Leptospirose: risco aumenta durante período de chuvas

Até o momento já foram notificados 120 casos suspeitos de leptospirose, sendo 28 confirmados, 29 descartados e 63 que permanecem em investigação - dois óbitos foram confirmados

por Jameson Ramos sab, 11/06/2022 - 10:10
Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo Situação de uma das regiões do Recife afetada por fortes chuvas Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

Pernambuco tem atravessado um período difícil provocado pelas fortes chuvas. Nessa época, junto com inundações de rios e córregos temos a presença de agentes infecciosos nas águas, com sintomas que podem demorar a surgir. Além do temporal, o acúmulo de lixo nas ruas e a possibilidade de animais, como ratos, contaminarem a água com sua urina propiciam as infecções.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), até o momento foram notificados 120 casos suspeitos de leptospirose, sendo 28 confirmados, 29 descartados e 63 que permanecem em investigação - dois óbitos foram confirmados. 

Esses dados são referentes a última atualização que leva em consideração os casos do início de 2022 até o dia 7 de maio deste ano. Os municípios com maiores incidências são Recife, Jaboatão dos Guararapes e Olinda.

A SES detalha que a leptospirose é uma doença infecciosa transmitida ao homem pela urina de roedores, principalmente por ocasião das enchentes. A doença é causada por uma bactéria chamada Leptospira, presente na urina de ratos e outros animais (bois, porcos, cavalos, cabras, ovelhas e cães também podem adoecer e, eventualmente, transmitir a leptospirose ao homem). 

Os principais sintomas da leptospirose são: febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas. Podem também ocorrer vômitos, diarréia e tosse. Nas formas graves, geralmente aparece icterícia (pele e olhos amarelados), sangramento e alterações urinárias. Pode haver necessidade de internação hospitalar. 

A pasta aponta ainda que o período de incubação, ou seja, o tempo que a pessoa leva para manifestar os sintomas desde a infecção da doença pode variar de 1 a 30 dias e, normalmente, ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição à situação de risco.

Como a população pode se proteger?

Obras de saneamento básico (drenagem de águas paradas suspeitas de contaminação, rede de coleta e abastecimento de água, construção e manutenção de galerias de esgoto e águas pluviais, coleta e tratamento de lixo e esgotos, desassoreamento, limpeza e canalização de córregos), melhorias nas habitações humanas e o controle de roedores.

É importante evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés).

A água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) mata as leptospiras e deve ser utilizada para desinfetar reservatórios de água: um litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água do reservatório. Para limpeza e desinfecção de locais e objetos que entraram em contato com água ou lama contaminada, a orientação é diluir 2 xícaras de chá (400ml) de água sanitária para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos.

Controle de roedores - acondicionamento e destino adequado do lixo, armazenamento apropriado de alimentos, desinfecção e vedação de caixas d´água, vedação de frestas e aberturas em portas e paredes, etc. O uso de raticidas (desratização) deve ser feito por técnicos devidamente capacitados.

Não existe uma vacina para uso humano contra a leptospirose no Brasil. A vacinação de animais domésticos e de produção (cães, bovinos e suínos), disponível em serviços particulares, evita que estes adoeçam e transmitam a doença por aqueles sorovares que a vacina protege, ficando a critério do proprietário, vacinar ou não o animal, sendo válida como estratégia de proteção individual.

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