Secretária da Saúde diz que vacina para crianças é segura
Em nota técnica enviada ao Supremo, correspondente afirmou que foram realizados testes clínicos com milhares de crianças e nenhuma contraindicação foi identificada
A secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo, assinou uma nota técnica recomendando a vacinação contra o coronavírus em crianças de cinco a 11 anos. De acordo com o documento, que foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), não há indicadores negativos em relação à vacinação do público com idade inferior a 12 anos.
O documento foi enviado ao Supremo após pedido do ministro Ricardo Lewandowski, que cobrou do governo mais formas de comprovação quanto à segurança da imunização infantil. A posição contraria as falas do presidente Jair Bolsonaro.
“Antes de recomendar a vacinação [contra a] Covid-19 para crianças, os cientistas realizaram testes clínicos com milhares de crianças e nenhuma preocupação séria de segurança foi identificada”, diz o documento. A recomendação da secretária, nomeada na gestão de Marcelo Queiroga, entra em desacordo com a posição do governo federal, que se posiciona contra a inclusão de crianças sem prescrição médica no Plano Nacional de Imunização (PNI).
Rosana explica ainda que as vacinas estão “sendo monitoradas quanto à segurança com o programa de monitoramento de segurança mais abrangente e intenso da história do Brasil”. Além disso, a secretária afirma que a análise técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é feita de “forma rigorosa e com toda a cautela necessária”.
De acordo com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que se opõe à medida, por ele, a vacinação só é aprovada sob prescrição médica. No último fim de semana, a Rede Sustentabilidade acionou a Corte para obrigar o governo a disponibilizar a vacinação contra a Covid-19 para crianças de cinco a 11 anos "independentemente" de prescrição médica.
Vacinação infantil no mundo
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou em 16 de dezembro a aplicação da vacina da Pfizer em crianças de cinco a 11 anos, mas o impasse com o governo federal segura a decisão no Ministério da Saúde. Nos Estados Unidos e vários países da Europa - como Alemanha e Portugal – o processo já foi iniciado.
A vacina é eficaz e segura para as crianças, segundo pesquisadores, agências reguladoras de diversos países (inclusive a Anvisa) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Estudo feito com crianças de cinco a 11 anos que receberam duas doses de vacina da Pfizer mostrou que elas tiveram uma resposta de anticorpos neutralizantes em concentrações similares às observadas em adolescentes e adultos de 16 a 25 anos.