Barreiros: criança foi morta por traficantes, diz polícia

Segundo as autoridades, um grupo de tráfico de drogas queria criar cavalos nas terras onde moravam Geovane e a família

por Alice Albuquerque qui, 17/02/2022 - 16:54
Divulgação/PC-PE Autoridades policiais em coletiva de imprensa sobre o caso Divulgação/PC-PE

As investigações da Polícia Militar e Polícia Civil de Pernambuco apontam que a motivação do assassinato de Jonathas de Oliveira dos Santos, de 9 anos, em Barreiros, na zona da Mata Sul de Pernambuco, envolveu sim, um conflito agrário. Segundo as autoridades, no entanto, o homicídio teria ocorrido como forma de vingança de um grupo de tráfico de drogas que queria criar cavalos no local.

O crime teria sido chefiado por um homem, que está preso, e executado por outros dois e um menor de idade, que integravam um grupo de tráfico de drogas na região. Os suspeitos foram encontrados juntos em um tipo de esconderijo no Engenho Cocal Grande, em Tamandaré, no litoral Sul de Pernambuco.

Os homens foram estão presos provisoriamente no presídio de Palmares, enquanto o menor de 15 anos foi levado para a Funase, no Recife. Um dos suspeitos nega participação no crime.

Traficantes

Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (17), o delegado Marcelo Queiroz contou que os traficantes mataram Jonathas com três tiros achando que era o pai, Geovane. "Pela versão deles, a intenção era matar o pai da criança, que foi atingido e, segundo eles, acharam que ao correr, o pai tinha se escondido embaixo da cama, onde, na verdade, quem estava escondido foi o menor, que foi alvejado por três disparos de arma de fogo", detalhou o delegado.

No entanto, os dois acusados que chegaram a confessar o crime (um maior e o menor de idade) negaram terem atirado contra a criança. Apesar de terem dito que ficaram do lado de fora da casa, eles deram detalhes do crime, "é normal que eles tentem se livrar dessa responsabilidade do tiro do menor e tentem passar para quem ainda não foi localizado". "Eles negam terem atirado, mas contam detalhes do crime que é difícil saber sem terem entrado na casa. Fizeram um cerco na casa, todos os seis a sete homens armados - que participaram-, para que a família não conseguisse fuga enquanto parte do grupo estaria dentro da casa para praticar o homicídio", disse. "Possivelmente, essa liderança está no sistema carcerário já devido a operações da Polícia Civil", afirmou Marcelo Queiroz sobre o mandante do crime.

"Possivelmente, o mandante já estaria no sistema carcerário. Já foi identificado, é conhecido nosso. Foi preso pela Polícia Civil no passado e estaria comandando isso pelo sistema prisional. Ele está preso por diversos crimes, se jogar o código penal para cima pode escolher, só não podemos falar o nome dele agora porque pode prejudicar a investigação”, relatou.

Conflito de terra



Inclusive, ao mesmo tempo que os órgãos afirmam que a maior suspeita da motivação teria sido o tráfico de drogas, eles falam sobre a briga pela terra de Geovane, além de negar a sua ligação com o tráfico. “O pai da criança não teria relação com o tráfico, era só a questão do interesse de uma terra que ainda não conseguimos identificar que terra seria essa. Mas é uma terra que seria do pai da criança e serviria a alguém do grupo, talvez o líder, para criar cavalos. O valor que estavam oferecendo [para comprar a terra ao pai] era interior, não fecharam negócio e ficaram chateados. É um pessoal que dominava o tráfico na região e os suspeitos do crime teriam envolvimento com o pessoal. Eles falaram, inclusive, que teriam recebido ameaças para participar do crime. Tudo isso está sendo checado", disse.







"Temos uma linha de investigação forte, nenhuma está descartada, mas temos a perspectiva muito forte da ligação com a disputa do tráfico de entorpecentes da região como sendo o motivo que gerou a morte dessa criança. A questão agrária não é descartada, porém, não é a linha de investigação predominante até o momento", completou Queiroz.



Por sua vez, o Cel PM diretor de polícia do interior I, Paulo César Cavalcante, as polícias militar e civil se mobilizaram em reforço conjunto desde o fato ocorrido. "Passamos a mandar nossos serviços de inteligência para o foco e para fazer rondas para colher informações e, a partir disso, ontem a gente conseguiu lograr êxito. O nosso serviço de inteligência verificou que os elementos estavam na Zona Rural de Tamandaré. Juntamos o efetivo com 35 homens e concluímos a prisão dos elementos".

"Era uma área de difícil acesso, mata fechada, onde os mesmos colocaram um acampamento com colchão, fogueira, gêneros alimentícios e estavam lá na tentativa de se esconder da polícia", detalhou o Cel PM.

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