Rússia diz ter mirado em reunião militar em Vinnytsia

De acordo com o Exército ucraniano, "três mísseis" atingiram o estacionamento e este edifício comercial no centro da cidade, que tinha escritórios e lojas

sex, 15/07/2022 - 10:00
Sergei SUPINSKY Destroços de mísseis em 14 de julho de 2022 em Vinnytsia Sergei SUPINSKY

Moscou declarou nesta sexta-feira (15) que tinha como alvo uma reunião de comando das forças ucranianas em Vinnytsia, uma cidade no centro da Ucrânia onde um bombardeio russo condenado pela ONU e pela União Europeia matou pelo menos 23 pessoas no dia anterior.

No leste da Ucrânia, as forças separatistas pró-russas anunciaram a morte na prisão do cidadão britânico Paul Urey, capturado em abril, informação considerada "alarmante" por Londres.

No plano diplomático, uma reunião dos ministros das Finanças do G20 na Indonésia provocou um novo confronto entre os ocidentais, que denunciam a responsabilidade de Moscou pelos problemas econômicos do planeta, e a Rússia, que acusa as sanções ocidentais por todos os males.

Em Vinnytsia, uma cidade distante da linha de frente, a oeste da capital do país, Kiev, as imagens publicadas pelo serviço de emergência ucraniano mostram dezenas de carcaças de carros e um prédio de cerca de dez andares devastado pela explosão e pelo incêndio, após os ataques russos da quinta-feira.

De acordo com o Exército ucraniano, "três mísseis" atingiram o estacionamento e este edifício comercial no centro da cidade, que tinha escritórios e lojas.

Em um comunicado, o Ministério russo da Defesa disse que os mísseis disparados do mar atingiram a "casa dos oficiais" de Vinnytsia durante uma reunião do "comando da Força Aérea da Ucrânia com representantes de fornecedores estrangeiros de equipamentos militares".

"Por causa deste ataque, os participantes da reunião foram eliminados", acrescenta o ministério, que não reconhece qualquer erro ou crime de suas Forças Armadas na Ucrânia e garante sistematicamente que atinge apenas alvos militares.

Divulgado na quinta-feira à noite, o último balanço ucraniano era de 23 mortos, 29 desaparecidos, 71 pessoas hospitalizadas e mais de uma centena de feridos tratados no local. Três crianças estão entre os mortos.

O balanço ainda não é definitivo, porque "dezenas de pessoas estão desaparecidas", e há feridos "muito graves", segundo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

"Estado terrorista"

"Isso demonstra mais uma vez que a Rússia deve ser oficialmente reconhecida como um Estado terrorista", acrescentou.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou na quinta-feira que estava "chocado" com a tragédia, e a União Europeia criticou o "comportamento bárbaro" da Rússia.

A UE também pretende visar às exportações russas de ouro em seu próximo conjunto de sanções, conforme decidido pelos países do G7 no final de junho, anunciou o vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, nesta sexta-feira (15).

Segundo ele, a UE também buscará "fechar as brechas" para aqueles que contornarem os conjuntos anteriores de sanções decididas pelos europeus contra a Rússia por sua invasão da Ucrânia.

No aplicativo de mensagens Telegram, Daria Morozova, uma autoridade separatista da região de Donetsk, província do Donbass parcialmente controlada pelo Exército russo e separatistas, anunciou que o britânico Paul Urey havia morrido em detenção.

"Apesar da gravidade de (seus) crimes, Paul Urey estava recebendo assistência médica adequada. Apesar disso, em vista de seu diagnóstico e do estresse, ele morreu em 10 de julho", disse, chamando o detento falecido de mercenário enquanto a Presidium Network, uma organização sem fins lucrativos com sede no Reino Unido, apresentou-o como um humanitário.

Após sua captura, a mãe de Urey havia indicado que seu filho estava em uma missão humanitária, que sofria de diabetes e precisava de insulina.

No âmbito das operações militares, as autoridades separatistas de Donetsk relataram na manhã desta sexta-feira a morte de quatro pessoas em bombardeios ucranianos na área sob seu controle em 24 horas.

Em Bali (Indonésia), os grandes financistas ocidentais denunciaram a invasão russa da Ucrânia, que acusam de ter criado uma "onda de choque" na economia mundial, responsável pela crise alimentar e energética que atinge muitos países.

"Houve uma denúncia muito ampla da guerra e de suas consequências", enquanto "a Rússia tentava dizer que a situação econômica mundial não tinha nada a ver com a guerra", disse à AFP uma fonte da delegação francesa.

Em Moscou, o Ministério da Defesa indicou que um "documento final" estará pronto em breve para permitir a exportação de cereais da Ucrânia, após a sessão de negociação realizada quarta-feira na Turquia e que envolveu Moscou, Kiev, Ancara e a ONU.

De acordo com Ancara, uma nova reunião deve ocorrer na próxima semana sobre esta questão fundamental para a segurança alimentar em muitos países, particularmente na África.

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