Não tenho um apreço egoísta pelo meu mandato, crava Dilma

Declaração foi em resposta a senadora Ana Amélia (PP-RS) que ao indagar Dilma Rousseff disse que a presença dela no Senado legitima o rito do impeachment e derruba a tese de golpe

por Giselly Santos seg, 29/08/2016 - 11:59
Lula Marques/ AGPT Dilma disse estar preocupada com a democracia do País Lula Marques/ AGPT

Ao responder os primeiros questionamentos no Senado Federal, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) afirmou, nesta segunda-feira (29), que não tem um “apreço egoísta” pelo mandato e ressaltou, mais uma vez, que se não houver provas de crime de responsabilidade o impeachment “é golpe sim”. As declarações da petista foram em resposta a senadora Ana Amélia (PP-RS) que pontuou a presença de Dilma no Senado como um reconhecimento da legitimidade do processo de impeachment. 

“Sua presença aqui legitima o julgamento e derruba a narrativa em fazer referência a golpe. O verdadeiro golpe foi a milhões de brasileiros que ficaram desempregados ou sem o Fies e o Prouni”, salientou a progressista. “Não estamos julgando a sua biografia, seu passado, que eu respeito, mas as ações do seu governo. Que tem direta ou indiretamente suas digitais. O crime de responsabilidade detalhado não deixa margem a duvida”, acrescentou a senadora, dizendo que a responsabilidade sobre a política econômica da gestão era a presidente.

Em contrapartida, Dilma disse que a responsabilidade dela com a economia do país foi concedida pelos 54 milhões de votos que recebeu. “Compareço ao Senado porque é um espaço democrático que tem que ser preservado e só tem uma forma, de se defender quando se trata de golpe parlamentar: abrir o diálogo, acreditar na discussão e sistematicamente lutar neste espaço político”, cravou, retomando o exemplo de que a democracia seria uma árvore e o país estava diante de um golpe de estado parlamentar e não militar, como em 1964. 

A presidente também pontuou não questionar o rito, mas a justeza do impeachment. “Não basta um rito correto, mas um conteúdo justo. Aqueles que não gostam que o nome seja golpe querem encobrir um fato. O que se esta fazendo é encobrindo uma tentativa de tirar um governo que chegou pelas urnas por um governo que não teve voto e está implantando um programa que não foi eleito. Este processo se constitui em uma eleição indireta, saibam que não tenho um apreço egoísta pelo meu mandato”, argumentou, deixando claro que seu maior desejo é que “a democracia saia ilesa deste processo”.

Antes de Ana Amélia, a primeira senadora a interpelar a presidente foi a ex-ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB). Apesar de peemdebista, a parlamentar é aliada da petista e durante os cinco minutos de fala não formulou diretamente perguntas, mas apresentou um balanço do que executou durante a gestão de Dilma na pasta de Agricultura. 

“A senhora é a presidente que mais atenção deu ao agronegócio brasileiro, uma atenção que se traduziu em muitas ações. O Plano Safra antes do seu governo era elaborado pelo ministério da Fazenda e o da Agricultura era um simples coadjuvante. A senhora elevou o ministério da Agricultura para o primeiro escalão do ministério, agindo diretamente no Plano Safra... Hoje chamam as subvenções cinicamente de pedaladas. O Plano Safra e suas subvenções foram criados pelo presidente [Fernando] Collor e só agora virou crime?”, indagou ironizando. Sem perguntas diretas, a ex-ministra pediu para que Dilma discorresse sobre a possibilidade de ser vítima de uma “injustiça”.

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