Efetivado presidente, Temer pretende 'reorganizar' o país

Viagens internacionais e pelo Brasil, a revisão dos programas sociais e o envio da reforma da previdência para o Congresso Nacional são algumas das ações previstas para os próximos meses

por Giselly Santos qua, 31/08/2016 - 13:50
MARCELO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL Temer é o 3º peemedebista a ser presidente sem disputar o cargo nas urnas MARCELO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL

Oficializado nesta quarta-feira (31) como presidente do Brasil, Michel Temer (PMDB) pretende iniciar uma série de mudanças efetivas pelo país. A reorganização dos programas federais (entre eles os de cunho social), a articulação para que a reforma agrária e da previdência sejam aprovadas pelo Congresso Nacional e viagens internacionais fazem parte dos planos do peemedebista para os próximos meses.

O primeiro destino do peemedebista será a China, para onde viaja já nesta quinta-feira (1º), com destino à reunião da Cúpula de Líderes do G-20. Com a retirada do interino da nomenclatura atribuída a ele, Temer pretende sinalizar ao país asiático que a economia do país está retomando as atividades e será um “lugar seguro para investimentos”.

Além da China, outros países estão na lista do novo presidente como os Estados Unidos, a Índia, o Japão, a Colômbia, a Argentina e o Paraguai. Nestes dois ele deve enfrentar a resistência de setores contrários ao processo que destituiu o mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Outro foco na agenda do peemedebista é a reorganização dos programas federais, principalmente os de políticas sociais. Vitrine dos governos petistas, o Bolsa Família é um dos que devem ter a estrutura alterada. De acordo com declarações recentes do ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, a ideia de Temer é lançar um “plano de inclusão produtiva” ao programa, estimulando que os beneficiários busquem trabalhos de carteira assinada e ampliem a renda da família. Hoje o Bolsa atende cerca de 14 milhões de famílias e recebeu um reajuste de 12,5% no repasse do Planalto.

Michel Temer também pretende concluir as propostas das reformas agrária e previdenciária e enviá-las para a análise do Congresso. Neste quesito, o peemedebista tem ouvido centrais sindicais favoráveis ao impeachment e retirado movimentos sociais e entidades, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), da mesa de articulações. O que tem gerado desconfortos e protestos.

Na tarde desta quarta, Temer se reúne com a equipe ministerial para afinar os pontos inicial da gestão, acelera os trâmites de posse e grava o primeiro pronunciamento oficial à nação. A intenção, de acordo com informações de bastidores, é “tranquilizar” o país e fazer um aceno ao mercado financeiro sobre a pretensão de “colocar o país nos trilhos”.

Os últimos 109 dias

Nos três meses e dezenove dias em que esteve à frente da administração do Brasil interinamente - período que Dilma foi afastada do cargo pelo Senado - Temer conseguiu aprovar a nova meta fiscal para 2016 prevendo déficit de R$ 170,5 bilhões.  Além disso, ele também conquistou a aprovação da proposta que estabelece a prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 2023, ampliando de 20% para 30% o percentual pode ser remanejado da receita de todos os impostos e contribuições sociais federais para o gasto do governo. 

Entre as propostas que deve entrar na pauta de votação nos próximos dias, está outra intervenção do governo Temer. O estabelecimento de um teto para o gasto pública nos próximos 20 anos. A medida é criticada por setores da base e da oposição. 

Para a oposição, a PEC prevê um congelamento do Estado, já que não permite ganho real, e deve prejudicar investimentos em saúde e educação. “É impedir que, por 20 anos, mais crianças e jovens tenham acesso às escolas; que, por 20 anos, as pessoas possam ter melhor atendimento à saúde; que, por 20 anos, as famílias possam sonhar com casa própria”, criticou a ex-presidente durante o interrogatório no Senado na última segunda (29). 

Os argumentos, entretanto, são rebatidos pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia. "O cenário depende também do comportamento da economia. Hoje está vinculado à receita. Em uma situação de crise aonde a receita vem caindo ano após ano, isso não dá proteção para Saúde e Educação. Se você está ganhando ou perdendo, depende muito do cenário", afirmou.

O 3º peemedebista a ser presidente sem disputar o cargo nas urnas

Aos 75 anos, Michel Temer é o terceiro peemedebista a comandar o país sem ser cabeça de chapa na disputa eleitoral. O PMDB, considerado um dos três maiores partidos do país, não lança candidato a presidente desde 1994, quando Orestes Quércia recebeu apenas 1,24% dos votos, ficando em sexto lugar. Daquele ano até hoje a legenda se concentra em eleger o maior número de parlamentares para o Congresso Nacional, o que tem conseguido com sucesso.

Doutor em direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, Michel Temer iniciou a carreira pública em 1983 quando foi nomeado procurador-geral do Estado de São Paulo. No ano seguinte, assumiu a Secretária de Segurança Pública da mesma entidade federativa e logo depois, em 1989, foi eleito deputado federal, onde cumpriu seis mandatos consecutivos. Na Câmara dos Deputados, Temer foi eleito para comandar a Casa nos anos de 1997, 1999 e 2009.

COMENTÁRIOS dos leitores