Domingo é dia das eleições internas do PT

Conheça o cenário político e os candidatos às prévias do Partido dos Trabalhadores (PT)

sab, 19/05/2012 - 00:57
Chico Peixoto/LeiaJá Imagens

Depois de ataques, declarações, acusações e discursos inflamados, eis que está chegando o dia das prévias do Partido dos Trabalhadores (PT). Este domingo (20) será decisivo. Além do jogo de cintura é necessário fazer política como os grandes estadistas, reunir e conquistar a militância. Os 24.623 filiados em dia com a anuidade do partido poderão escolher entre o atual prefeito do Recife, João da Costa, e o secretário estadual do governo, Maurício Rands, como candidato do Partido dos Trabalhadores.

Na intenção de manter o controle de três mandatos consecutivos na capital, o PT acabou se dividindo e ocasionando fissuras irreparáveis que, talvez, só o tempo e o desenrolar do período pré-eleitoral poderá determinar o cenário que será montado no Recife.

O Diretório Estadual do partido pende para um lado, enquanto o Municipal oscila para outro. Resultado: companheiros divididos. Alguns militantes acusam o prefeito João da Costa, nas redes sociais, de “controlador, perseguidor, traidor e que não sabe organizar e coordenar o Recife, pois o desenvolvimento do município não acompanha a requalificação e reestruturação de Pernambuco. Enquanto o governo anda a passos largos, a prefeitura não consegue sair do lugar nas áreas de saneamento, mobilidade urbana e qualidade de vida".

“O problema de João da Costa é que ele é internista, só conversa com o seu grupo ao redor. Como eu respeito os autistas, não vou dizer que ele é autista, mas João da Costa é meio caramujo. Para que se tenha uma ideia, ele não conversa com o presidente da Câmara dos Vereadores. Quando eu for prefeito do Recife, vou conversar com Renildo, em Olinda, com o prefeito de Paulista, de Jaboatão. Sou da política, dialogar é como beber água de coco para mim”, ironizou Rands, ao dar entrevista a um blog recifense.

Já os defensores de João da Costa acusam que Rands é um candidato que está “sem proposta e está sabotando a atual gestão do município e desconstruindo o legado do PT", coisa que afetaria os demais partidos da frente popular. Nas prévias, ele tem atitudes iguais a oposição e não ajuda a unir o partido ao final do processo.  

Segundo o presidente municipal do PT de Recife, Oscar Barreto, o cenário que foi montado “é muita pirotecnia. Atacar a gestão e o prefeito o tempo todo é um erro grave, é uma burrice sem tamanho. Rands não percebe que está fechando portas. Ele ainda fica plantando notícias de que tem o apoio do ex-presidente Lula (PT), do governador Eduardo Campos (PSB), da executiva nacional do PT e dos demais partidos. Ninguém declarou esse apoio. Rands está constrangendo todo mundo, não pode fazer isso”, atacou Barreto em entrevista a um jornal da cidade.

Todas as possíveis coligações estão esperando o correr da carruagem. Quem irá acompanhar ou tomar novos rumos, isto fica para o próximo capítulo da novela "eleições". A luta continua, o jogo está só começando com essa partida interna.

Confira os perfis dos dois candidatos:

João da Costa

Nasceu na cidade de Angelim, no Agreste de Pernambuco, onde estudou o ensino médio e trabalhou no mercadinho de seu pai (João da Costa Bezerra). Na adolescência veio morar na capital recifense e cursou administração na Universidade Federal de Pernambuco, juntamente com agronomia na Universidade Rural. Ao se interessar pela política estudantil, participou do Diretório Central dos Estudantes (DCE) nas duas instituições e acabou ocupando cargos como coordenador geral da Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil e diretor da União dos Estudantes (UNE).



Nos anos 1980, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores e começou sua militância. Em 2001, assumiu a secretaria do Orçamento Participativo, criada no primeiro mandato de prefeito, do atual deputado federal João Paulo Lima e Silva. Em 2005, passa a coordenar a Secretaria de Planejamento Participativo. Com o apoio do então prefeito João Paulo, consegue se eleger o deputado estadual mais votado no Recife e o terceiro em Pernambuco.

Nas eleições de 2008, ficou conhecido como sucessor e afilhado político de João Paulo, venceu o pleito municipal com 51,54% dos votos. Atualmente, participa das eleições internas do PT e, caso ganhe, tentará se reeleger.



Maurício Rands

Começou sua vida política em 1981, quando filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Formado em direito pela Universidade Federal de Pernambuco, no ano de 1982, militou em defesa do partido e sindicatos durante o curso. Fez doutorado sobre direito do trabalho na Universidade de Bari, na Itália, e na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Assumiu a vice-presidência da Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco (OAB-PE), de 1988 à 1989. No início dos anos 1990, trocou de partido e começou sua militância no PT. Em 2000 assumiu o posto de Conselheiro Federal da OAB e passou dois anos exercendo o cargo.

Na gestão de João Paulo, na Prefeitura do Recife, foi secretário de Assuntos Jurídicos criando o “Justiça Cidadã”, projeto que começou a prestar assistência judiciária nos bairros da periferia. Em 2002, se candidatou para Deputado Federal, ganhando com 107.741 votos. Em 2006 se reelegeu e chegou a ser líder do governo no congresso. À pedido do governador Eduardo Campos (PSB), se licenciou para assumir o cargo de secretário estadual do governo de Pernambuco.

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