Políticos apoiam MKT Multinível e IPMN expõe endividamento
Apesar das pessoas garantirem investir caso as empresas voltem a funcionar, 57,2% dos entrevistados avaliam as instituições como pirâmides financeiras
Um dos assuntos que movimenta as páginas dos cadernos de economia dos jornais brasileiros dos últimos meses é o chamado Marketing Multinível (MM). Novas empresas e investidores surgiram no mercado e chamaram atenção também da justiça, para saber se a prática é legal ou não. Além da justiça e do mundo econômico, o assunto tem o envolvimento político com a defesa de alguns parlamentares pelo desbloqueio das instituições participantes deste processo como TelexFree, BBOM, Priples e outras. Na capital pernambucana, uma pesquisa revelou que a maioria dos recifenses acreditam que essas empresas sejam pirâmides financeiras e que provocam o endividamento das pessoas.
Entre os dias 2 e 3 de setembro o Instituto Maurício de Nassau (IPMN) entrevistou 623 pessoas do Recife com 16 anos ou mais, sobre Marketing Multinível. Apesar do clamor de parte da sociedade com protestos em redes sociais e nas ruas, e ainda, com mais de 60% dos participantes garantir investir nas empresas caso voltem a funcionar, muitas pessoas afirmaram que a prática tem como consequência prejuízo, problemas na justiça, entre outras coisas.
Na política, o assunto também tem suas repercussões. Alguns deputados federais como Sílvio Costa (PTB-PE), Lourival Mendes (PTdoB-MA) e Silas Câmara (PSD-AM) que inclusive criou o Projeto de Lei de n° 6170/2013 para regulamentar as atividades de operador de Marketing Multinível no Brasil, defendem a causa. O parlamentar estadual do Acre, Moisés Diniz (PCdoB) também é favorável à existência da iniciativa. “Eu fiz uma audiência pública na Câmara Federal sobre a TelexFree e a BBOM e agora fiz um requerimento a Aneel (Agência Reguladora de Energia Elétrica) solicitando uma nota técnica para verificar se a TelexFree é uma empresa que vende sistemas de telefonia voip”, confirmou Silvio Costa.
O parlamentar pernambucano demonstrou ser favorável ao desbloqueio, mas não descartou a investigação das empresas. Sem timidez, ele disse que a BBOM é uma pirâmide financeira e prometeu adicionar emendas ao Projeto de Lei de n° 2.126/2011 – que cria o marco regulatório da Internet. “Quando eu for votar (marco regulatório) vou apresentar várias emendas e estou buscando sugestões”, disse, prometendo ainda acrescentar regularizar o Marketing Multinível e sugerir discussões sobre provedores de conexões e de conteúdos.
Diferente do apoio do político, a mostra exibiu alguns números negativos. Do total de entrevistados, 57,2% acreditam que as empresas de MM são pirâmides financeiras e apenas 17,8% são contrários a isso. Os resultados mostram também a aceitação das pessoas em relação à decisão judicial para bloquear as atividades. Neste aspecto, 55%, 54%, 54% e 50% das pessoas responderam sim para as empresas Priples, BBOM, Multiclik e Telex Free, respectivamente. “Toda pirâmide é uma ilha de ilusão quem entra primeiro se dá bem, quem entra por fim se dá mal”, concordou neste aspecto, Sílvio Costa. Já nos Estados Unidos da América (EUA) a empresa TelexFree, por exemplo, permanece funcionamento sem problemas e até agora não há constatações de envolvimento político.
Outros números apontados pelos participantes da apuração do IPMN são as consequências deste meio de trabalho. O endividamento ficou em primeiro lugar. Neste quesito 68% das pessoas responderam sim e apenas 19% não. Não souberam ou não responderam alcançaram 14%. Outros problemas expostos foram: prejuízo (67%), problemas na justiça (58%), problemas familiares (56%), problemas com conhecidos (55%), etc.
Em meio às posições desfavoráveis, a pesquisa apontou ainda que mais de 21% das pessoas investiram R$ 2 mil ou mais e se caso a justiça desbloquear a atividade, 61,5% das pessoas disseram continuar investindo, 28,2% não irão mais aplicar valores nestas empresas e apenas 10,3% não souberam ou não responderam. Estes dados andam em comum com a opinião de alguns deputados em relação ao Marketing Multinível.
Para o parlamentar Lourival Mendes é preciso aprofundar melhor o processo de discussão. “A principio nós defendemos os investidores porque entendemos que eles não podem ficar prejudicados. Eu acho que Brasil de qualquer forma contribuiu para que esta situação chegasse onde chegou e nós estamos em defesa do povo que acreditou e que investiu neste sonho. Como membros do Congresso Nacional estamos fazendo nossa parte e vamos ouvir todos os segmentos para depois chegar aos favoráveis e aos negativos para ser possível implantar este mercado multinível no Brasil”, pontuou o parlamentar anunciando realizar nos próximos dias uma audiência na Câmara Federal para tratar do assunto.
Outros deputados como Perpétua Almeida (PC do B-AC) e Acelino Popó (PRB-BA) prometeram criar desde o dia 21 de agosto uma frente parlamentar para acompanhar o caso. O grupo também deverá ser responsável pelo marco regulatório.