Os principais desafios das eleições legislativas na Itália

sab, 24/09/2022 - 11:56
Alberto PIZZOLI Uma mulher vai buscar comida em centro de caridade, em 20 de setembro de 2022 em Salerno Alberto PIZZOLI

As eleições legislativas de domingo (25) na Itália apresentam uma série de desafios em questões econômicas e políticas.

O que acontecerá com os bilhões de euros do fundo de recuperação pós-covid concedido à Itália pela UE? O apoio à Ucrânia continuará diante da invasão russa?

A seguir, os principais desafios:

- Extrema direita no poder -

A coalizão de direita - formada pelo partido pós-fascista Irmãos da Itália (Fratelli d'Italia, FDI) de Giorgia Meloni, a Liga de Matteo Salvini e Forza Italia (FI) do magnata Silvio Berlusconi - liderava todas as pesquisas, com cerca de 45 a 47% das intenções de voto, contra 22% da coalizão de esquerda - liderada pelo Partido Democrata (PD, centro-esquerda).

Segundo o acordo que vigora há anos entre os líderes dos partidos de direita, a formação mais votada será aquela que designará o candidato ao cargo de chefe de Governo.

O FDI está à frente de seus aliados, com cerca de 24% das intenções de voto, contra 12% da Liga e 8% do Forza Itália, segundo as pesquisas.

Se a votação confirmar as pesquisas, significa que, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, a Itália, terceira maior economia da zona do euro e um dos países fundadores da União Europeia (UE), será governada por um primeiro-ministro que pertence a um partido político pós-fascista e eurocético.

Meloni e sua formação são herdeiros do Movimento Social Italiano (MSI), partido neofascista criado em 1946 após a Segunda Guerra Mundial por líderes que faziam parte da República de Saló, um Estado fantoche da Alemanha nazista.

Seus principais aliados na Europa são o partido de extrema direita espanhol Vox e o conservador e nacionalista polonês Lei e Justiça, que junto com o FDI fazem parte da bancada dos Conservadores e Reformistas Europeus (CRE) no Parlamento Europeu.

- O que será dos fundos concedidos pela UE? -

Devido à pandemia e à crise econômica, a Itália foi o país que mais se beneficiou do plano de recuperação europeu, com um pacote de cerca de 200 bilhões de euros para financiar projetos e estimular o crescimento.

Mas para obter esses fundos, Roma deve implementar uma série de reformas complexas previamente negociadas pelo ex-primeiro-ministro Mario Draghi.

Meloni alertou em várias ocasiões durante a campanha eleitoral que pretende renegociar com a Comissão Europeia as condições relativas à concessão desses fundos.

A Comissão não reagiu, como é habitual quando a campanha eleitoral está em pleno andamento.

No entanto, a posição eurocética e soberanista do seu partido desencadeia muitas incógnitas.

Se os termos e condições negociados não forem respeitados, o desembolso do dinheiro corre o risco de atrasos significativos.

- Armas à Ucrânia e sanções contra a Rússia -

Se a direita chegar ao poder, a posição italiana sobre a guerra na Ucrânia, a ajuda a esse país e as sanções internacionais contra a Rússia poderão ser repensadas.

Draghi encarnou a posição de uma Itália pró-europeísta e atlanticista, que enviou armas, apoiou a Ucrânia e aplicou rigorosamente sanções contra a Rússia.

Meloni também expressou apoio a essa linha, mas seu aliado, Matteo Salvini, um fervoroso admirador de Vladimir Putin e o segundo líder mais importante da coalizão de direita, discorda.

"As sanções não vão enfraquecer a Rússia. Pelo contrário, elas correm o risco de colocar a Itália e os países europeus de joelhos", disse ele recentemente.

Salvini também se opõe ao envio de mais armas para a Ucrânia e é a favor de negociações, sem especificar como.

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