Brasil teve alta de 46% nos casos de dengue e de 142% nas infecções por chikungunya na comparação com o mesmo período do ano passado. Em nota técnica da Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses de 3 de março, o ministério informou aos municípios e Estados que o processo de aquisição de um dos fumacês, o Cielo-UVL (Praletina+Imidacloprida), estava na fase final de contratação, com expectativa de recebimento do insumo nos próximos 45 dias.

Queixa

O atraso nos cronogramas, enfrentado desde 2022, é reflexo de dificuldade global de aquisição do produto. A nota explica ainda que, diante dos percalços, optou-se por incluir um novo adulticida para uso em UBV (equipamento que nebuliza o inseticida), o Fludora Co-Max (Flupiradifurone + Transflutrina), para evitar a dependência de um fornecedor único.

Conforme a nota, "se aprovada a excepcionalidade pela Anvisa, por se tratar de aquisição internacional, o produto não estará disponível para distribuição nos próximos 60 dias". Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), houve problemas nos processos de compras no ano passado. "A atual gestão teve de reiniciar as compras, o que está levando ao atraso para o recebimento do Cielo."

"Outro adulticida estava em processo de compra, mas estava aguardando uma liberação da Anvisa, que só saiu recentemente, para que pudesse concluir a compra e iniciar o processo de importação", acrescentou o órgão de secretários. Ainda segundo o conselho, os Estados precisarão ser capacitados para usar o novo produto, o Fludora.

O Conass diz que a aquisição é de responsabilidade do ministério, pois não há produção nacional e o processo de compra "geralmente é longo". A reportagem entrou em contato com Marcelo Queiroga, ex-ministro da Saúde, para comentar o assunto, mas não obteve resposta.

Conscientização

A preocupação agora começa até em outros países. Por enquanto, o Paraná não registra mais casos que o normal, mas segundo César Neves, secretário estadual da Saúde, o Paraguai já tem mais de 20 mil casos confirmados e mais de 20 óbitos. "Isso fez com que tomássemos a medida, há mais ou menos um mês, de bloqueio na região da tríplice fronteira", e há três semanas o Estado pediu ao ministério kits para diagnóstico de chikungunya, além de receber litros do adulticida Cielo.

O uso do inseticida Cielo só é recomendado em situações de emergência, como surtos e epidemias, pois tem como alvo apenas os mosquitos adultos, diz nota técnica da Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses do ministério, de 2020. Segundo Neves, embora a estratégia de nebulização seja importante, ela só resolve "30% do problema". O restante, afirma, são medidas de conscientização. "O principal, em termos epidemiológicos, é matá-lo (o mosquito) no estado larvário." Para isso, é preciso evitar deixar água parada, em vasos e cisternas sem cobertura, por exemplo.

SP compra produto por conta própria

Diante da escassez nacional, São Paulo se mobiliza para comprar, por conta própria, insumos para lidar com a escalada de casos. No Diário Oficial de anteontem, despacho da Secretaria da Saúde autoriza a compra, em caráter emergencial, do inseticida adulticida Cielo, em quantidade suficiente para "pronto abastecimento" de todo Estado, por R$ 3,528 milhões.

Segundo o despacho, há "aumento expressivo" de dengue e chikungunya no Estado, situação "semelhante ao mesmo período de 2022, em que o Estado de São Paulo foi classificado com alto risco, a partir da avaliação da matriz de prioridades, construída com indicadores do Diagrama de Controle para Dengue, casos graves e óbitos confirmados e/ou em investigação". Segundo a secretaria, até agora foram relatados 35,6 mil casos de dengue e 25 óbitos em todo o Estado, o que representa uma redução de 13% nas infecções em relação ao mesmo período do ano passado.

Ao Estadão, a Secretaria de Estado da Saúde diz que não recebe entrega do ministério desde dezembro e, por isso, abriu processo para adquirir 15 mil litros. A remessa, afirma, é para suprir a demanda de março, abril e maio, fase de maior incidência das doenças ligadas ao mosquito.

A Prefeitura também importou, por conta própria, 15 mil litros do Cielo. A compra direta, sem intermédio federal, passou a ser estudada em agosto. Ao todo, 10 mil litros já chegaram e permitiram que a política de nebulização não fosse descontinuada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com o alerta para a incidência de arboviroses, principalmente na área que compõe a 1ª Gerência Regional de Saúde (I Geres), Pernambuco conseguiu reduzir as taxas de dengue, zika e chikungunya neste ano. De acordo com o último registro da Secretaria Estadual de Saúde (SES), 39 cidades estão em situação de risco de surto. 

A pasta informa que 42 mortes foram notificadas entre janeiro e o dia 23 de julho, com duas confirmadas por dengue e três por chikungunya, enquanto outras 12 foram descartadas. As ocorrências do mesmo período do ano passado indicam 40 notificações, sendo oito confirmadas e 32 descartadas.  

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A SES ressalta que o diagnóstico positivo não garante que a arbovirose foi a causa da morte. "Esta avaliação, para descarte ou confirmação, depende de minuciosa investigação domiciliar e hospitalar do óbito e da discussão de cada caso no Comitê Estadual de Discussão de Óbitos por Dengue e outras Arboviroses", acrescentou em nota. 

Conforme o levantamento, 43.359 casos suspeitos de dengue foram registrados em 2022, sendo 4.3991 já confirmados e 20.805 descartados. Em 2021, no mesmo período, foram notificadas 43.794 suspeitas, o que corresponde a diminuição de 1%. 

Em relação a chikungunya, 28.063 notificações foram feitas neste ano, com 6.408 casos confirmados e 8.333 descartados. No ano passado, 31.2495 pacientes levantaram suspeita, equivalente a redução de 10%. Contudo, apenas 170 dos 184 municípios do estado registraram a doença. 

Os casos suspeitos de zika totalizam 2.766, com três diagnósticos e 2.248 descartados. Para a doença, 91 municípios registraram a incidência. Comparado ao ano passado, a pasta aponta a queda de 25,4%, com 3.706 notificações.  

Casos confirmados para dengue até a semana epidemiológica 29, por regional de saúde: 

I Geres – 1.028 casos confirmados; 

II Geres – 409 casos confirmados; 

III Geres – 205 casos confirmados; 

IV Geres – 561 casos confirmados; 

V Geres – 254 casos confirmados; 

VI Geres – 351 casos confirmados; 

VII Geres – 194 casos confirmados; 

VIII Geres – 332 casos confirmados; 

IX Geres – 286 casos confirmados; 

X Geres – 235 casos confirmados; 

XI Geres – 361 casos confirmados; 

XII Geres – 175 casos confirmados. 

O último Índice de Infestação Predial do 4º ciclo do LIRAa (Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti), realizado entre 9 e 13 de maio de 2022, concluiu que 39 municípios estão em situação de risco de surto. Outros 95 em situação de alerta, 47 em condição satisfatória e 3 municípios não enviaram informações. 

Pernambuco confirmou, nesta terça-feira (28), a primeira morte causada pela chikungunya em 2022. A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE), que confirmou o óbito, também informou que foi notificada uma morte outra causada pela dengue também neste ano, e que houve um aumento no número de casos suspeitos das duas arboviroses. 

A vítima da chikungunya é uma idosa de 86 anos que morava em Petrolina, no Sertão. Ela veio a óbito no dia 6 de abril deste ano. 

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Até o dia 11 de junho, 22.049 casos de chikungunya foram notificados em 167 municípios de Pernambuco neste ano. Do total, 4.644 foram confirmados e outros 4.377 descartados. 

Os números representam um aumento de 17,2% nas notificações da doença em comparação com o mesmo período do ano passado, quando 18.812 casos foram registrados. 

Com relação aos casos de dengue, o governo disse ter registrado 33.743 ocorrências suspeitas em 2022. O que significa 13,4% a mais do que as notificações feitas no mesmo período do ano passado. Ao todo, 2.873 dos casos foram confirmados. 

Já sobre os dados do zika vírus, Pernambuco mostrou uma redução de 33,6% em comparação com 2021. Desde janeiro, foram notificados 1.753 casos e apenas dois confirmados. 

O Brasil registrou 504 mortes por dengue, no período de 1º de janeiro a 4 de junho. O número representa praticamente o dobro de mortes notificadas em todo o ano passado, segundo o Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde. 

O estado de São Paulo lidera a lista, com 180 óbitos. Em seguida aparecem Santa Catarina (60), Rio Grande do Sul (49), Goiás (44) e Paraná (43). Há ainda 364 óbitos em investigação. 

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Somente neste ano foram contabilizados 1,1 milhão de casos prováveis de dengue em todo o país, o que implica em uma taxa de incidência de 517,9 casos a cada 100 mil habitantes. A marca atingida em apenas seis meses já representa mais do que o dobro dos casos registrados em todo o ano de 2021 (544.460). 

A Região Centro-Oeste do país lidera a taxa de incidência, com a marca de 1.544,2 casos a cada 100 mil habitantes, mais alta que a média brasileira. É nessa região também que estão os municípios com o maior número de infectados: Brasília, com 51.131 casos; e Goiânia, com 41.637 casos. Em seguida no ranking aparecem Joinville (SC), com 23.058 casos; São José do Rio Preto (SP), com 16.005 casos; e Aparecida de Goiânia (GO), com 14.689. 

Chikungunya e Zika

De janeiro e junho, o Brasil contabilizou 108.730 casos prováveis de chikungunya, aumento de 95,7% em relação ao mesmo período de 2021. Segundo o boletim, até este momento, foram confirmados 19 óbitos para chikungunya, sendo 14 deles foram registrados no estado do Ceará. Outros 40 óbitos estão em investigação. 

Quanto aos dados de zika, o boletim informa que foram contabilizados 5.699 casos da doença, aumento de 118,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Nenhuma morte por zika foi notificada no país neste ano de 2022. 

Sintomas

Dengue, zika e chikungunya são doenças transmitidas pelo mesmo mosquito e seus sintomas são semelhantes: em geral, elas provocam febre, dor de cabeça e manchas vermelhas pelo corpo. Mas alguns poucos sintomas as diferenciam. No caso da dengue costuma haver uma dor atrás dos olhos. Já a chikungunya pode provocar dor e inchaço nas articulações. A zika, por sua vez, pode causar febre baixa e vermelhidão nos olhos. 

Para combater o mosquito transmissor dessas três doenças, as pessoas devem manter os ambientes e recipientes limpos e sem acúmulo de água, que favorecem a sua proliferação. As principais medidas de prevenção são: deixar a caixa d’água bem fechada e realizar a limpeza regularmente; retirar dos quintais objetos que acumulam água; cuidar do lixo, mantendo materiais para reciclagem em saco fechado e em local coberto; e eliminar pratos de vaso de planta ou usar um pratinho que seja mais bem ajustado ao vaso.

Um levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) sobre a situação da dengue no estado aponta que do dia 2 de janeiro ao dia 3 de maio deste ano, Pernambuco teve um aumento de 36,6% - quando comparado com o mesmo período de 2021 -, dos casos suspeitos notificados. 

Já são 19.341 casos notificados, 1.411 confirmados e 5.116 descartados. No mesmo período, os registros de Chikungunya cresceram 67,2%. Neste ano, essa doença infecciosa febril teve 11.682 notificações, enquanto do dia 2 de janeiro ao dia 3 de maio do ano passado, a realidade era de 6.987 casos suspeitos. A SES confirmou 2.136 casos, enquanto 1.917 foram descartados.

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Até agora, os casos da zika foram os que apresentaram uma redução de 33,8% neste ano. São 873 casos notificados em 2021, contra 1.319 suspeitos do ano passado. O último levantamento da secretaria não confirmou nenhuma pessoa com a doença e descartou 398.

Recife

A Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife explica que até a semana epidemiológica (SE) 16 foram confirmados 97 casos de dengue e 58 casos de chikungunya. Em comparação ao mesmo período do ano anterior, houve redução de aproximadamente 80% dos casos notificados e uma queda de 91% dos casos confirmados de arboviroses.

A Sesau esclarece que, desde abril do ano passado, tem intensificado a realização de mutirões em diversas comunidades da capital pernambucana, sempre aos fins de semana.

"Os agentes de saúde ambiental e controle de endemias (asaces) fazem a inspeção de residências e pontos estratégicos, a exemplo de borracharias e ferros-velhos, para identificar e tratar possíveis focos desses vetores, eliminando focos e aplicando larvicida biológico nos depósitos de água", salienta a pasta.

Durante todo o ano de 2021 e nos meses de janeiro e fevereiro de 2022, os asaces da Prefeitura do Recife visitaram mais de 2,8 milhão de imóveis. Além disso, a Vigilância Ambiental do Recife também realiza outras atividades continuadas para controle dos mosquitos transmissores das arboviroses, como manutenção das ovitrampas (armadilhas para monitorar a infestação do mosquito) e manutenções mensais das Estações Disseminadoras de Larvicidas nos pontos estratégicos.

Para realizar denúncias de possíveis focos, os recifenses podem ligar para a Ouvidoria Municipal do Sistema Único de Saúde, através do telefone 0800 281 1520. A Prefeitura do Recife também disponibiliza a plataforma Bora Se Cuidar contra o Mosquito no site ou no app Conecta Recife.

Ministério da Saúde

O Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), realizado pelo Ministério da Saúde, indicou que 42% dos criadouros do mosquito da dengue estão em depósitos de água para consumo humano. 

Para o Ministério da Saúde, esse número reforça a importância da participação da população no combate à proliferação do Aedes aegypti, uma vez que o mosquito se mostra cada vez mais habituado ao ambiente doméstico.

O levantamento apontou também que depósitos móveis, fixos e naturais aparecem como segundo maior foco de procriação dos mosquitos, com 32%, enquanto depósitos de lixo têm incidência de 25%.

"Com as altas temperaturas e períodos chuvosos, a expectativa é que o número de criadouros aumente. Por esse motivo, é preciso o empenho da sociedade para eliminar os criadouros e evitar água parada. E as medidas são simples e podem ser implementadas no dia a dia. Especialistas do Ministério da Saúde sugerem que a população faça uma inspeção em casa pelo menos uma vez por semana", diz o ministério.

A pasta reforça que para fazer o controle efetivo da proliferação do mosquito é necessário tirar ao menos 10 minutos para verificar o telhado, as calhas entupidas, piscina, garrafas, pneus e demais itens que possam se tornar criadouros do transmissor. Mesmo em lugares que necessitem de armazenamento de água é importante não deixar os reservatórios destampados.

Confira algumas medidas para eliminar a formação de criadouros

1- Lavar com água e sabão tonéis, galões ou depósitos de água e mantê-los bem fechados

2- Manter as caixas d’água bem fechadas

3- Limpar e remover folhas das calhas, deixando-as sempre limpas

4- Retirar água acumulada das lajes

5- Desentupir ralos e mantê-los fechados ou com telas

6- Colocar areia ou massa em cacos de vidro de muros

7- Lavar plantas que acumulam água, como as bromélias, duas vezes por semana

8- Preencher com serragem, cimento ou areia ocos das árvores e bambus

9- Evitar utilizar pratos nas plantas, se desejar mantê-los, colocar areia até a borda dos pratos de plantas ou xaxins

10- Tratar a água da piscina com cloro e limpá-la uma vez por semana.

Em meio a um surto de dengue, o Brasil registrou um aumento de 113,7% nos casos prováveis da doença até abril deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo boletim do Ministério da Saúde, divulgado nesta segunda-feira (2), foram 542.038 casos prováveis, entre a primeira e a décima sexta semana epidemiológica, período compreendido entre 2 de janeiro e 23 de abril de 2022. Esse número já é praticamente o mesmo que foi registrado em todo o ano de 2021, quando foram contabilizados 544 mil casos prováveis de dengue. 

A doença, causada por um vírus, é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Os principais sintomas são febre alta, erupções cutâneas e dores musculares e nas articulações. Nas formas mais graves, a dengue pode causar hemorragia interna em órgãos e tecidos, e levar à morte. 

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A Região Centro-Oeste apresentou a maior taxa de incidência de dengue, com 920,4 casos por 100 mil habitantes, seguida das regiões Sul (427,2 casos/100 mil habitantes), Sudeste (188,3 casos/100 mil habitantes), Norte (154 casos/100 mil habitantes) e Nordeste (105 casos/100 mil habitantes). O estado de Goiás tem sido um dos mais afetados, liderando a incidência da doença no país, com 1.366 casos para cada 100 mil habitantes.  

Os municípios que apresentaram os maiores registros de casos prováveis de dengue até 23 de abril respectiva semana foram Goiânia/GO, com 31.189 casos (2.004,9 casos/100 mil habitantes), Brasília, com 29.928 casos (967,2/100 mil habitantes), Palmas, com 9.080 casos (2.897,7 casos/100 mil habitantes), São José do Rio Preto (SP), com 7.466 casos (1.591,3 casos/100 mil habitantes) e Votuporanga (SP), com 6.836 casos (7.113/100 mil habitantes). 

Desde o início do ano, já foram confirmados 160 óbitos por dengue no país, sendo 147 por critério laboratorial e outros 13 por análise clínica. Os estados com mais registro de mortes pela doença até agora são: São Paulo (56), Goiás (19), Santa Catarina (19) e Bahia (16). Outros 228 óbitos ainda estão em investigação. 

Até o dia 23 de abril, foram notificados 378 casos de dengue grave (DG) e 4.741 casos de dengue com sinais de alarme (DSA). Outros 368 casos de dengue grave e dengue com sinais de alarme seguem em investigação. 

Chikungunya

Em relação à febre chikungunya, o Ministério da Saúde informou que, até o último dia 23 de abril, foram registrados 47.281 casos prováveis, uma taxa de incidência de 22,2 casos por 100 mil habitantes no país. Esses números correspondem a um aumento de 40% dos casos em relação ao mesmo período do ano passado.

A região Nordeste foi a que apresentou a maior incidência, com 65,9 casos por 100 mil habitantes, seguida das regiões Centro-Oeste (15,6 casos/100 mil habitantes) e Norte (8,4 casos/100 mil habitantes).

Os municípios que apresentaram os maiores registros de casos prováveis de chikungunya até abril foram: Juazeiro do Norte (CE), com 3.539 casos (1.271,8 casos/100 mil habitantes); Crato (CE), com 2.068 casos (1.544,3 casos/100 mil habitantes); Salgueiro (PE), com 1.883 casos (3.058,8 casos/100 mil habitantes); Brumado (BA), com 1.744 casos (2.584,9 casos/100 mil habitantes) e Fortaleza, com 1.563 casos (57,8 casos/100 mil habitantes).

Desde o início do ano, a chikungunya foi a causa de morte de oito pessoas no país, sendo seis apenas no Ceará. Maranhão e Mato Grosso do Sul foram os dois outros registros. No entanto, ao menos 12 óbitos seguem em investigação nos estados do Ceará, Bahia, São Paulo, Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.  

A chikungunya também é uma infecção viral, como a dengue, e que pode ser transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, os mesmos insetos que transmitem a dengue e a febre amarela, respectivamente. Os sintomas podem incluir febre, dor nas articulações, dor muscular, dor de cabeça, dor nos olhos, dor na garganta e fadiga. Em mais de 50% dos casos, a dor nas articulações (artralgia) torna-se crônica, podendo persistir por anos.

Zika

O Ministério da Saúde também atualizou o balanço dos casos de zika no país, com 2.118 casos prováveis até o dia 14 de abril. A taxa de incidência ficou em 0,99 caso por 100 mil habitantes no país. Em relação a 2021, os dados representam um aumento de 53,9% no número de casos. Até a semana analisada, não foi notificado nenhum óbito causado por zika no Brasil. 

Também transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti, o vírus da zika foi identificado pela primeira vez no Brasil em 2015 e tem essa denominação por ter sido descoberto na floresta Zika, em Uganda, na África. Segundo as o Ministério da Saúde, cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus Zika não desenvolvem manifestações clínicas. Os principais sintomas são dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos. Em geral, a evolução da doença é benigna e os sintomas desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. 

Febre amarela

Entre julho de 2021 até meados de abril de 2022, o Ministério da Saúde registrou 1.093 epizootias suspeitas de febre amarela, dos quais 25 (2,3%) foram confirmadas por critério laboratorial. As epizootias são as mortes de animais não humanos em decorrência da doença e podem indicar a presença do vírus em uma determinada região e, com isso, o risco de contaminação de humanos. Os macacos, de diferentes espécies, são os principais hospedeiros do vírus da febre amarela. No mesmo período, foram notificados 485 casos humanos suspeitos de febre amarela, dos quais 4 (0,8%) foram confirmados.

A transmissão do vírus entre primatas não humanos (PNH) foi registrada no Pará, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sinalizando a circulação ativa do vírus nesses estados e o aumento do risco de transmissão às populações humanas durante o período sazonal, que vai de dezembro a maio. Os casos humanos confirmados tiveram local provável de infecção no Pará (municípios de Afuá e Oeiras do Pará) e em Tocantins (município de São Salvador do Tocantins).

A febre amarela é uma doença viral transmitida por diferentes espécies de mosquitos infectados. Os sintomas mais comuns são febre, dores musculares com dor lombar proeminente, dor de cabeça, perda de apetite, náusea ou vômito. Na maioria dos casos, os sintomas desaparecem depois de 3 ou 4 dias. De acordo com a Organização Panamericana de Saúde (Opas), de 15% a 25% dos pacientes entram em uma segunda fase mais grave, na qual o risco de morte é maior e as pessoas podem ficar com a pele e os olhos amarelados, sangramentos, urina escura (problemas renais), além de dores abdominais com vômitos.

 O Recife registrou, queda de 96% em casos confirmados de arboviroses, se comparado ao mesmo período do ano passado. Na semana Epidemiológica (SE) 5, que vai de 30 de janeiro a 5 de fevereiro de 2022, a cidade registrou apenas quatro casos de dengue e quatro de chikungunya, e nenhuma de Zika. Ano passado, na mesma semana, havia 18 casos de dengue, 93 de chikungunya e nenhum de Zika.  Até o momento não há registros de óbitos por arboviroses na capital pernambucana. 75% dos casos confirmados na SE 5 2022, foram de pessoas  na faixa etária de 20 a 39 anos. 

A secretária executiva de Vigilância em Saúde do Recife, Marcella Abath, defendeu a importância de manter as medidas de prevenção, para eliminar os mosquitos de suas casas. "Apesar da redução nos números, que é fruto da seriedade com que a Prefeitura do Recife e a Secretaria de Saúde têm enfrentado as arboviroses, a população não pode se descuidar e precisa se esforçar para eliminar os focos de mosquito em suas casas, já que mais de 80% deles são encontrados dentro das residências”. 

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Como forma de prevenir e eliminar o mosquito, a cidade conta com os agentes de saúde ambiental e controle de endemias (asaces), onde os  profissionais verificam em residências se há existência de criadouros do mosquito Aedes aegypti, eliminam focos e aplicam larvicida biológico nos depósitos de água. Os agentes também ensinam a população a prevenir as arboviroses mais comuns, como dengue, chikungunya e zika, além de outras doenças. 

Recife também conta com a ferramenta ‘Bora se Cuidar contra o Mosquito’, lançada em junho de 2021. Ela é feita para que moradores possam denunciar possíveis focos da doença e também pode incluir fotos do possível criadouro. A ferramenta se encontra dentro do site ou aplicativo Conecta Recife.  

Entre janeiro e início de dezembro deste ano, os casos prováveis de chikungunya no Brasil somaram 93.403. O número representa um aumento de 31,3% sobre o mesmo período no ano passado.

As regiões com as maiores taxas de incidência da doença foram Nordeste (111,7 por 100 mil habitantes), Sudeste (29,1) e Centro-Oeste (6,9). No período analisado, foram confirmadas 13 mortes em decorrência da doença, com 24 casos em investigação.

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Os dados estão no boletim epidemiológico do Ministério da Saúde sobre os casos de arboviroses urbanas transmitidas pelo Aedes aegypti, divulgado nesta quinta-feira (16), disponibilizado no site da pasta.

Os casos de dengue totalizaram 508,2 mil no período, uma queda de 45,7% em comparação ao mesmo período em 2020. As regiões com as maiores taxas de incidência são Centro-Oeste (548,8 por 100 mil habitantes), Sul (218,6) e Sudeste (210,9).

Entre janeiro e dezembro de 2020, foram registrados 230 óbitos por dengue, sendo 189 por critério laboratorial e 41 por critério clínico-epidemiológico. Outras 47 mortes estão em investigação.

Os casos de zika também caíram entre 2021 e 2020. Entre janeiro e dezembro deste ano foram notificados 6.020 casos prováveis. O número corresponde a uma redução de 15,4% sobre o mesmo período no ano passado.

“Diante desse cenário, ressalta-se a necessidade implementar ações para redução de casos e investigação detalhada dos óbitos, para subsidiar o monitoramento e assistência dos casos graves e evitar novos óbitos”, recomendam os autores do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.

De acordo com um dos boletins de arboviroses emitidos pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), Pernambuco registrou o aumento de 469% de casos de chikungunya em relação aos 7 primeiros meses do ano passado. Em menores números, também foram mapeados episódios de dengue e zika.

Apesar de todas as doenças serem transmitidas pela fêmea adulta do mosquito Aedes aegypti, saber diferenciá-las é fundamental para prevenir sequelas graves.

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Conheça os sintomas

Dengue: geralmente, os casos de dengue são mais graves quando comparados à chikungunya e à zika. A doença causa febre alta; moleza no corpo; dor no abdômen; perda de apetite; dores de cabeça e atrás dos olhos; falta de ar; vômitos e erupções na pele (principalmente no tórax e membros superiores).

No caso de evolução para quadros mais complicados, a dengue pode ocasionar hemorragias, que, caso não tratadas, levam ao óbito.

Chikungunya: enquanto na dengue o paciente relata dores musculares, a chikungunya ataca, sobretudo, as articulações. Os pacientes também podem apresentar febre, erupções cutâneas, náuseas, vômito e dor de cabeça.

A dor incapacitante nas articulações, principal sintoma da doença, dura por volta de duas semanas. Todavia, o problema pode ir e voltar por vários meses, mesmo após a cura, prejudicando a qualidade de vida dos pacientes.

Zika Vírus: olhos vermelhos e coceira são as principais características da doença, que costuma ocasionar febre mais baixa. Em casos mais raros, há relatos de diarreia, constipação e pequenas úlceras na região da mucosa oral.

Embora não costume incomodar por mais de sete dias, a zika pode deixar sequelas graves. Isso porque a doença tem relação com uma síndrome neurológica que causa paralisia, a Síndrome de Guillain-Barré, e também com casos de microcefalia.

Tratamentos

Nos três casos de infecção, o tratamento é basicamente o mesmo, uma vez que não existem medicamentos específicos para controle das enfermidades. É consenso que o paciente permaneça em repouso e beba muita água, além de outros líquidos. Ademais, o uso de medicamentos inadequados pode desencadear hemorragias graves, portanto, visitar um médico é importante.

Eliminar locais de proliferação do mosquito Aedes Aegypti ainda é o melhor tipo de prevenção.

Fique atento:

- Limpe o quintal e jogue fora o que não é usado;

- Tire a água dos pratos de plantas;

- Sempre coloque garrafas vazias de cabeça para baixo;

- Tampe tonéis, depósitos de água, caixas d’água e qualquer tipo de recipiente que possa acumular água;

- Mantenha os quintais bem varridos e elimine tampinhas de garrafa, folhas e sacolas plásticas;

- Escove bem as bordas dos recipientes (vasilha de água e comida de animais, pratos de plantas, tonéis e caixas d’água).

 

 

Segundo dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), em 2021 o estado de Pernambuco registrou 9.378 casos chikungunya, um aumento de 469% (1.648) em relação ao ano passado. A informação está presente no boletim de arboviroses correspondente a Semana Epidemiológica (SE) 30, no intervalo que corresponde aos dias 3 de janeiro até 31 de julho.

Além da chikungunya, o documento mapeou também os episódios de dengue e zika, todos transmitidos pela fêmea adulta do mosquito Aedes Aegypti. No total, foram 6.926 diagnósticos para dengue e 10 para zika. Sendo assim, em comparação ao mesmo período de 2020, há queda de 15,2% (8.174) para dengue e de 28,6% para zika (14 casos). 

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Ademais, a SES notificou outros 31 casos que evoluíram para óbitos suspeitos de arboviroses, sendo um já confirmado para dengue e dois descartados. Os demais seguem em investigação.

A partir do balanço, considerado preocupante sobretudo face ao enfrentamento da Covid-19, a gerente de Vigilância de Arboviroses, Claudenice Pontes, alertou para a importância das ações de vigilância individuais e nos municípios.

“As chuvas constantes e temperaturas elevadas tornam-se os fatores perfeitos para reprodução do Aedes Aegypti e essa combinação se intensifica no verão. A principal forma de prevenção contra os arbovírus é não deixar o Aedes aegypti nascer. Para isso, é preciso a adoção de medidas para evitar a proliferação do mosquito, manter caixa d'água, baldes e demais recipientes para armazenamento de água bem vedados, e sempre vistoriá-los", frisou.

De acordo com a gestora, o contexto da pandemia do novo coronavírus foi um fator decisivo para que os municípios realizassem as já conhecidas ações de monitoramento. A SES-PE, no entanto, prossegue com as análises das notificações de casos suspeitos, prestando também apoio técnico aos gestores. 

“No caso da dengue, a existência de 4 sorotipos virais dificulta a imunização total da população exposta. Em relação a chikungunya e zika, mesmo com a introdução do vírus no Estado lá 2015, ainda é possível encontrar pessoas vulneráveis, ou seja, que não foram expostas ao vírus”, explicou Claudenice.

“Além disso, os sintomas de chikungunya são mais expressivos, o que facilita a identificação. Já no caso da zika é bem provável que estes números sejam bem maiores que o expressado no sistema de informação, pois existem aquelas pessoas assintomáticas, o que dificulta a identificação da circulação", acrescentou.

Arboviroses e Covid-19: como diferenciar?

A população também precisa estar atenta aos sintomas específicos das arboviroses, que em sua fase inicial podem ser confundidos com a sintomatologia da Covid-19.

“As doenças relacionadas às arboviroses e o novo coronavírus apresentam, em muitos casos, o quadro comum de febre, dor de cabeça e dores no corpo. O que difere à primeira vista é a presença de manchas e coceiras na pele, o que não ocorre com a Covid-19. Para Covid-19, destacamos a tosse e o desconforto respiratório progressivo”, pontua Claudenice Pontes.

Para Pontes, é preciso um cuidado especial com os possíveis casos de dengue, doença que pode evoluir rapidamente ao óbito caso não seja tratada corretamente.

“Após a fase febril, podem aparecer sinais de dores abdominais intensa, vômitos persistentes e pele pegajosa e fria. Esses sintomas precisam ser valorizados e o paciente levado para unidade de saúde. Não existe tratamento específico para as infecções ocasionadas pelas arboviroses. A orientação que podemos dar é que surgindo qualquer sintoma, a pessoa procure uma unidade de saúde mais próxima de sua residência, pois é lá que, após análise da sintomatologia, os profissionais vão indicar a conduta adequada. Além disso, o paciente deve manter repouso e ingerir bastante líquido durante os dias de manifestação desses sinais”, finalizou a gerente. 

Em Pernambuco, as unidades pediátricas públicas e privadas têm lidado com uma superlotação no setor das emergências. As ocorrências são várias: viroses, infecções, resfriados leves. Com a Covid-19 ainda em alta no Estado, pais e responsáveis podem ficar confusos quanto ao diagnóstico e tratamento dessas doenças, cuja sintomatologia pode ser bem semelhante e em alguns casos, como os de infecção por coronavírus, a doença pode até mesmo ser silenciosa.

Como crianças são dependentes, é preciso que os adultos estejam alerta aos sintomas e que busquem manter o ambiente domiciliar sempre limpo, livre da poeira, do acúmulo de água parada. Higienizar as superfícies de objetos também ajudam a prevenir a proliferação do coronavírus.

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A pediatra do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira - Imip, Danielle Rodrigues, conversou com o LeiaJá a fim de esclarecer dúvidas sobre as doenças circulantes no Estado atualmente, e que são acentuadas pela presença do inverno e da intensa mudança climática. Circulam em grande abrangência os tipos enterovírus, que tem como principal meio de replicação o trato gastrointestinal, e rinovírus, associado aos resfriados comuns.

“Com a não restrição das crianças em casa, tivemos mais aglomerações em escolas e creches, e então, a disseminação de vários vírus. Nós vemos muitos quadros clínicos de resfriados e gripe. Atualmente, temos identificado alta presença de rinovírus. No Imip, estamos fazendo um painel viral. A influenza tem pouca incidência atualmente, o que pode ser justificado pela vacina da gripe. O resfriado é um quadro mais leve, com coriza, febre e estado geral não tão decaído. Enquanto a gripe é mais intensa, causa desidratação, dor no corpo, calafrios, febre alta e o estado geral fica mais decaído do que no resfriado comum”, comenta a médica ao iniciar a explicação.

Pernambuco também possui incidência alta do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) em bebês, segundo a pediatra. O VSR preocupa pois, sem as medidas preventivas ou precoces necessárias, pode levar à internação. A doença é comum em crianças nos primeiros meses de vida. Como as vias aéreas dos bebês são finas, eles podem apresentar quadro obstrutivo com pouca secreção.

“O VSR causa um quadro característico de bronquiolite viral. O que é isso? Começa com sintomas parecidos com os de resfriado, como coriza, secreção nasal, espirros e lacrimejamento, e depois começam os sintomas mais graves, de tosse e desconforto em um quadro mais intenso. Normalmente bebês pequenos, abaixo de um mês ou em lactentes de dois até três meses, muitas vezes precisam ficar internados para fazer oxigenoterapia, lavagem nasal e medidas de suporte”, continua Danielle.

Outra síndrome em circulação é a “mão-pé-boca”, causada pelo vírus coxsackie e que dá febre, rinorréia, tosse e aftas na faringe posterior. A criança infectada enfrenta queda na imunidade e fraqueza no estado geral de saúde. Os sintomas dessas viroses podem se confundir com os da Covid-19, porque os sintomas de Covid são inespecíficos, logo, “tudo pode ser a doença”, diz a pediatra. Não é possível diferenciar os sintomas sem testagem, mas é válido prestar atenção em alguns sinais, como o cansaço ou qualquer sintomatologia diferente.

“Os cuidados para evitar transmissão continuam sendo os de higiene, evitar aglomerações, ajudar na lavagem das mãos e verificar objetos contaminados. O quadro de Covid em crianças é bastante assintomático. Mas chama atenção aquela criança com uma lesão de pele e que pode ter um quadro viral associado; uma criança que tenha sinais de asma ou cansaço, e que nunca teve antes. Essas especificidades de um quadro que não se repete é que podem chamar atenção se a criança tem Covid ou não”, elucida ainda, reafirmando que os casos de Covid-19 têm sido menores que os das demais doenças.

E completa: “Nesse período de inverno há muitas influências que pioram o quadro respiratório. Nesse momento, todas as emergências que atendem muito esse quadro têm uma superlotação nesse momento, seja no IMIP ou nas unidades municipais. Não é só o inverno, são também as aglomerações, o contato com a poeira, o contato com pessoas que trazem o resfriado da rua para casa. Mas o fator climático importa sim, essa alteração de chuva, sol, frio e calor aumentam a atividade dos brônquios e facilitam o quadro respiratório”.

Não existe tratamento específico para os vírus, mas terapias de suporte. É importante reconhecer os sinais de alerta, como sonolência e irritabilidade, causados principalmente pela desidratação. A orientação é de que os pais e responsáveis se dirijam precocemente à unidade hospitalar quando houver descontrole dos sintomas mais graves, como vômito e diarreia, para evitar um internamento. É importante hidratar a criança e evitar que ela chegue ao hospital já desidratada, prevenindo também a perda de nutrientes e eletrólitos. Na dúvida, a procura por um médico deve ser imediata.

Cuidados que devem ser tomados

- Manter o ambiente doméstico limpo e organizado, priorizando a higienização de superfícies com as quais a criança tem contato constantemente;

- Deixar fora do alcance das crianças produtos químicos e/ou que possam causar reações alérgicas;

- Eliminar focos da dengue - é preciso lembrar que além da Covid e das viroses há, simultaneamente, surtos de dengue e chikungunya no estado;

- Prestar atenção em sinalizações no corpo da criança, como manchas vermelhas, brancas, desidratação da pele e corpo, cansaço e tosse;

- Não fazer autodiagnóstico e não fazer intervenção medicamentosa por conta própria;

- Não usar medicamentos de tratamento precoce para a Covid-19 como tratamento para sintomas graves de viroses, dengue e outras doenças;

- Insistir em uma boa hidratação da criança;

- Prestar atenção na cor das fezes e secreção da criança;

- Procurar um médico imediatamente, caso os sintomas não consigam ser contornados em casa.

Com a chegada do verão no Brasil e da chuva em diversas regiões, uma preocupação de saúde pública aumenta: o crescimento da circulação do mosquito Aedes aegypti e das doenças associadas a ele (chamadas de arboviroses urbanas), como dengue, zika e chikungunya.

Conforme o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde sobre o tema, lançado em dezembro, entre janeiro e novembro foram registrados 971.136 casos prováveis de dengue no Brasil, com 528 mortes. As maiores incidências se deram nas regiões Centro-Oeste (1.187,4 por 100 mil habitantes), Sul (931,3/100 mil) e Nordeste (258,6/100 mil).

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No mesmo período, as autoridades de saúde notificaram 78.808 mil casos de chikungunya, com 25 óbitos e 19 casos em investigação. As maiores incidências ocorreram no Nordeste (99,4 por 100 mil habitantes) e Sudeste (22,7/100 mil). Já os casos de zika, até o início de novembro, totalizaram 7.006, com incidência mais forte no Nordeste (9/100 mil) e Centro-Oeste (3,6/100 mil).

Na avaliação do professor de epidemiologia da Universidade de Brasília Walter Ramalho, este é o momento de discutir o problema do Aedes aegypti e as medidas necessárias para impedir sua proliferação. O maior desafio é diminuir os focos de criação dele.

O Aedes está no Brasil há mais de 100 anos. Em alguns momentos, já chegou a ser erradicado. Mas nos últimos 30 anos o inseto vem permanecendo e, segundo o professor Ramalho, se adaptando muito bem ao cenário de urbanização do país e do uso crescente de materiais de plástico, que facilitam o acúmulo de água propício à reprodução do mosquito.

“Todos esses materiais, que podem durar muito tempo na natureza, podem ser criadouros do mosquito. A gente tem que olhar constantemente o domicílio, não somente na terra como nas calhas. Este é um momento do começo da chuva. Se não fizermos esse trabalho e se a densidade do mosquito for elevada, não temos o que fazer”, alerta o professor.

Ele lembra que não se trata apenas de um cuidado com a própria pessoa e sua casa, mas com o conjunto da localidade, uma vez que domicílios com foco de criação acabam trazendo risco para toda a vizinhança.

O professor da UnB acrescenta que o cuidado no combate aos focos não pode ser uma tarefa somente do Poder Público. Uma vez que qualquer residência, terreno ou imóvel pode concentrar focos, é muito difícil que as equipes responsáveis pela fiscalização deem conta de cobrir todo o território.

Ramalho destaca que as doenças cujos vírus são transmitidos pelo mosquito são graves. A dengue hemorrágica pode trazer consequências sérias para os pacientes.

“A zika causou microcefalia no Nordeste e em algumas cidades de outras regiões. E precisamos nos preocupar com a chikungunya. Ela causa sintomatologia de muitas dores articulares. Muitas pessoas passam dois, três anos sentindo muitas dores. Isso causa desconforto na vida durante todo esse período”, afirma.

Campanha

No mês passado, o governo federal lançou uma campanha contra a proliferação do Aedes com o lema “Combater o mosquito é com você, comigo, com todo mundo”.  O desafio é conscientizar os cidadãos sobre a importância de limpar frequentemente estruturas onde possa haver focos e evitar a água parada todos os dias.

A campanha conta com a difusão de peças publicitárias em meios de comunicação, alertando sobre esses cuidados e sobre os riscos da disseminação do mosquito e as consequências das doenças associadas a ele. 

Além de viver a pandemia de coronavírus, que fez mais de 170 mil vítimas fatais no Brasil desde março, outro problema conhecido da população brasileira preocupa as autoridades sanitárias do país. De acordo com o anúncio feito pelo Ministério da Saúde na última terça-feira (24), os casos de dengue passam dos 971 mil entre janeiro e a primeira quinzena de novembro de 2020.

O comunicado da pasta ainda aponta que, devido à atenção dos agentes sanitários ao surto da Covid-19, o número das vítimas do mosquito Aedes Aegypti pode ser maior. Segundo o ministério, os números da dengue no Brasil no começo da pandemia de coronavírus eram superiores aos do ano anterior. O índice, no entanto, é hoje 35,5% menor do que 2019, quando mais de 1,5 milhão de pessoas foram diagnosticadas com a doença.

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Embora tenha havido redução nos números que tinham tendência de aumento há cerca de oito meses, o Ministério da Saúde confirma a possibilidade dos índices da dengue estarem sub-notificados em 2020. Até o mês de junho, 528 mortes foram causadas após infecção oriunda da picada do mosquito. Os estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, além do Distrito Federal, tiveram o maior número de vítimas fatais da doença.

Chikungunya e zika

Os números relacionados a outros dois vírus transmitidos pelo mosquito Aedes Aegypti também foram divulgados pelo Ministério da Saúde. De acordo com a pasta, os casos de chikungunya são cerca de 78,8 mil e apresentam queda de 37% quando comparado aos dados de 2019. Já os pacientes diagnosticados com zika foram pouco mais de 7 mil no país, com maior incidência (75% a mais) no último mês de junho.

Além de apresentar os índices, a Saúde anunciou uma nova campanha de conscientização para o combate ao mosquito que tem maior incidência de reprodução nos períodos mais quentes do ano. A iniciativa "Combater o mosquito é com você, comigo, com todo mundo", vai ser divulgada na mídia e nas redes sociais até o início do verão de 2020.

Um estudo realizado pelo World Mosquito Program (WMP), da Universidade de Monash, na Austrália, em parceria com a Tahija Foundation e Universidade Gadjah Mada, na Indonésia, apontou redução de 77% na incidência de casos de dengue, virologicamente confirmados, nas áreas onde houve liberação de Aedes aegypti com Wolbachia, em Yogyakarta, na Indonésia, quando comparado com áreas que não receberam o método. Este é o primeiro teste padrão-ouro que mostra a capacidade de redução de casos de dengue através da metodologia do Aedes aegypti com a Wolbachia. No Brasil, a iniciativa é conduzida pela Fiocruz e já apresenta dados preliminares que apontam redução de chikungunya.

O estudo clínico randomizado controlado (Randomized Controlled Trial - RCT) “Applying Wolbachia to Eliminate Dengue (AWED)”, teve duração de três anos e foi conduzido em uma área que abrange cerca de 321 mil habitantes. Doze de 24 áreas de tamanhos semelhantes da cidade de Yogyakarta foram escolhidas aleatoriamente para receber os mosquitos com Wolbachia do WMP em conjunto com as medidas de rotina de controle da dengue realizadas no município. As 12 áreas restantes continuaram recebendo apenas as ações de rotina de controle da dengue.

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Confira no vídeo abaixo, como funciona o método:

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O ensaio envolveu 8.144 participantes com idades entre 3 e 45 anos que se apresentaram a uma das 18 clínicas de atenção primária com febre aguda indiferenciada de um a quatro dias de duração. O estudo utilizou o método de teste negativo para analisar e medir a eficácia da Wolbachia (cepa WMel) em reduzir a incidência de casos confirmados de dengue em um período de 27 meses. Após 2 anos do término das liberações, a frequência de Wolbachia continua elevada nas populações de mosquitos Aedes aegypti nas 12 áreas de intervenção. A implementação do Método Wolbachia foi bem aceita pela comunidade e não houve preocupações de segurança.

Este estudo marca uma década de pesquisas de laboratório e de campo, começando primeiro na Austrália e depois expandindo para 11 países onde a dengue é endêmica, entre eles o Brasil. O diretor global do WMP, Scott O'Neill, afirma que este era o resultado que os cientistas do WMP esperavam. "Temos evidências de que nosso método é seguro, sustentável e reduz a incidência de dengue. Agora podemos ampliar essa intervenção para várias cidades em todo o mundo”, destaca. 

A diretora de avaliação de impacto do WMP, Katie Anders, ressalta que “este é o primeiro estudo para demonstrar impacto na incidência da doença. O resultado do ensaio é consistente com nossos achados de estudos anteriores não randomizados em Yogyakarta e no norte de Queensland, e com previsões de modelagem epidemiológica de uma redução substancial na carga de dengue após implementação do Método Wolbachia”.

O estatístico independente do estudo, Nicholas Jewell, professor de Bioestatística e Epidemiologia da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e também professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley, avalia que "os resultados são convincentes. É duplamente empolgante, pois o desenho do ensaio usado na Indonésia fornece um modelo que pode ser seguido por outras cidades candidatas a realizar intervenções de saúde".

Detalhes do resultado serão apresentados em novembro, em um congresso acadêmico, além de publicação em um periódico científico. Mais informações podem ser obtidas na página internacional do programa.  

Método Wolbachia no Brasil

No país, o Método Wolbachia é conduzido pela Fiocruz, em parceria com o Ministério da Saúde, com apoio de governos locais. As ações iniciaram no Rio de Janeiro e em Niterói, em uma área que abrange 1,3 milhão de habitantes. Em Niterói, dados preliminares já apontam redução de 75% dos casos de chikungunya nas áreas que receberam os Aedes aegypti com Wolbachia, quando comparado com áreas que não receberam.

Atualmente, o projeto está em expansão para Campo Grande, Petrolina (PE) e Belo Horizonte. Na capital mineira também será realizado um estudo clínico similar ao conduzido pelo WMP na Indonésia. A cidade será a primeira das Américas a acompanhar casos de dengue, zika e chikungunya por meio de um estudo clínico randomizado controlado (RCT, em inglês), em conjunto com o Método Wolbachia.

Em uma primeira etapa, alguns bairros vão receber o Aedes aegypti com Wolbachia enquanto outros irão receber após a validação do estudo e aprovação junto ao Ministério da Saúde. A escolha dos bairros que vão receber o Método Wolbachia primeiro será por meio de sorteio, metodologia proposta pelo Estudo Clínico Randomizado. 

Para a realização do RCT, serão convidadas para participar 60 crianças, na faixa etária de 6 a 11 anos, da 1ª à 3ª série, matriculadas em escolas públicas municipais de BH selecionadas para participar do projeto. Com a autorização dos responsáveis e o necessário consentimento das crianças, será colhida uma amostra de sangue, para avaliar se elas tiveram contato com o vírus da dengue, zika ou chikungunya.

Este estudo, chamado Projeto Evita Dengue, é realizado em colaboração com a implementação do Método Wolbachia, feito pelo WMP Brasil/Fiocruz em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte. Trata-se de uma colaboração científica entre a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade de Emory, a Universidade Yale e a Universidade da Flórida. O estudo é financiado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID/NIH), dos Estados Unidos.

Antes do RCT, será realizado um piloto da operação do WMP Brasil em BH em três áreas de abrangência da Regional Venda Nova (Centros de Saúde Copacabana, Jardim Leblon e Piratininga). A previsão é que a liberação dos mosquitos com Wolbachia seja iniciada ainda neste ano.

Mais informações sobre o Método Wolbachia estão disponíveis no site do programa no Brasil

Da Fiocruz

Nesta sexta-feira (22), o LeiaJá publica a última das três reportagens produzidas na ocupação Miguel Lobato, localizada no município de Paulista, Região Metropolitana do Recife, à beira da PE-022. O conteúdo traz um retrato que para muitos cidadãos da localidade não é novidade. Na ocupação, muito antes da Covid-19, outras doenças preocupavam os moradores da comunidade. 

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Sem o mínimo de saneamento, os moradores enfrentam um espaço lamacento, onde vivem dividindo o local com cavalos que defecam em torno das casas. "Aqui tem muito piolho de cobra, quando chove fica infestado", diz morador da região, enquanto observa a reportagem. Lacraias, muriçoca, água correndo a céu aberto. Ambiente perfeito para a proliferação de um mosquito causador de doenças já conhecido no Brasil, o Aedes Aegypti.

O mosquito é responsável pela contaminação da febre amarela, chikungunya, zika vírus e a dengue. "Minha filha e meu marido pegaram dengue aqui. Aqui não é lugar de uma pessoa ficar!", indaga Dona Marli Oliveira. “Já peguei a dengue, meus três filhos também, meu esposo também está com a dengue. Estamos aqui a mercê de tudo", nos conta Josélia Maria, que mora na comunidade com seu marido e três filhos. 

Os cavalos são usados por catadores de reciclavéis que moram na ocupação. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Na ocupação, a água não passa por nenhum tipo de tratamento. "Não é muito boa", sinaliza Josélia. Segundo ela, os três filhos estão com desinteria. Débora Brás, mãe de quatro filhos, tem sofrido dos mesmos problemas. Ela ainda reclama que não tem condições de sempre comprar água e medicamentos. Além de todas essas outras preocupações, agora a perigoso Covid-19 assusta. 

"Está aí essa doença no mundo e eu tenho muito medo de pegar, não só eu como meus filhos. Uma doença desta pegar, uma criança não resiste. Um adulto não está resistindo, imagine uma criança", afirma Débora, com dois dos quatros filhos ao lado. 

No período em que a reportagem esteve na comunidade, foi possível notar que o isolamento social não existe. A necessidade faz com que a casa do vizinho esteja sempre de portas abertas. Josélia, irmã de Débora, cozinhava na casa da irmã enquanto gravamos. 

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Alguns moradores usam máscara, mas a maioria não tem condições de adquirir o material de proteção. Álcool em gel apenas os que estavam com a equipe do LeiaJá: "A gente está aqui precisando de máscara, quem quiser que compre, a gente não tem um álcool gel, não tem nada. Ele não está nem olhando para gente", reclama Adelma Maria, em referência ao prefeito de Paulista, Júnior Matuto. 

"A gente está morando na rua bem dizer, de baixo de lona, de taipa, tem verme, o que será da gente, Junior Matuto? O que seria da gente, Paulo Câmara?", questiona Adelma.

Poucas pessoas têm acesso ao álcool gel na comunidade. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Na ocupação, existem pessoas que estão com sintomas do novo coronavírus. Uma delas é Juliete Gomes. "Estou sentindo cansaço, febre, dor no corpo todinho, dor de cabeça (...) não sei se é dengue, não sei o que é", diz a moradora, com vários remédios nas mãos. Perguntada se procurou atendimento médico, ela relata que ligou para o 136 do Ministério da Saúde. Foram passadas algumas medicações, mas nenhum teste foi realizado. Sua mãe, que vive com ela, tossiu diversas vezes durante a entrevista e relatou cansaço. 

"Não hora da saúde do povo, todo mundo se resguarda, por quê? Eles são melhores do que a gente? A gente também é ser humano", desabafa Juliete.

As doações que chegam à comunidade são de comida. Materiais para limpeza, como água sanitária, sabão e álcool, só poucos moradores conseguem comprar. Dentro da comunidade, a convivência segue normal, às vezes por falta de instrução, em outros momentos por necessidade. De acordo com os moradores, nos sete meses de ocupação, nenhum órgão de Saúde ou de vigilância sanitária passou pela comunidade.

Mãe de Juliete afirma que tosse frenquentemente desde março, mas nenhum profissional de saúde esteve na comunidade. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

O município do Rio de Janeiro registrou 37.973 casos de chikungunya de janeiro a dezembro de 2019. O número representa um aumento de 297,8% em relação ao mesmo período de 2018, quando foram notificados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) 9.545 casos da doença.

Os óbitos provocados pela chikungunya chegaram a 48 este ano, aumento de 380% em relação aos 10 do ano passado. Desde o surgimento da doença no Rio de Janeiro, em 2015, foram 78 mortes no total, sendo 20 em 2016 e dois em 2017, ano que registrou menos casos também, com 1.691 de janeiro a novembro.

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Segundo a Superintendência de Vigilância em Saúde da SMS, o maior número de óbitos pela doença este ano ocorreu na região que engloba Irajá, Madureira, Anchieta e Pavuna, na zona norte da cidade, com um total de 11 mortes. A mesma área teve também o maior número de casos, com 5.766 até novembro.

Também na zona norte, a área de Inhaúna, Méier e Jacarezinho registraram um total de oito mortes, com 3.087 casos. No ano passado, a região que teve o maior número de óbitos, com quatro, foi na zona oeste, com Campo Grande e Guaratiba, com um total de 2.324 registros da doença no ano.

De acordo com a SMS, os períodos mais quentes e chuvosos do ano favorecem o surgimento de criadouros do mosquito vetor, o Aedes aegypti, o mesmo da dengue e do Zika vírus, o que aumenta a ocorrência dessas doenças. Segundo a pasta, o número de casos de chikungunya estão altos porque a doença foi introduzida no país e na cidade recentemente, portanto, toda a população carioca era susceptível à infecção em 2015.

A secretaria ressalta que “a forma mais eficaz de prevenir as arboviroses [vírus transmitidos por picadas de insetos] é evitando o nascimento do Aedes aegypti, e que 80% dos focos são encontrados em residências. Por isso, a participação da população é fundamental, eliminando em suas casas objetos que possam servir de reservatórios de água, onde se formem os criadouros do mosquito”.

Segundo informações do Ministério da Saúde, os principais sintomas da chikungunya são febre, dores intensas nas juntas, pele e olhos avermelhados, dores pelo corpo, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Porém, em cerca de 30% dos casos a pessoa não apresenta os sintomas, que aparecem de dois a 12 dias após a picada do mosquito. Uma vez infectada, a pessoa fica imune pelo resto da vida. Mas a doença pode levar a complicações neurológicas, como a Síndrome de Gulliain-Barre e encefalite.

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