Pará tem redução de casos de câncer infantojuvenil em 2022

Números indicam queda pela metade no Estado. Em todo o Brasil foram registradas 13.237 notificações da doença. Os dados são do Ministério da Saúde.

ter, 07/03/2023 - 17:52
Arquivo pessoal Médica Alayde Vieira, oncologista pediátrica, alerta que sintomas devem ser observados com atenção Arquivo pessoal

Painel de Oncologia do Ministério da Saúde aponta que o Pará registrou uma queda significativa nos casos de câncer em pessoas de 0 a 19 anos. Em 2021, foram 624 casos e no ano seguinte, 315 pacientes foram diagnosticados.

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) informa que o câncer infantojuvenil é a primeira causa de morte por doença em crianças e a segunda causa de óbito em geral. Dados do Inca mostram que 2.280 pessoas de 0 a 19 anos morreram em decorrência da doença em 2020.

A médica Alayde Vieira, oncologista pediátrica do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, diz que entre os tipos mais comuns de câncer infantojuvenil estão a leucemia, linfoma e tumores ósseos, que podem surgir em determinadas idades dependendo da patologia. 

“A leucemia acomete crianças entre 3 e 5 anos. Já o linfoma é mais amplo: se for linfoma não hodgkin, de 2 a 5 anos; se for linfoma de hodgkin, acomete pré-adolescentes e adolescentes”, afirma Alayde.

A especialista ressalta que os tumores em crianças são mais agressivos do que os que acometem os adultos, pois têm crescimento progressivo e costumam evoluir mais rápido. “São de tecido hematopoiético, isto é, do sangue, e de tecidos de sustentação. Por se multiplicarem rapidamente, surgem em semanas ou meses. Já o câncer em adultos é mais silencioso e insidioso, de tecido de revestimento dos órgãos”, explicou.

“Como o câncer da criança é mais agressivo do que o do adulto, o tratamento é mais intenso. Com quimioterapia do tipo citotóxica (agressiva às células). Em compensação, as crianças respondem melhor que os adultos, sendo a quimioterapia de caráter curativo na maioria das vezes, dependendo do grau de acometimento do câncer na criança”, concluiu a oncologista.

Diagnóstico precoce

O índice de cura da doença nos pacientes infantojuvenis é bastante alto. Segundo o Inca, cerca de 80% das crianças e adolescentes acometidos pela doença, se forem precocemente diagnosticados e receberem tratamento adequado, podem ser curados. E a maioria deles terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado.

Por isso, é preciso estar atento aos sinais e sintomas iniciais que são sutis, e se assemelham à maioria das doenças da infância, para buscar o acompanhamento e a avaliação médica. “A persistência e a piora dos sinais devem chamar a atenção: febre por mais de duas semanas sem foco de infecção, manchas roxas no corpo, perda de peso inexplicável, aumento do volume abdominal, que aumenta progressivamente, dores de cabeça seguidas de vômitos, estrabismo, fadiga”, pontua a oncologista.

Nos últimos quatro anos, o Estado do Pará registrou taxa de cura em torno de 55%, devido aos estágios avançados dos tumores sólidos, principalmente os cerebrais. Mas a taxa pode chegar a 76%, no caso das leucemias.

Em países de alta renda, entre 80% e 85% das crianças acometidas por câncer podem ser curadas atualmente. No Brasil, o percentual é mais baixo e variável entre as regiões, mas apresenta média de cura de 65%. 

Políticas públicas 

Por meio da Iniciativa Global para o Câncer na Infância, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe priorizar o combate ao câncer infantil em esfera global, a fim de eliminar a dor e o impacto que a luta contra a doença causa na vida das crianças e alcançar pelo menos 60% de sobrevivência para todas as que são diagnosticadas no mundo até 2030. Isso representa o dobro da taxa de cura atual, e poderá salvar a vida de mais de um milhão de crianças na próxima década.

Visando essa meta, o Brasil instituiu, em 2022, a Política Nacional de Atenção à Oncologia Pediátrica, para aumentar os índices de sobrevida, melhorar a qualidade de vida e reduzir a mortalidade e o abandono ao tratamento das crianças e adolescentes com câncer.

No Pará, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, anexo ao Hospital Ophir Loyola, é o primeiro hospital público da Amazônia especializado no tratamento de câncer para crianças e jovens de até 19 anos. Todos os anos, lá são realizados mais de 1 milhão de atendimentos, entre cirurgias, quimioterapia, radioterapia, exames e consultas.

Por Gabriela Gutierrez (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

 

 

 

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