Simon Abney-Hastings estará na coroação de Charles III

O australiano será a única pessoa presente que poderia reivindicar o trono britânico

dom, 30/04/2023 - 13:59
Dan Kitwood A Cadeira da Coroação, também conhecida como Cadeira de Santo Eduardo ou Trono da Coroação, na Abadia de Westminster, em Londres, em 12 de abril de 2023 Dan Kitwood

Como filho de um fazendeiro australiano, Simon Abney-Hastings pareceria um convidado improvável na coroação de Charles III. Entretanto, no evento histórico na Abadia de Westminster, em 6 de maio, ele será a única pessoa presente que poderia reivindicar o trono britânico.

Ainda que pareça improvável, a hipótese é baseada na pesquisa do historiador britânico Michael Jones.

Ele descobriu há duas décadas, na catedral francesa de Rouen, um documento que, a seu ver, prova que o rei inglês Edward IV (1442-1483) era ilegítimo.

Segundo Jones, durante as cinco semanas em que Edward pode ter sido concebido, seu pai Ricardo, duque de York, estava a 160 quilômetros de sua esposa, Cecília Neville.

Como resultado, o pesquisador argumenta que Edward não era o herdeiro legítimo do trono e que a linha de sucessão deveria ter passado para o irmão mais novo, George - um ancestral direto de Abney-Hastings.

Embora sem terras ou casas no Reino Unido, a linhagem de Simon Abney-Hastings, 48 anos, lhe rendeu o antigo título escocês de Conde de Loudoun.

Seu pai, Michael, emigrou do Reino Unido para a Austrália em 1960.

Ele mora atualmente em Wangaratta, no estado australiano de Victoria, e recebeu o convite para a cerimônia de coroação ao mostrar que seus ancestrais tradicionalmente desempenhavam um papel importante nas coroações dos monarcas ingleses.

- Esporas de ouro -

O 15º conde de Loudoun disse no Twitter que estava "encantado e sinceramente honrado" por exercer o papel desempenhado por seus ancestrais na cerimônia de 6 de maio.

Desde o século XIII, os condes de Loudoun têm sido encarregados de usar as esporas de ouro, uma parte cerimonial do ato de coroar um novo rei.

Feitas de ouro, couro e veludo, são entregues ao soberano como símbolo de seu papel como chefe das forças armadas.

Os condes de Loudoun participaram das cerimônias de coroação do rei George V, em 1911, e do rei George VI, avô de Charles, em 1937.

Abney-Hastings é uma das 13 pessoas ou organizações que, segundo o governo britânico, desempenharão um papel na coroação.

- Rei Michael I -

A descoberta de Jones foi um choque para a família Abney-Hastings há quase 20 anos.

Uma equipe de documentaristas britânicos o visitou em sua casa australiana em 2004 para o programa de televisão "Britain's Real Monarch" ("O verdadeiro monarca britânico", em tradução livre). E, para surpresa de toda a família, eles anunciaram que Michael era quem realmente deveria estar sentado no trono britânico como o rei Michael I.

Após sua morte em 2012 aos 69 anos, o direito passaria para seu filho Simon.

O advogado e secretário particular de Simon Abney-Hastings, Terence Guthridge, disse à AFP que "ele nunca teve essa opinião", embora os historiadores pensem que ele tem direito ao trono.

Na verdade, ele sempre foi um "leal e firme apoiador" da rainha Elizabeth II e de seu filho, Charles III. "Cartões de aniversário ou cartões de Natal são enviados todos os anos", acrescentou.

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