Estudo mostra efeitos de antidepressivo contra a Covid-19

Os autores do estudo realizaram os testes em uma dezena de hospitais brasileiros para estimar se o remédio permite evitar a hospitalização de pacientes com Covid-19 que o recebem rapidamente após a detecção do vírus

qui, 28/10/2021 - 08:01
ERNESTO BENAVIDES (Arquivo) Profissional de saúde atende paciente com covid-19 na unidade de terapia intensiva do hospital de campanha Virgen de Fátima, em Sullana, Piura, norte do Peru, em 19 de outubro de 2021 ERNESTO BENAVIDES

Um ensaio clínico publicado nesta quarta-feira (27) aponta que a fluvoxamina, um antidepressivo, pode reduzir as hospitalizações entre pacientes com Covid-19 com perfis de maior risco.

“A fluvoxamina, um medicamento que já existe e é de baixo custo, reduz a necessidade de cuidados avançados da doença em uma população de alto risco”, concluíram os pesquisadores desse estudo que saiu na Lancet Global Health, publicação vinculada à revista referência Lancet.

Este fármaco é usado como antidepressivo e contra o transtorno obsessivo-compulsivo.

Os autores do estudo realizaram os testes em uma dezena de hospitais brasileiros para estimar se o remédio permite evitar a hospitalização de pacientes com Covid-19 que o recebem rapidamente após a detecção do vírus.

Estudos anteriores já apontavam efeitos interessantes da fluvoxamina contra a Covid-19, mas foram realizados com amostras pequenas e uma metodologia que oferecia conclusões incertas.

Nesse caso, a análise foi feita com 700 pacientes e igual número tratado com placebos, sem que os médicos soubessem realmente que tratamento estavam administrando.

Todos apresentavam pelo menos um fator de risco: idade acima de 50 anos, tabagismo, diabetes, não estar vacinado etc.

O estudo mediu quantos pacientes em cada grupo acabaram hospitalizados após 28 dias ou tiveram que passar mais de seis horas em um pronto-socorro.

Encontraram-se em uma dessas situações 11% dos pacientes tratados com fluvoxamina, contra 16% do grupo do placebo.

"Este estudo sugere claramente que a fluvoxamina é uma opção eficaz, segura, barata e bem tolerada para tratar pacientes com Covid-19 não hospitalizados", disse o pesquisador Otavio Berwanger, não vinculado ao ensaio, em um comentário à revista.

Ao mesmo tempo, ele assinala os limites do estudo, como o fato de não abordar o efeito do medicamento sobre os óbitos e suas conclusões sobre as internações serem fragilizadas por ter misturado dois critérios.

Os autores explicam que levaram em consideração a permanência nos serviços de emergência porque os hospitais brasileiros estavam saturados pela pandemia e às vezes não conseguiam atender os pacientes que precisavam.

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