Tucano quer ampliar discussão sobre impeachment de Dilma

Líder da minoria na Câmara dos Deputados, Bruno Araújo (PE) anunciou que defenderá, em debate interno no partido, a formalização do pedido de impeachment da presidente

seg, 13/04/2015 - 13:33
Gustavo Lima/Câmara dos Deputados Araújo sustenta que há elementos suficientes para a abertura do processo Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

Um dia depois da segunda mobilização popular nacional contra o governo de Dilma Rousseff, o líder da minoria na Câmara dos Deputados e presidente do PSDB de Pernambuco, Bruno Araújo, anunciou que defenderá, em debate interno no partido, a formalização do pedido de impeachment da presidente.

"A minha posição é a de que chegamos ao limite de uma insatisfação clara e expressiva que deve ser construída, de forma legítima e dentro das regras constitucionais, em forma de um pedido de impeachment da presidente Dilma”, disse o tucano, que pretende apresentar a proposta ao presidente nacional da legenda, o senador Aécio Neves (MG). Em março, após uma reunião da Executiva Nacional, Aécio apoiou as manifestações populares, mas frisou que o impedimento da presidente não estava na agenda do PSDB naquele momento. A ideia é que o partido reveja a questão.

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Para Araújo, já existem fatos suficientes para justificar a abertura do processo, como os depoimentos de delatores da Operação Lava Jato, que confirmam a entrega de dinheiro desviado da Petrobras para o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e usado em campanhas oficiais. Ele também citou o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), divulgado na semana passada, que mostrou que o governo federal não repassou recursos para a Caixa Econômica para cumprimento de responsabilidade sociais.

"Há diversos elementos. Por isso não vejo, do ponto de vista político, como não haver com brevidade um processo de impeachment da presidente da República, substanciado, construído com responsabilidade, assinado por juristas que dão qualidade a essa representação e que de forma democrática o Congresso processe", frisou.

Desde o resultado das eleições de outubro de 2014 que o debate sobre impeachment ganhou corpo, gerando até bate-boca no Congresso Nacional e dividindo opiniões entre juristas.

Em março, o então ministro da Secretaria de Relações Institucionais (hoje extinta), Pepe Vargas, disse que levantar a bandeira do impeachment "cheira a golpe". "A tentativa de questionar é golpe à democracia. Não podemos aceitar isso. Há uma presidente no exercício do seu cargo ungida pelas urnas. E falar em impeachment é desrespeitar a vontade majoritária da população brasileira que foi às urnas, é algo que cheira a golpe e isso é inadmissível", ressaltou. A presidente Dilma também se manifestou contra essa discussão, dizendo ser "uma ruptura do processo democrático, ao não aceitar o resultado das urnas".

Outros tucanos também se manifestaram contra o impeachment, inclusive o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Um dos principais críticos da gestão de Dilma, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse não "ver espaço" para a discussão e que não levaria adiante os pedidos que fossem feitos à Casa. "Não vejo espaço para isso pedido de impeachment da presidente. Não concordo com esse tipo de discussão e não terá meu apoiamento", salientou.Bruno Araújo acredita que, mesmo assim, o debate precisa ser ampliado. " Não venha o PT falar em golpe porque eu li na tribuna da Câmara um pedido de impeachment assinado por José Genoino (ex-presidente do PT) contra Fernando Henrique Cardoso. Todos sabem onde está José Genoino e onde está FHC. O PSDB tem de evoluir pra isso, essa será minha defesa dentro do partido”, finalizou.

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