Metrô de SP diz que fala de Eduardo Bolsonaro foi misógina

Após o desabamento de uma cratera na Marginal Tietê, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ridicularizou a priorização da contratação de mulheres pela empresa responsável pela obra

sab, 05/02/2022 - 16:12
Nilson Bastian/Câmara dos Deputados O Metrô de SP ressaltou a importância da presença das mulheres em diversas áreas Nilson Bastian/Câmara dos Deputados

O Metrô de São Paulo repudiou, em nota assinada pelo diretor-presidente da Companhia, Silvani Pereira, um vídeo publicado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) nas redes sociais com declarações misóginas sobre a contratação de mulheres pela empresa responsável por uma obra na Linha-6 Laranja. O Metrô ressaltou a importância da presença das mulheres em diversas áreas e pediu respeito “a todas aquelas que dedicam sua vida à infraestrutura urbana”.  

As declarações do deputado federal foram feitas após um acidente em uma obra em São Paulo, que provocou a abertura de uma cratera na Marginal Tietê, na Zona Norte da capital. Na sexta-feira (4), ele postou um vídeo no Twitter ridicularizando a fala de mulheres que trabalham na empresa Acciona, que integra a concessionária que faz obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo, falando sobre a obra. No vídeo, a analista de direitos humanos, Vilma Dias, afirma procurar “sempre contratar mulheres”. O político questiona se “homem é pior engenheiro” e critica a fala da analista.  

"'Procuro sempre contratar mulheres', mas por qual motivo? Homem é pior engenheiro? Quando a meritocracia dá espaço para uma ideologia sem comprovação científica o resultado não costuma ser o melhor Escolha sempre o melhor profissional, independente da sua cor, sexo, etnia e etc", disse no Twitter.

Em nota de repúdio ao filho do presidente Bolsonaro, a empresa considerou o vídeo “misógino” e “desrespeitoso”. “A Acciona, como uma empresa que tem respeito à diversidade como um dos pilares de sua política ESG, lamenta profundamente o teor dessa videomensagem que circula em redes sociais. A empresa considera o conteúdo misógino e extremamente desrespeitoso com nossas colaboradoras”, disse.  

“A Acciona tem programas especiais de estímulo à contratação de mulheres, inclusive na área de construção, e se orgulha dos seus profissionais. A empresa estuda as medidas judiciais cabíveis ao caso”, complementou a empresa, em defesa dos seus valores.  

Por sua vez, o Instituto de Engenharia também divulgou uma nota de repúdio ao vídeo, “que desmoraliza colaboradoras de empresa que atua nas obras da Linha-6 Laranja do Metrô”, e classificou como um “desserviço à sociedade”. “É inadmissível que esse tipo de mensagem seja compartilhada por qualquer pessoa. É um desserviço à sociedade, à evolução e um verdadeiro DESRESPEITO e DISCRIMINAÇÃO às profissionais envolvidas, quer engenheiras ou não. O Instituto Engenharia, por meio de seu Comitê para Valorização das Mulheres na Engenharia e Tecnologia, pede por respeito. Esse é o ingrediente essencial na construção de um futuro melhor em qualquer esfera da sociedade”, pontuou.  

Desabamento  

Na última terça-feira (1º), uma cratera se abriu na Marginal Tietê depois do asfalto ter cedido ao lado da obra do Metrô da Linha 6-Laranja, na Marginal Tietê, Zona Norte de São Paulo.  

Não houve feridos no desabamento, mas dois funcionários que tiveram contato com a água que jorrou do acidente foram socorridos pelos bombeiros.  

O secretário de Transportes Metropolitanos, Paulo José Galli, informou que o vazamento de uma galeria de esgoto causou o acidente. De acordo com Galli, o solo não suportou o peso da galeria, que passava três metros acima da máquina conhecida como “tatuzão”, e acabou se rompendo.  

 

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