Comissão faz audiência pública no auditório da UNINASSAU

A sessão será aberta ao público e acontece nesta quinta (13), às 14h

ter, 11/12/2012 - 20:03

A Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara realiza, nesta quinta-feira, (13), às 14h, no auditório do bloco Capunga, do Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU), no bairro das Graças, a audiência pública com os ex-presos políticos Carlos Alberto Soares, José Emilson Ribeiro da Silva e José Calistrato. A sessão tem por finalidade esclarecer as circunstâncias dos casos de mortes e desaparecidos durante a ditadura militar. Os nove representantes da comissão participam da solenidade. A abertura do encontro é presidida pelo coordenador e ex-presidente OAB-PE, Fernando Coelho. A sessão é aberta ao público.



Carlos Alberto Soares é o único preso político do Brasil a receber duas condenações à prisão perpétua por ter participado de ações armadas. Natural da Paraíba, mudou-se para o Recife aos quatro anos de idade e antes de entrar na clandestinidade estudava Geologia na UFPE. Militante do PCBR (Partido Comunista Revolucionário Brasileiro) quando foi preso em 1971 por oficiais do exército, dentro de um ônibus interestadual no Rio Grande do Norte, depois foi levado ao quartel do Exército no RN e, no dia seguinte, enviado com outros companheiros (a esposa, Rosa Maria Barros; Maria Yvone Loureiro - mulher do estudante Odijas Carvalho- e Claudio Gurgel )para o DOPS/ Recife. 



Segundo Carlos Alberto, ele foi barbaramente torturado por jovens oficiais sob as ordens do Cel. Carlos Alberto Bravo Câmara. Cumpriu pena na Casa de Detenção do Recife e na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá. Conseguiu transferência para prisão em SP. Carlos Alberto foi o último preso político solto, em dez/79, após a anistia, mas mesmo assim em regime de liberdade condicional.



O jornalista José Emilson Ribeiro da Silva era membro da Aliança Libertadora Nacional (ALN) e foi preso no Recife pelo delegado Fleury em agosto de 73 e Passou seis anos e oito meses cumprindo pena no presídio de Itamaracá. Foi retirado da penitenciária,  com mais alguns presos políticos, e encaminhado ao Quartel da Aeronáutica, em Recife. Lá, era realizada uma preleção para jovens oficiais em comemoração ao 31 de março.Os presos políticos eram colocados numa sala onde serviam de cobaias para administração de aula de tortura. 



Emilson conta que sofreu torturas físicas e também chegou a ser empalado (método de  tortura e execução  que consistia na inserção de uma estaca no ânus, vagina ou umbigo até a morte, além de outras formas brutais de agressões físicas). Atualmente, ele é pesquisador da cultura popular, participa de movimentos sociais e preside o Comitê de Verdade Memória e Justiça da Paraíba.



José Calistrato era militante ALN quando foi preso com a queda de um aparelho em Olinda em janeiro de 1972. Na ocasião, foram mortos durante o tiroteio João Mendes Araújo (que integra a lista preliminar com nomes de mortos e desaparecidos políticos e que são alvo de investigações da CEMVDHC). Calistrato foi detido por policiais do DOI -CODI e encaminhado, inicialmente, para o Quartel da PE. De acordo com Calistrato, os policiais receberam a ordem do comandante para levá-lo de volta ao aparelho e matá-lo, já que o outro também tinha morrido em tiroteio. Em vez de acatar essa ordem, os policiais seguiram para o DOI- CODI onde conta que foi bastante torturado. 



Condenado pela Auditoria da 7ª RM a 86 anos de prisão foi conduzido à Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá. Permaneceu preso por oito anos e conseguiu a liberdade depois da Anistia. Hoje é funcionário público aposentado e um dos dirigentes do Comitê da Verdade Memória e Justiça da Paraíba.



 

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