PM aponta arma para cantor negro que dirigia carro de luxo

O episódio, considerado por Jean Willian como o retrato do racismo estrutural, aconteceu na última quinta-feira (27)

por Jameson Ramos sab, 29/01/2022 - 13:17

O cantor lírico Jean Willian, de 36 anos, teve uma arma de fogo apontada para o seu rosto durante uma abordagem da Polícia Militar de São Paulo. Segundo ele, os policiais questionaram se ele era mesmo o dono do carro de luxo que dirigia e se tinha drogas em seu veículo.

O episódio, considerado por Jean como o retrato do racismo estrutural, aconteceu na última quinta-feira (27), quando ele e um amigo atravessavam de balsa a cidade de Santos com destino ao Guarujá, no litoral de São Paulo.

O seu veículo, de alto padrão, estava estacionado na balsa, quando um policial, que estava acompanhado por mais três PMs, apontou uma arma em direção ao seu rosto, questionando sobre o carro e drogas.

“Eles disseram que o carro era dirigido por um indivíduo suspeito e que receberam uma denúncia, enquanto eu me dirigia até a vaga. O indivíduo suspeito era eu, um homem preto, dirigindo um carro ‘atípico’ para alguém da minha cor”, detalhou o cantor por meio de suas redes sociais.

Ele reforça que os policiais viram os documentos e perguntaram qual era a sua profissão.

“Ao verem que eu não era um bandido e nem havia passagem criminal, saíram com cara de frustração e me permitiram seguir a viagem. O racismo e seus tentáculos”, disse Jean.

No entanto, mesmo passando por toda essa situação de racismo e constrangimento, o cantor lírico pontua que entende os desafios de ser um funcionário da segurança pública, os desafios e a exposição.

“A questão é essa estrutura que leva a ações extremas engatilhadas por um sistema estruturado na distinção pela cor da pele. São tentáculos da perpetuação do preconceito e precisam ser exterminados”.

Jean Willian trabalha com o maestro João Carlos Martins, que se solidarizou com o seu companheiro de palco, a quem chamou de filho.

“Jean é quase um filho para mim. Um tenor incrível que tive a honra de lançar no Brasil, Estados Unidos e Europa. Todo ato de discriminação e preconceito é uma chaga na humanidade”, lamentou.

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