A importância das redes sociais nas manifestações

Pesquisa revela que mais de 90% dos recifenses avaliam como importante a participação da internet nos protestos

sex, 28/06/2013 - 00:01

Milhares de pessoas saíram às ruas com cartazes, faixas, camisas para protestar contra problemas sociais e políticos. Todos esses elementos fizeram e fazem parte dos manifestações realizadas há mais de uma semana em dezenas de cidades brasileiras por milhares de manifestantes. Nas reivindicações realizadas em todas as partes do país há pautas em comum: melhoria na educação, transporte saúde entre todas outras áreas da sociedade. Mas, além das solicitações outro fator une e convoca as pessoas que clamam por qualidade de vida: As redes sociais.

Para conhecer melhor o ‘boom’ da internet através das redes sociais e sua influência na onda de protestos em todo o país, o Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) saiu às ruas recifenses e entrevistou 624 pessoas com 16 anos ou mais, entre os dias 10 e 11 de junho.

Nos dados apurados, 91,4% dos participantes afirmaram que as redes sociais são importantes para a manifestação popular. Nesse mesmo quesito 4,1% responderam não e 4,5% não souberam ou não responderam. Os resultados mostram não apenas a aderência de uma nova ferramenta, mas o quanto a sociedade evoluiu e usa as novas tecnologias para debater, cobrar e até influenciar em resultados como possivelmente ocorreu na rejeição da PEC 37 no Congresso, nessa semana.

O assunto também foi debatido recentemente na Câmara de Vereadores do Recife. Parlamentares subiram à Tribuna da Casa José Mariano e reconheceram a força do povo que mostraram a cara e saíram literalmente do Facebook e foram às ruas. “O primeiro Tsunami é as redes sociais. Quando essa meninada socializa isso, estamos no declínio. Na internet Barack Obama é igual a qualquer um de nós. A internet é essa possibilidade horizontal onde as pessoas podem se encontrar ignorando os espaços e os tempos. A visão é que nós representamos a nós mesmos, porque a saúde e a educação não mudam. Isso veio para ficar na política do Brasil e do mundo e não vai parar. A internet é de fato importante para derrubar governos”, avaliou o líder da oposição na Casa Municipal, Raul Jungmann (MD).

Segundo a cientista política, Priscila Lapa, todas manifestações organizadas a partir da internet motivou um resgate da política. “A mudança no comportamento das pessoas levou uma mudança na política. Promoveram um resgate da esfera pública e as pessoas se motivaram a sair do mundo virtual e tomou uma proporção maior, um resgate da esfera pública através das redes sociais”, analisa.

Apesar da participação de populares via redes sociais e principalmente na mobilização e organização das manifestações, a maioria das pessoas disseram que não acompanham a política nas redes. Nesse questionamento, 71,9%, dos participantes falaram não e apenas 20,1% disseram que acompanham. 

Segundo Lapa, não é comum que as pessoas de um modo geral se interessem verdadeiramente pela política. “A política não é acompanhada em nada, seja nas redes ou nos meios tradicionais. Mas de alguma forma, a partir de agora as pessoas vão acompanhar e utilizar isso nas redes. A maioria das pessoas não se interessa pelo descrédito que há na política, de que não vai mudar e não tem jeito. Mas ficou uma sinalização que as pessoas precisam saber mais e lutar pelos seus direitos”, avaliou.

Outros aspectos – A amostra também questionou os recifenses se concordavam com algumas exigências como: “Sejam criadas leis para punir qualquer difamação nas redes sociais” – nessa indagação 94,3% reponderam sim e apenas 5,7%, não. No Brasil, entrou em vigor desde abril de 2013 a Lei nº 2.737 de 2012 de autoria do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), conhecida popularmente como "Lei Carolina Dieckmann”. Com a norma, o Código Penal passa a contar com artigos que tipificam os chamados crimes cibernéticos e estabelece penas para quem cometer esses atos.

Outras perguntas dirigidas aos entrevistados foram sobre o acesso das crianças em sites. Para esse questionamento houve uma aceitação de 90,5% e apenas 9,5% de discordância. Também foi indagado se o uso exagerado das redes geram problemas familiares, educacionais e profissionais. Do total dos entrevistados, 78,6% disseram sim e 21,4% não. Outra questão abordou se as pessoas concordavam ou não que o governo controle o conteúdo postado nas redes sociais. Nesta questão, 59,4% das pessoas responderam sim e 40,6% não.

 

 

 

 

 

 

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