Conservadores condenam cartaz de Jesus Cristo em Sevilha

O cartaz do artista natural de Sevilha Salustiano García mostra um Jesus Cristo ressuscitado, ligeiramente coberto por um pano branco da cintura para baixo

seg, 29/01/2024 - 15:57
Alvaro LEFLET O artista espanhol Salustiano Garcia (E) ao lado do cartaz que criou Alvaro LEFLET

O cartaz oficial da Semana Santa de Sevilha, no sul da Espanha, provocou indignação em meios de comunicação católicos ultraconservadores, que exigiram sua remoção por considerá-lo ofensivo.

Apresentado no sábado (27), o cartaz do artista natural de Sevilha Salustiano García mostra um Jesus Cristo ressuscitado, ligeiramente coberto por um pano branco da cintura para baixo.

Mostra "a parte luminosa da Semana Santa", no "mais puro estilo deste prestigiado pintor", ressaltou em um comunicado a organização que reúne as irmandades da cidade que participam das procissões da Semana Santa.

A obra, que deveria ser exposta por toda a cidade, gerou polêmica nas redes sociais, após inúmeros internautas e uma associação católica ultraconservadora denunciarem seu caráter "sexualizado".

O cartaz é "uma verdadeira vergonha e aberração", de acordo com o Instituto de Política Social, uma organização que defende os "símbolos cristãos" e que é contra o aborto.

Julgando o que consideram ser um Cristo "afeminado", a instituição pediu sua remoção e exigiu um pedido público de desculpas do artista, argumentando que esta representação não está de acordo com o espírito da Semana Santa.

O líder do partido de extrema direita Vox, Javier Navarro, também se juntou às críticas, declarando na rede social X que o cartaz "buscava a provocação" e se distanciava de seu objetivo de "encorajar a participação devota dos fiéis na Semana Santa de Sevilha".

- "Politização" -

Nesta segunda-feira (29), mais de 10.000 pessoas assinaram uma petição pública na plataforma Change.org pedindo a defesa da "tradição" e do "fervor religioso" de Sevilha contra a pintura.

Algumas reações foram denunciadas pelo autor da obra, que, em entrevista ao jornal ABC, afirmou que sua pintura é "gentil, elegante e bonita", e é feita com "respeito".

"É preciso estar doente para ver sexualidade em meu Cristo", afirmou García, explicando que "não há nada" em seu quadro que "não esteja representado em obras de arte de muitos séculos atrás".

Salustiano García, cujo trabalho está exposto em galerias de todo o mundo, explicou que usou seu filho como modelo para o cartaz. "Nós dois rimos com esta polêmica e estamos muito surpresos com a politização que está sendo feita com o quadro", contou à ABC.

Os socialistas, que governam o país, saíram em defesa do cartaz e denunciaram "as expressões de homofobia e ódio" a que deu origem, disse Juan Espadas, líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) na Andaluzia.

As procissões da Semana Santa, que comemoram a Paixão, morte e ressurreição de Cristo, ocupam uma posição importante em Espanha, onde as tradições católicas ainda são muito presentes, sobretudo em Sevilha, considerada a capital das procissões religiosas.

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