O que se sabe sobre o assassinato de juiz em Jaboatão?

O crime que aconteceu no bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, na noite da última quinta-feira (19), ocorreu a apenas 300 metros da residência da vítima

por Guilherme Gusmão sex, 20/10/2023 - 16:53
Reprodução Paulão, como era conhecido, era casado e deixou três filhos Reprodução

Após o assassinato do juiz Paulo Torres Pereira da Silva, titular da 21ª Vara Cível da Capital, a Polícia Civil de Pernambuco, através de uma coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (20), informou que o magistrado foi morto com um tiro na região da nuca, mas não havia nenhuma marca de disparo em seu veículo e nenhum pertence foi roubado. Segundo a polícia, nenhuma hipótese em relação ao crime está descartada.

O crime que aconteceu no bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, na noite da última quinta-feira (19), ocorreu a apenas 300 metros da residência da vítima. Pessoas que passavam pelo local, no momento do assassinato, contaram que três criminosos chegaram em um Onix vermelho e logo interceptaram o carro que o magistrado dirigia, atiraram e, em seguida, fugiram do local. Os rostos dos suspeitos não foram identificados pelas testemunhas, pois eles usavam máscaras cirúrgicas.

De acordo com a Polícia Civil, a vítima, após ser atingida pelo tiro, colidiu com o carro em um muro de uma propriedade da Rua Maria Digna Gameiro. Nenhum objeto do juiz foi levado pelos criminosos. Outro detalhe é que os vidros do veículo do juiz estavam abaixados, mas os familiares de Paulo relataram que ele costumava dirigir com as janelas abertas.

Segundo a delegada Euricélia Nogueira, familiares do juiz contaram que ele costumava caminhar à noite na Praia do Paiva, no município do Cabo de Santo Agostinho. Possivelmente, ele estaria voltando para a sua residência no momento em que foi morto pelos assassinos.

Imagens de circuitos de câmeras de segurança das propriedades da área estão sendo analisadas pela equipe de investigação. O intuito é descobrir se a vítima estava sendo perseguida e qual roteiro, de fato, foi feito até o local da interceptação.

"Vamos fazer a intimação de testemunhas, de familiares, analisar os laudos e imagens para esclarecer o crime. O que podemos dizer é que nenhuma hipótese está descartada", declarou o delegado Roberto Ferreira, responsável pelo inquérito. 

Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Paulo não havia registrado recebimento de ameaças e não contava com escolta. 

O Procurador-Geral de Justiça Marcos Carvalho está designando promotores de Justiça da cidade de Jaboatão para acompanhar, em conjunto com o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de Pernambuco (Gaeco/MPPE), a investigação iniciada pela Polícia Civil que busca identificar os responsáveis pelo crime.

Barroso pede apuração do caso

Em nota, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Luís Roberto Barroso, prestou solidariedade à família do magistrado e pediu apuração célere do caso.

"Tomei conhecimento do assassinato covarde do juiz Paulo Torres Pereira da Silva, que atua na primeira instância no Recife (PE). Conversei com o presidente do Tribunal de Justiça do estado, que está em contato com as autoridades locais para apuração célere do episódio e a devida punição dos envolvidos. O Conselho Nacional de Justiça acompanhará os desdobramentos para garantir que a Justiça seja feita. Em nome do Poder Judiciário, presto solidariedade à família e aos amigos", escreveu.

Governadora se manifesta

Em suas redes sociais, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB-PE), publicou que a Polícia Civil não medirá esforços para esclarecer o assassinato.

"Expresso meu mais profundo pesar pela morte do juiz Paulo Torres Pereira da Silva e me solidarizo com sua família e amigos. A Polícia Civil já trabalha no caso e não medirá esforços para esclarecer, o quanto antes, esse episódio inaceitável de violência em nosso estado", pontuou.

Quem era o juiz?

Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Paulão, como era conhecido, era muito querido por todos que fazem o Judiciário pernambucano e atuava como juiz desde 1989. Ele era casado e deixou três filhos.

"Conhecido como Paulão, o magistrado era muito querido por todos que fazem o Judiciário pernambucano. Tinha 69 anos e era juiz há quase 34 anos. Em várias oportunidades, atuou como desembargador substituto", disse o TJPE. 

Ele já atuou como juiz nas Comarcas das cidades de Salgueiro, Serrita, São José do Belmonte, Parnamirim, Belém de São Francisco, Escada, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, e, atualmente, trabalhava na Comarca do Recife.

 

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