Desmatamento e queimadas avançam em território paraense

Dados do Imazon revelam que o Pará foi responsável por 36% de toda a área de floresta desmatada no último mês de junho

qui, 09/09/2021 - 08:40
Imazon Desmatamento e queimadas ameaçam todo o ecossistema da Amazônia Imazon

O boletim de julho do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do @imazonoficial publicado dia 19 de agosto mostrou que tanto a destruição da floresta amazônica no último mês de junho quanto o acumulado dos últimos 12 meses foram os maiores da década. O Pará foi o Estado da Amazônia Legal com maior índice de desmatamento em junho. Segundo o estudo, o Estado foi responsável por 36% de toda a área desmatada na Amazônia no último mês.

Em Belém, temporais fora de época, fortes ondas de calor são reveladores de mudanças climáticas relevantes. Serão resultado do desmatamento? Para responder a essa e a outras perguntas acerca do assunto, o portal Leia Já Pará procurou especialistas que falaram sobre as consequências e formas de combate ao desmatamento. 

Segundo o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), os impactos ambientais causados pelo desmatamento são muito grandes. Entre eles estão a perda da biodiversidade, ocasionada pela extinção de espécies de animais e plantas, e a destruição dos rios. Além disso, há o aumento da emissão dos gases de efeito estufa, o que, consequentemente, contribui para intensificar o aquecimento global. O desmatamento também compromete o uso sustentável da floresta e ameaça povos tradicionais.

O pesquisador Marco Valério de Albuquerque Vinagre, doutor em Engenharia de Recursos Naturais, explica como essas mudanças estão afetando negativamente o ecossistema regional: “Aumento da vulnerabilidade às secas e incêndios florestais, afetando negativamente uma grande variedade de espécies. Grandes prejuízos ao ciclo hidrológico, pois o desmatamento diminui a evapotranspiração das árvores e vegetais e prejudica o ciclo hidrológico, que é essencial ao ecossistema afetado, e assim a redução das precipitações e da umidade facilita o início e propagação de incêndios nessas áreas”.

Marco Vinagre explica que o calor “insuportável” e as chuvas fora de época são consequências diretas das mudanças climáticas tanto de caráter global quanto local. “Devemos todos estar conscientes da realidade das mudanças climáticas de caráter global e local, e fazer cada um de nós o que estiver ao nosso alcance, combatendo a poluição, a emissão de CO2, de calor, o desmatamento e tendo atitudes sustentáveis em relação ao meio ambiente natural e urbano. Para nós da Amazônia, considero o principal risco a desertificação de nosso delicado ecossistema, pois a floresta se autossustenta, e sem ela nossos solos desprotegidos tendem fortemente a tornarem-se áreas de cerrado e em seguida desertificar-se”, afirmou.

O Imazon classifica o desmatamento como o processo de realização do “corte raso”, que é a remoção completa da vegetação florestal. Na maioria das vezes, essa mata é convertida em áreas para pecuária. Já a degradação é caracterizada pela extração das árvores, normalmente para fins de comercialização da madeira. Outros exemplos de degradação são os incêndios florestais, que podem ser causados por queimadas controladas em áreas privadas para limpeza de pasto, por exemplo, mas que acabam atingindo a floresta e se alastrando.

A pesquisadora do Imazon Larissa Amorim citou ações que precisam ser feitas pelos governos e órgãos públicos. “Para conter o desmatamento na Amazônia Legal é necessário intensificar as ações de fiscalização, priorizando principalmente aquelas áreas mais pressionadas em relação ao desmatamento. É necessário também identificar e punir os responsáveis por esse desmatamentos ilegais, embargando as áreas que foram apropriadas de forma indevida, e realizar urgentemente o ordenamento territorial, que nada mais é do que destinar as áreas de florestas públicas principalmente para conservação, ou seja, tornar esses territórios unidades de conservação, terras indígenas e territórios quilombolas”, assinalou.

Nas redes sociais, o Imazon recomenda dez ações para combater o desmatamento, como consumir produtos que garantam renda aos povos e comunidades tradicionais, participar de abaixo-assinados para proteção da floresta, apoiar grupos e ONGs que trabalham para a proteção ambiental, entre outros.

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Por Maria Rita Araújo (com apuração de Sabrina Avelar).

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