Polícia conclui que Paulo Cesar Morato cometeu suicídio

Empresário investigado em esquema de lavagem de dinheiro foi encontrado morto em 22 de junho

por Nathália Guimarães ter, 30/08/2016 - 15:38
Reprodução/Google Maps Paulo Morato foi encontrado morto em um dos quartos do Motel Tititi, em Olinda Reprodução/Google Maps

Após mais de dois meses de investigação, a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) apresentou a conclusão do caso da morte do empresário Paulo César de Barros Morato na tarde desta terça-feira (30), em coletiva de imprensa. Alvo da Operação Turbulência, da Polícia Federal (PF), Paulo Morato foi encontrado sem vida no dia 22 de junho, no Motel Tititi, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR). A delegada Gleide Ângelo, responsável pela investigação, confirmou que o auto-envenenamento por chumbinho foi causa da morte, descartando a possibilidade de assassinato. 

Segundo as investigações, Paulo Morato deu entrada no Motel Tititi no dia 21 de julho às 12h47. O tempo de hospedagem era de 12 horas. No dia 22, funcionários do estabelecimento tentaram contatá-lo, sem sucesso, para renovar a estadia. Desconfiada com o silêncio de Morato, uma gerente do local abriu a porta da suíte de número 2, relatou ter sentido um mau cheiro, e logo enxergou o corpo - já sem vida.

Segundo Gleide Ângelo, a advogada do empresário confirmou em depoimento que ele já havia tentado suicídio em março de 2015. Em atendimento psiquiátrico no Hospital Ulysses Pernambucano, Morato alegou que estava com problemas financeiros e não conseguiria viver desta forma. Mais tarde, ao saber que estava sendo investigado pela PF, Paulo tentou contra a própria vida novamente, em 22 de junho. "A motivação foi o desespero de ter um mandado de prisão contra ele. Não há sequer um indício de crime", explicou Gleide.

Após o início da Operação Turbulência, Morato chegou a ser considerado foragido e seu nome seria incluído na lista de procurados da Interpol. Um dia depois, foi encontrado morto. Ele é apontado como o responsável pela empresa fantasma Câmara & Vasconcelos Locação e Terraplanagem Ltda, que teria aportado recursos de aproximadamente R$ 19 milhões para a compra da aeronave usada na campanha presidencial do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB).

A Operação Turbulência foi deflagrada pela PF no dia 21 de junho para desarticular uma organização complexa de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 600 milhões desde 2010. O ponto de partida da investigação foi a compra do avião Cessna Citation PR-AFA, usado por Eduardo Campos. Ele e mais seis pessoas morreram na queda da aerovane, em agosto de 2014, em Santos, São Paulo.

Perícia

Foram realizadas 17 perícias por 14 profissionais da área em Pernambuco, de acordo com a perita do caso, Vanja Coelho. Foi realizado o chamado laudo tronco no local e foram analisados pen drives e celulares – solicitados, após a conclusão do caso, pela Polícia Federal -, uma garrafa de água já aberta, três frascos da substância utilizada para o envenenamento, o corpo e as câmeras de vigilância. 

A garrafa de água possuía 47ml de uma substância que faz parte da química completa do chumbinho, pesticida de venda proibida utilizado para a morte. Além disso, “a perícia toxicológica detectou no conteúdo gástrico grânulos da substância”, detalha a perita. 

Também foi encontrado registro de fezes e sangue no lençol e travesseiro, provocados pelo efeito do chumbinho. “Quando reviramos o corpo, identificamos também desprendimento de derme, o que caracteriza que ele havia morrido em não menos de 24 horas”. 

Nas câmeras não houve registro de entradas de mais nenhuma pessoa as suíte de número dois; o quarto não estava desarrumado e também não havia sinais de violência no corpo, descartando a possibilidade de que ele tenha sido assassinado. 

Foi solicitada a quebra do sigilo telefônico e foram constatadas ligações apenas dos familiares e amigos, inclusive, telefonemas com indícios de despedida. Morato também entrou em contato com o amigo – que passou a morar após o fim do seu casamento de 27 anos – para que pegasse roupas para ele, colocasse em uma mala e o entregasse, sob a justificativa que iria “fugir”. O empresário possuía doenças como diabetes, obesidade mórbida, problema cardíaco, esteatose, enfisema pulmonar e outros males. 

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