Em Olinda, PCdoB perde após 16 anos de gestão

A candidata à Prefeitura de Olinda Luciana Santos destacou como uma das justificativas para a derrota na urna, a conjuntura que o país vive com o "ataque à esquerda"

por Taciana Carvalho seg, 03/10/2016 - 17:02

Uma derrota inesperada por muitos tirou o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) do executivo do município de Olinda, localizado na Região Metropolitana do Recife (RMR), após 16 anos de gestão na cidade. Uma das expectativas era a ida da candidata Luciana Santos ao segundo turno. No entanto, o governo municipal será decidido, no segundo turno, entre o socialista Antônio Campos e o Professor Lupércio (SD). Cada um teve, respectivamente, 55.995 (28,17%) e 46.476 votos (23,38%). 

O terceiro lugar foi de Isabel Urquiza (PSDB), com 18,40% com 36.584 votos. Luciana ficou com a quarta colocação com 16,57% com 32.929 votos à candidatura da chapa Olinda Frente Popular. A comunista governou o município, entre 2001 e 2008 e, em sequencia, comandou a cidade o  atual prefeito Renildo Calheiros (PCdoB)

Apesar de pouco considerado para chegar à prefeitura municipal, o Professor Lupércio é deputado estadual e, em 2012, foi o vereador mais votado na cidade na eleição. Já Antônio Campos, advogado, é neto de Miguel Arraes e irmão do ex-governador Eduardo Campos. Ambos são estreantes em disputas majoritárias. 

Ataque à esquerda

Após o mau êxito, a comunista se manifestou afirmando que o Brasil vive uma conjuntura de muito ataque à esquerda, ao direito do cidadão e à democracia e que isso refletiu na primeira disputa eleitoral após o que chama de “golpe”. 

Luciana afirmou que travou um bom combate e afirmou que o PCdoB deixou um legado positivo em Olinda. “Ninguém é vitorioso por 16 anos na administração pública sem ter feito ações que melhoraram, de fato, a vida das pessoas da cidade. O compromisso com Olinda permanece e vamos definir a melhor forma de fazer isso. Vamos continuar denunciando os abusos do poder econômico, os ataques à democracia e defender o legado que construímos na cidade”, disse.

Fragilidade do PCdoB

O PCdoB também chegou na disputa de 2016 mais fragilizado. Na última eleição, em 2012, o Partido fazia parte de uma coligação que reunia 16 partidos incluindo siglas tradicionais como o PSB, PT, PV e PSDB, que, neste ano, tiveram candidaturas próprias.

A alavancada de Campos

Antônio Accioly Campos, além de advogado, é escritor, poeta e empresário dedicou sua vitória para o avô Miguel Arraes, ao irmão e a sua mãe. “Quero agradecer a Deus que me deu força nessa luta, a Ana Lucia Arraes, minha mãe. Uma mulher que sempre me inspirou e quero fazer uma homenagem a Miguel Arraes em seu centenário. Meu avô, essa vitória é para o senhor. Ao meu irmão que foi um grande guerreiro da luta do povo pernambucano. Ganhei uma eleição limpa, sem comprar votos”, disse, após a apuração dos votos, no Largo do Amparo. O socialista já recebeu o apoio do então candidato Guga, do Partido Verde (PV). 

Oposição ao PCdoB

Após a vitória rumo ao segundo turno, o Professor Lupércio deixou claro que está aberto a alianças, porém que faz oposição à gestão do PCdoB. “Tenho maior respeito pela deputada federal, mas eu não desejo o seu apoio. Sou oposição ao PCdoB. Entretanto, não faço parte daquela oposição radical. Tenho maneira de fazer oposição, mas minha maneira é mais tranquila em relação ao radicalismo”, disse.

Vale lembrar que os dois candidatos que irão para o segundo turno protagonizaram uma polêmica. Segundo Antônio Campos, Lupércio não prestou contas parciais da campanha e teria operado com um suposto “caixa 2” para os gastos mais altos. A acusação foi acatada pela juíza da 113ª Zona do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), Eliane Ferra, que deu até cinco dias para Lupércio se defender.

Por sua vez, Lupércio declarou que tem até o dia 1º de novembro para apresentar um relatório financeiro ao TRE e afirmou que a sua campanha é “limpa e pautada na transparência”.

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