Ex-presidente americano inicia tratamento contra câncer

Segundo Jimmy Carter, os médicos encontraram quatro pontos de melanoma no seu cérebro

qui, 20/08/2015 - 16:33
Amro Maraghi (Arquivo) O ex-presidente americano Jimmy Carter Amro Maraghi

O ex-presidente americano Jimmy Carter anunciou que começará um tratamento de radiação nesta quinta-feira, depois que foram detectados tumores cancerígenos em seu cérebro. "Fizeram uma ressonância magnética e encontraram quatro pontos de melanoma em meu cérebro", afirmou o ex-presidente e Prêmio Nobel da Paz de 90 anos à imprensa. "Receberei meu primeiro tratamento de radiação esta tarde", disse Carter.

O ex-presidente, que esteve à frente da Casa Branca de 1977 a 1981, indicou que é provável que os médicos detectem a presença de câncer em outras partes de seu corpo, além do cérebro. "Eu estou muito bem. Não tenho dor ou fraqueza", afirmou ainda.

Segundo ele, ao receber o diagnóstico, achou que sua vida havia chegado ao fim, mas acabou descobrindo que se sentia tranquilo. "Tive uma vida maravilhosa. Tenho milhares de amigos e tive uma vida apaixonante, arriscada e gratificante", afirmou.

Carter anunciou na semana passada que tinha câncer ao informar sobre a descoberta de uma pequena massa no fígado. Na ocasião, declarou que uma cirurgia recente para remover uma pequena massa no fígado "revelou que tenho câncer (e) que agora está em outras partes do meu corpo", disse, acrescentando que posteriormente informaria mais detalhes de sua condição de saúde.

Suas duas irmãs, seu irmão e seu pai morreram de câncer no pâncreas. Desde que deixou a Presidência, Carter se manteve ativo, criando em 1982 o Centro Carter, uma Organização não-governamental de defesa dos direitos humanos, e dirigindo várias missões de observação eleitoral. No final de abril e no começo de maio, por exemplo, viajou a Moscou e em seguida aos territórios palestinos e a Israel.

Por motivos de saúde, em meados de maio deste ano voltou antes do previsto da Guiana, onde estava para observar as eleições gerais. O democrata Jimmy Carter, 39º presidente americano, sucedeu ao republicano Gerald Ford e perdeu as eleições presidenciais em 1980 para outro republicano, Ronald Reagan.

Sua Presidência é conhecida, sobretudo, pela crise dos reféns no Irã, em 1979, durante a qual 52 americanos foram retidos por 444 dias na embaixada dos Estados Unidos em Teerã. Seu fracasso em assegurar a libertação dos reféns contribuiu para sua derrota ante Reagan, quando se candidatou à reeleição.

Sua reputação é melhor hoje do que quando estava no poder. Os acordos de Camp David, assinados em 1978 entre o Egito e Israel, sob a mediação de Carter, são reconhecidos atualmente como uma grande vitória diplomática.

Durante seu governo, os Estados Unidos prometeram a entrega a mãos panamenhas do Canal do Panamá, o que finalmente ocorreu em 1999.

Ganhador do prêmio Nobel da Paz em 2002 por seus esforços a favor da justiça econômica e social, também praticou uma aproximação com o regime de Fidel Castro, em Cuba, ao acordar, em 1977, a reabertura das sedes diplomáticas na forma de Seção de Interesses.

Carter está entre os quatro ex-presidentes americanos ainda vivos, ao lado de George Bush pai, George W. Bush (filho) e Bill Clinton.

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