Deputados condenam silêncio de Vaccari Neto em CPI
O Supremo Tribunal Federal concedeu um habeas corpus permitindo que o ex-tesoureiro do PT não respondesse ao interrogatório
A segunda tentativa, desta quarta-feira (3), de fazer com que o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, responda os questionamentos dos deputados que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão está sendo frustrada. Isto porque o petista optou por fazer silêncio e não responder as perguntas dos parlamentares.
Nessa terça (2), o Supremo Tribunal Federal concedeu um habeas corpus permitindo que Vaccari Neto não respondesse ao interrogatório.
A postura do petista foi duramente criticada pelos parlamentares. Sob a ótica do sub-relator de investimentos da CPI, Marcus Pestana (PSDB-MG), o silêncio do depoente é desrespeitoso e revela a cumplicidade do ex-tesoureiro com o esquema de corrupção denunciado pela operação Lava Jato.
“É um silêncio eloquente e revela falência de padrões éticos”, disse. Entre outras perguntas, ele questionou o papel do depoente no agendamento de reuniões entre empreiteiras e dirigentes de fundos de pensão e o papel do ex-tesoureiro na indicação desses dirigentes.
O deputado Rocha (PSDB-AC) também lamentou que Vaccari não tenha se mostrado disposto a colaborar com os trabalhos da CPI. Já o deputado Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ) disse que o silêncio “é muito parecido com o de verdadeiros bandidos”.
Vaccari foi convocado para depor na CPI dos Fundos de Pensão porque, segundo presidente da CPI, deputado Efraim Filho (DEM-PB), “há graves indícios de que exerceu tráfico de influência junto aos fundos de pensão para desviar recursos e atender a interesses políticos partidários”. O parlamentar disse ainda que o silêncio do depoente “poderá gerar presunção de culpa aos membros da comissão”.
O relator da CPI, deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), apontou que Vaccari foi citado por delatores da Operação Lava Jato, como o lobista Milton Pascowitch, como um dos recebedores de pagamentos por parte da empreiteira Engevix, que teria pago propina para celebrar contratos com a Petrobras.
Souza acrescentou ainda que houve investimentos da Funcef (fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal) na Engevix. Entre outras questões, o relator questionou o ex-tesoureiro do PT se ele recebeu propina e se houve ingerência política juntos aos dirigentes da Funcef para que investimentos fossem aprovados.
*Com a Agência Câmara